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Trabalho realizado por:

Equipe FisioWeb.

 

Introdução

Hidroterapia é conceituada como exercícios realizados na água (WHITE, 1998; SKINNER; THOMSON, 1985), exercícios aquáticos terapêuticos (BATES; HANSON, 1998) e uso terapêutico da água (THOMSON; SKINNER; PIERCY, 1994).

O uso da água para fins terapêuticos remonta a Hipócrates (460-375 a.C), que preconizava o uso da água tanto para o fim em questão, quanto para o recreacional. Os romanos também a utilizavam para tratamento, sendo que, depois desses dois povos, a água terapeuticamente usada parece ter caído no esquecimento.

Somente em 1697, na Inglaterra, é que voltou a ser utilizada para tratamentos nos seres humanos. A partir de então, surgem algumas publicações, conquanto escassas. A terapia com o uso da água se consolida a partir do início do século XX, quando recebeu atenção científica (SKINNER; THOMSON,1985).

Thomson; Skinner; Piercy (1994) além de destacar os seus benefícios para o físico, realçam também que, quando realizados em grupo, os exercícios aquáticos melhoram a convivência, proporcionam lazer e favorecem as risadas, levando os pacientes à reabilitação.

Hoje há ampla aceitação do uso terapêutico da água, factualidade evidenciada pela sua acentuada procura, principalmente por mulheres adultas, com destaque para as menopausadas.

Cordeiro (2000/01) evidencia a importância dessa terapêutica em pessoas portadoras de esclerose múltipla. Para Moreira da Silva (1998/99), pacientes parkinsonianos são também amplamente beneficiados.

Com um trabalho desenvolvido junto ao Departamento de Fisioterapia da Universidade de Potiguar (R.N.) o pesquisador detectou, entre pacientes diabéticos submetidos a hidroterapia, a melhora do controle glicêmico do perfil lipídico, bem como sensação de bem-estar psicológico (FERNANDES, 2001).

Como em qualquer atividade terapêutica, é importante a adesão das clientes à prática, para que o resultado seja efetivo.

Para Rokeach (1981), a forma como uma pessoa se comporta em diferentes situações está na dependência de dois fatores quais sejam: suas crenças e particularidades, e pelas predisposições situacionais.

Esses dois fatores propiciam ou não a adesão a determinada terapia, e como relata Giorgi (1994), adesão pode ser compreendida como a forma de o paciente se comportar, executando o máximo possível as orientações recebidas.

Frente a essas considerações e enquanto trabalhadores da área da saúde com contato com mulheres adultas que se submetem a um programa de hidroterapia, tanto em grupo como individual, surgiu o questionamento sobre qual o significado essa prática tem para as clientes, uma vez que é alta a adesão.

Com vistas ao que está sendo questionado, a Teoria Representacional de Ogden e Richards foi considerada adequada para o desenvolvimento desta pesquisa.


Objetivos

- Detectar das respostas eliciadas, os elementos da Teoria Representacional de Significado de Ogden e Richards: símbolo, referente e referência;

- Descrever qualitativamente os tópicos gerados quanto aos elementos do referencial teórico;

- Detectar qual o significado de hidroterapia em grupo e individual para as respondentes.


Referencial teórico

Para efetivar uma abordagem eficaz, foi utilizada a Teoria Representacional de Significado de Ogden e Richards (1976).

Segundo a teoria adotada, significado é a condição representacional do objeto, é a representação, pelo signo, do evento ou da condição.

Símbolo, referente e referência são os três elementos representacionais do significado.
São símbolos os arranjos de palavras, os signos lingüísticos, sinônimos, gestos, imagens e sons miméticos que comunicam alguma coisa.

Referente é o objeto, a definição cientificamente elaborada no aspecto representativo de uma coisa, à qual os sinais são referidos.

Referência é o contexto abstrato do enunciado, é o que mentalmente se processa na pessoa em relação ao evento ou objeto.


Material e Método

Este estudo foi realizado, em ambiente terapêutico sob a responsabilidade de uma fisioterapeuta, em uma academia do interior do Estado de São Paulo, abordando 33 mulheres adultas, com idade de 31 a 80 anos.

Para coletar os dados foi utilizado um questionário elaborado de forma a contemplar o nome do sujeito, a idade, o estado civil e a da atividade hidroterápica que pratica (em grupo ou individual), seguido por duas perguntas: "O que é hidroterapia para você?" e "O que significa hidroterapia para você?"

Os sujeitos receberam, antes de responderem o instrumento de coleta de dados, um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual os pesquisadores aludiam aos direitos dos sujeitos de não participação, à seguridade do anonimato, à possibilidade de interrupção das respostas em qualquer momento, sem prejuízos, e ao direito de receberem esclarecimentos e orientações sobre indagações feitas.

