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Atuação da Ginástica Holística no Pós Operatório de Ombro - Relato de Caso Imprimir E-mail
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Trabalho realizado por:

Juliana Cintra Garrafa - Claudia Pinheiro - Sandra de Farias - Tatiane de Abreu e Silva - Marcia da Silva Martins - Patricia de Carvalho Lacombe.


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Instituto Patrícia Lacombe, Campinas, São Paulo, Brasil

 

Contato: marcia.martins@patricialacombe.com.br

 

Palavras-chaves: Ginástica Holística, ombro, pós-operatório, reabilitação

 

Introdução

Em junho de 2011, recebemos em nosso serviço paciente do sexo feminino de 45 anos, com 40 dias de pós-operatório de reparação de manguito rotador em ombro direito. Não fazia mais uso de tipóia, mas mantinha atitude protetora no braço operado.

A lesão do manguito rotador é comum e pode causar incapacidade para a articulação do ombro e o tratamento cirúrgico está indicado quando a abordagem terapêutica conservadora falhou. (Manaka et al, 2010 p.1660).

Diversos estudos mostram a atuação da Fisioterapia clássica na reabilitação desses casos, com tratamento durando de três a seis meses. Manaka et al (2010, p.1664) afirmam em seu estudo que a recuperação funcional após a cirurgia foi satisfatória entre 3 e 6 meses na maioria de seus pacientes, com cinesioterapia. Charousset et al (2008 p. 31) apontam ainda recuperação funcional somente depois de 12 meses de tratamento fisioterápico. Entretanto, de acordo com Godinho; Santos e Freitas (1995) as séries são frequentemente discordantes devido à seleção de pacientes, técnicas cirúrgicas empregadas e extensão da lesão, o que torna difícil a aquisição de opinião precisa.

Para o tratamento da referida paciente foi aplicado protocolo desenvolvido com o Método Ehrenfried - Ginástica Holística (GH) para abordagem pós-cirúrgica em ombro, com duração de dezesseis semanas.

O Método Ehrenfried - Ginastica Holistica propõe movimentos que levam sempre em conta as estruturas anatômicas, fisiológicas e biomecânicas; os exercícios solicitam o corpo na sua globalidade e não se restringem ao reforço muscular segmentar (Associação Brasileira de Ginástica Holística, 2012).

Entendemos a relação que os membros superiores e cintura escapular têm com o tronco e com os membros inferiores através do sistema cruzado.

O membro superior prolonga o movimento, através do sistema cruzado, para o membro inferior. Ele o faz por meio da escápula, cujos músculos são, ao mesmo tempo, do tronco e do membro superior (Piret e Béziers, 1992 p.97).

 

Objetivo

Não há achados na literatura sobre a atuação de GH na recuperação deste tipo de cirurgia. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar os efeitos do Método na recuperação funcional do pós-operatório de reparação de manguito rotador.

 

Metodologia

Trata-se de um relato de caso de um pós cirúrgico de reparação do manguito rotador em ombro direito, que iniciou tratamento fisioterápico no Instituto Patrícia Lacombe, Campinas-SP.

 

Instrumentos de medida

Foi realizada avaliação da paciente, com coleta da amplitude de movimento do ombro, realizado por meio da goniometria dessa articulação, da maneira recomendada por Joao (2011). O quadro álgico foi avaliado por meio da escala comportamental da dor (tabela 1), adaptada para o nosso serviço, que realiza uma análise da interferência do quadro álgico em atividades de vida diária (AVD) do paciente com notas que variam de 0 (sem dor) a 10 (dor máxima e interferência nas AVDs).

 

Tabela 1 – Escala Comportamental da dor

Tabela 1 – Escala Comportamental da dor

Zero Dor ausente
1 a 4 Dor presente e há períodos em é esquecida
5 a 6 Dor não é esquecida, porém não impede de exercer atividades de vida diária
7 e 8 Dor não é esquecida e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto alimentação, higiene pessoal e sono
9 Dor atrapalha inclusive na alimentação,  higiene pessoal e sono
10 Dor insuportável

 

Materiais

Foram utilizados para o estudo o goniômetro universal, materiais habituais na prática de GH (tijolinho e bastão de madeira, bolinhas de diferentes tamanhos e materiais e saquinho de bolinha de gude).

 

Procedimentos

O protocolo é dividido em duas fases distintas, de oito semanas cada. No período inicial, é priorizada a organização da cintura escapular e sua relação com a região cervicodorsal, para favorecer movimentos combinados de abdução com rotação medial e lateral. Na segunda fase, é focado o alcance da ADM completa e restabelecimento de força muscular da cintura escapular. As sessões aconteciam uma vez por semana, com duração de uma hora, acrescidas de orientação de movimentos domiciliares, variados semanalmente, para realização nos demais dias da semana.

Os instrumentos de medida foram aplicados em três momentos: no início do tratamento, no final da primeira fase e na última quando completado o protocolo.

 

Resultados e discussão

Observou-se evolução positiva dos parâmetros goniométricos em todos os movimentos avaliados, alcançada ainda na primeira fase (Gráfico 1).