As respostas foram analisadas de acordo com a Análise de Prosa (ANDRÉ, 1983), que é uma forma investigacional do significado de dados qualitativamente classificados.

As unidades de significado foram classificadas após exaustiva leitura, e a posteriori, na análise, constituíram os temas e geraram os tópicos.

Urge ressaltar que por tema é compreendida a abstração em seu nível mais elevado, a idéia, e por tópico, o assunto.


Resultados e discussão

Participaram desta pesquisa, 33 mulheres adultas de um espaço terapêutico de uma academia, cujas idades variaram de 31 a 80 anos. Todas as mulheres eram portadoras de processos dolorosos nas articulações, sendo que a maioria apresentava quadro de artrite/artrose. A maioria das pacientes apresentava dor nos joelhos, na coluna vertebral, e com menor incidência na cintura escapular.

O índice de falta nas práticas programadas é extremamente baixo.
As principais características da amostra estudada encontram-se na Tabela 1.


Tabela 1: Caracterização da amostra


Há predominância de mulheres com mais de 50 anos, casadas, que fazem hidroterapia em grupo.

Analisando as falas das mulheres segundo André (1983), foram detectadas 125 unidades de significado, sendo que 33 se referiam ao símbolo, 39 ao referente e 53 à referência.

No presente trabalho optou-se por considerar como sendo símbolo, todo sinônimo de hidroterapia, e 100% das mulheres afirmaram ser uma prática que se realiza na água.

Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados os tópicos que compuseram a classificação no referente e na referência.


Tabela 2 - Distribuição dos tópicos segundo a atividade hidroterápica de acordo com o tema "referente"




Tabela 3 - Distribuição dos tópicos segundo a atividade hidroterápica de acordo com o tema "referência"


Considerando as Tabelas 2 e 3 é notável o predomínio do elemento referência sobre o referente.
Dentre o que foi classificado como referente, o tópico atividade terapêutica apareceu em 45,4% das respostas dos sujeitos que fazem hidroterapia em grupo; em 58,3% nas das mulheres que se dedicam à hidroterapia individual e em 60% nas das respondentes que se submetem às duas atividades.

No tocante à referência e aludindo aos sujeitos que fazem hidroterapia em grupo, é evidente o predomínio dos tópicos sensação de bem-estar e atividade prazerosa/agradável com 26,3%, seguidos por melhora da qualidade de vida (18,4%) e convivência agradável (13,1%).

Em relação à hidroterapia individual foram destacados os tópicos sensação de bem-estar e melhora da qualidade de vida com 30% e com menor freqüência melhora física e mental (20%) , atividade prazerosa/agradável e ótima com 10%.

Os dados do presente estudo estão de acordo com a idéia de Rokeach (1981) para quem a forma como uma pessoa se comporta está na dependência de suas crenças e particularidades e pelas predisposições eliciadas pela situação. Esses dois fatores poderão propiciar a adesão ou não a determinada terapia, como lembra Giorgi (1994).

Considerando que a adesão à prática hidroterápica é alta entre essas mulheres e que a situação de hidroterapia elicia predisposições favoráveis, como a atribuição do significado de benefício à prática, acredita-se que o sucesso, em termos de baixo absenteísmo, encontra aí a sua explicação.

Thomson; Skinner; Piercy (1994) destacam os benefícios da hidroterapia para o físico, bem como lembram que a convivência proporciona lazer e risadas, favorecendo a reabilitação dos pacientes. Isso foi encontrado como verdadeiro para a presente amostra, uma vez que uma parcela dessas mulheres consideraram a prática como atividade prazerosa/agradável e que proporciona convivência agradável.

As unidades de significado apresentadas abaixo deixam perceber como as mulheres conceituam (referente) sua prática e como elas pensam (referência) a respeito dela.


Tema - Referente

Tópico - Atividade terapêutica: "...é uma terapia que me auxilia a manter minha saúde...". (s5) ; "...uma forma de relaxamento para o meu corpo." (s9); "É uma fisioterapia..." (s2);"...só ando fazendo hidro..." (s7)

Tópico - Atividade desportiva: "...um excelente exercício físico e completo". (s1);"...assim nos mantemos bem esteticamente". (s4) ;"Atividade física que exige muita resistência física." (s31);"...é um esporte saudável e benéfica a saúde." (s28)

Tópico - Alívio da dor: "...aliviando as fortes dores fibromiálgicas..." (s28);"...consigo manter meu corpo sem dores." (s25);"...me ajudou na recuperação das dores musculares." (s23)


Tema - Referência

Tópico - Sensação de bem-estar: "...manutenção do bem-estar físico..." (s4);"...mais benefícios nos traz a saúde e bem-estar." (s8);"...ao mesmo que nos dá bem-estar..." (s11)

Tópico - Preservação da integridade física: "...uma forma mais suave para a realização de ginástica que a de solo." (s10)

Tópico - Convivência agradável: "...convívio social aliado ao fato de estarmos reunidas..." (s4);"...jogando conversa fora ou incentivos quando estamos com algum problema." (s8);"...participo com alegria e companheirismo da amizade de minhas colegas." (s25)

Tópico - Atividade prazerosa/agradável: "Prazer em estar na água". (s1); "...não é uma obrigação mas sim um prazer". (s5) "Me agrada muito." (s10);"...ao mesmo tempo que me proporciona momentos agradáveis..." (s29)

Tópico - Melhora da qualidade de vida: "...a única chance de ter uma boa qualidade de vida". (s2);"...observar que fisicamente você rejuvenesceu anos..." (s6);"...me sinto com mais disposição para enfrentar a correria do meu dia-a-dia". (s27); "...Ter uma vida mais dinâmica e saudável e com isso amenizar a minha deficiência." (s21)

Tópico - Ótima: "...por isso acho ótimo." (s16); "...é uma atividade física ótima." (s20)

Tópico - Melhora da auto-estima: "...melhora a auto-estima..." (s6)

Tópico - Melhora física e mental: "Quanto ao psíquico vai diminuindo o nosso stress do dia-a-dia..." (s6);"...melhorou minha capacidade física e psicológica..." (s32);"...equilíbrio do corpo e da mente." (s13); "...revigoramento do físico..." (s26)

Observando o conteúdo das verbalizações, pode-se constatar um certo ufanismo por parte das respondentes. Elas se sentem cuidadas, aceitas, integradas ao grupo e manifestam o desejo de não se afastarem dele, o que corrobora a colocação de Fernandes (2001) relativa ao estímulo que essa atividade propicia para manter a adesão das pacientes ao seu grupo. 


Conclusão

Foi constatado que as duas perguntas foram formuladas com adequacidade no tocante à eliciação do significado de hidroterapia para a população em estudo.

Tal fato foi corroborado pelas respostas classificadas no elemento referente, que refletiram a definição científica do tema estudado.

Dentre as particularidades de cada respondente e de acordo com as variadas formas de pensar sobre o mesmo objeto, houve concordância, embora não totalmente, em atribuir à hidroterapia, o significado de propiciadora de sensação de bem-estar e de atividade prazerosa/agradável, respostas classificadas como elemento referência.

A atividade hidroterápica foi apresentada como algo importante na vida das mulheres estudadas, por proporcionar bem-estar, melhora na qualidade de vida, alívio da dor.

Sabem elas que, atividade hidroterápica tem um fim terapêutico relacionado à integridade física e que também propicia prazer, bem-estar e desenvolve o companheirismo.

Há consenso das respondentes sobre os benefícios que a terapia proporciona, o que de certa forma explica a alta adesão ao tratamento.

Acredita-se que este estudo, cuja metodologia de alguma forma proporcionou uma avaliação da atividade hidroterápica, dê subsídios, para os profissionais nela engajados, utilizarem-na em outros grupos, sobretudo quando ocorre baixo comparecimento dos pacientes às atividades.


Referências bibliográficas

ANDRÉ, M.E.D.A. Texto, contexto e significado: algumas questões na análise de dados qualitativos. Cad. Pesqui, São Paulo, v. 45, p. 66-71, 1983.

BATES, A.; HANSON, N. Exercícios aquáticos terapêuticos. São Paulo: Manole, 1998.

CORDEIRO, V.C. Tratamento de esclerose múltipla na hidroterapia. Fisio & Terapia. Rio de Janeiro, v. 5, n. 24, p. 15-16, 2000/01.

FERNANDES, G. Atuação transformadora no diabetes. O Coffito. São Paulo, n. 13, p. 12-22. 2001.

GIORGI, D.M.A. Adesão ao tratamento: passado, presente e futuro. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (SOCESP), Simpósio Satélite, 1994.

MOREIRA da SILVA, F. Tratamento hidroterápico no paciente parkinsoniano. Fisio & Terapia. Rio de Janeiro, v. 2, n. 12, p. 8-9, 1998/99.

OGDEN,C.K.; RICHARDS, I.A. O significado de significado: um estudo da influência da linguagem sobre o pensamento e sobre a ciência do simbolismo. 8ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

ROKEACH, M. Crenças, atitudes e valores: uma teoria de organização e mudança. Rio de Janeiro, Interciência,1981.

SKINNER, A.T.; THOMSON, A.M. Duffield: Exercícios na água. São Paulo: Manole, 1985.

THOMSON, A.; SKINNER, A.; PIERCY, J. Fisioterapia de Tidy. São Paulo: ED Santos, 1994.

WHITE, M.D. Exercícios na água. São Paulo: Manole, 1998.



Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 27/07/04.
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