Apesar da recomendação de trabalho precoce para recuperação da ADM para rotação lateral e abdução (Manaka et al, 2011 p.1662), a evolução da amplitude desses dois movimentos e da adução foi observada a partir da segunda fase do tratamento, em decorrência da estrutura do protocolo, que distingue os objetivos de acordo com a fase de recuperação. Porém, consideramos que, apesar da não recuperação total, a melhora obtida é considerada funcional para a paciente, associada ao relato de diminuição de 100% da intensidade da dor.

 

Gráfico 1 - graus de evolução na análise goniométrica de períodos pré-tratamento (inicial), pós-2 meses de tratamento (pós fase I) e pós 4 meses de tratamento (final)

 

Gráfico 2 – evolução da dor durante as fases de tratamento


Conclusão

O protocolo, associado às respectivas orientações domiciliares, desenvolvidos através do Método Ehrenfried - Ginástica Holística mostraram-se efetivos como intervenção na recuperação da paciente submetida à reparação de manguito rotador.

 

Referências

1. MANAKA T, YOICHI I, MATSUMOTO I, TAKAOKA K, NAKAMURA H. Functional Recovery Period after Arthroscopic Rotator Cuff Repair. Clin Orthop Relat Res. 2011; 469:1660-1666.

2. CHAROUSSET C, GRIMBERG J, DURANTHON LD, BELLAICHE L, PETROVER D, KALRA K. The time for functional recovery after arthroscopic rotator cuff repair: correlation with tendon healing controlled by computed tomography arthrography. Arthroscopy. 2008;24:25-33.

3. GODINHO GG, SANTOS FML, FREITAS JM. Avaliação da força muscular e da função do ombro, após a reparação do manguito rotador. Disponível em: http://www.grupodeombro.com.br/ensino/atividade-cientifica/106-avaliacao-da-forca-muscular-e-da-funcao-do-ombro-apos-reparo-do-manguito-rotador.pdf. Acessado em: 14 de dezembro de 2011.

4. JOÃO SMA. Avaliação Fisioterapêutica do Ombro. Disponível em: http://www.fm.usp.br/fofito/fisio/pessoal/isabel/biomecanicaonline/articulacoes/ombro/PDF/avalombro.pdf. Acesso em: 06 junho de 2011.

5. PIRET S, BÉZIERS, MM. A Coordenação Motora: aspecto mecânico da organização psicomotora do homem; tradução Angela Santos; revisão técnica Lúcia Campello Hahn J. São Paulo: Summus, 1992.

 

Sobre os autores:

Juliana Cintra Garrafa

Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas / Especialista em Fisioterapia Aplicada à Neurologia Adulto - Hospital de Clínicas da Unicamp / Formação Internacional em Ginástica Holística – Método Ehrenfried, reconhecido pela A.E.D.E. / Especialista em Fisioterapia Aplicada a Ortopedia Teórico – Unicamp.

Claudia Pinheiro

Graduada em Fisioterapeuta pela Universidade São Marcos. Formação internacional em Ginástica Holística - Método Ehrenfried. Fisioterapeuta e gestora no Instituto Patrícia Lacombe

Sandra de Farias

Graduada em Fisioterapeuta pela Faculdade de Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Formação internacional em Ginástica Holística - Método Ehrenfried. Especialista em Terapia da mão pela Faculdade de Ciências Médicas – MG.

Atua como fisioterapeuta e facilitadora técnica no Instituto Patrícia Lacombe há 12 anos em Campinas e ministra o modulo de anatomia e biomecânica do Curso de Formação Internacional de Ginástica Holística - Método Ehrenfried.

Tatiane de Abreu e Silva

Graduada em pela Faculdade de Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas Fisioterapeuta formada pela PUC- Campinas. Formação Internacional em Ginástica Holística - Método Ehrenfried. Fisioterapeuta do Instituto Patrícia Lacombe há 4 anos.

Marcia da Silva Martins

Graduada em Fisioterapia pela Universidade Santa Cecília - UniSanta. Especialização em Fisioterapia Musculo-Esquelética pela Santa Casa de São Paulo. Fisioterapeuta Instituto Patricia Lacombe.

Patricia de Carvalho Lacombe

Graduada em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade de Campinas PUC Camp. Formação no Método Ehrenfried – Ginástica Holística (Paris/França). Título de Formadora no Método Ehrenfried – Ginástica Holística, com atuação na América do Sul. MBA – Executivo em Saúde. Fundação Getúlio Vargas – Campinas. Proprietária e Coordenadora Técnica do Instituto Patrícia Lacombe de Reeducação de Postura (Unidades São Paulo e Campinas). Responsável técnica pelas Unidades de Correção Postural da AMIL nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e no DF. Responsável pelo Programa de Acompanhamento Postural a Distância – Portal da Postura. Responsável técnica da Unidade Postural do Hospital da Luz (São Paulo). Responsável pelo Treinamento em Atendimentos no Hospital Nove de Julho (São Paulo), Hospital de Clínicas de Niterói (Rio de Janeiro) e Hospital São Lucas (Rio de Janeiro). Presidente da Associação Brasileira de Ginástica Holística – Método Ehrenfried (ABGH). Membro da Academia Brasileira de Administração Hospitalar (ABAH).

 

 

Obs:

- Todo o direito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.

-  Publicado em 10/092014.


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