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Proprioceptores articulares, musculares e tendinosos Imprimir E-mail
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Trabalho realizado por:

Alessandra Stocco
Aline Rebimbas
Bianca Preissler
Isabela Garcia Paranhos
Graciely Siqueira
Michele Andrade
Roberta Sales
Viviane Vianez

Orientado por:

Prof. Blair José Rosa Filho.

 

Introdução

Propriocepção é a sensibilidade que nos informa sobre a atividade própria de nosso corpo, como nas sensações cinestésicas e posturais.
Os receptores são pequenos órgãos especializados em internalizar informações obtidas do meio externo ou mesmo de enviar informações ao SNC sobre as relações do corpo com ele mesmo ou com o meio externo.
Este trabalho abordará os principais receptores articulares, tendinosos e musculares, as vias de condução do estímulo proprioceptivo e o que é propriocepção.
Explicaremos como se apresenta a estrutura dos receptores, os tipos, e as funções específicas de cada um.


Desenvolvimento

Os sentidos somáticos podem ser classificados em três tipos fisiológicos diferentes: (1) os sentidos somáticos mecanorreceptivos, estimulados pelo deslocamento mecânico de algum tecido do organismo; (2) os sentidos termorreceptivos, que detectam o calor e o frio; (3) o sentido da dor, que é ativado por qualquer fator que lese os tecidos.

As sensações proprioceptivas são aquelas relacionadas com o estado físico do corpo, incluindo as sensações de posição, as sensações dos tendões e músculos, as sensações provenientes da planta dos pés e até mesmo a sensação de equilíbrio, que é de maneira geral, considerada como sendo uma sensação especial ao invés de sensação somática.

I) Vias de Condução

Todas ou quase todas as informações sensoriais dos segmentos somáticos do corpo chegam à medula espinhal pelas raízes dorsais do nervos espinhais. Todavia, desse ponto até o cérebro os sinais sensoriais são transmitidos por uma das duas vias sensoriais alternativas: (1) o sistema coluna dorsal-lemnisco medial e (2) o sistema ântero-lateral. Esses dois sistemas se unem novamente a nível do tálamo.

O sistema coluna dorsal-lemnisco medial, transmite sinais principalmente pelas colunas dorsais da medula e, depois para cima, pelo tronco cerebral até o tálamo, pelo lemnisco medial. Os sinais do sistema ântero-lateral, após se originarem nas pontas dorsais da substância cinzenta espinhal, cruzam para o lado oposto da medula e sobem por ela, pelas colunas brancas anterior e lateral, a todos os níveis do tronco cerebral e também ao tálamo.
O sistema coluna dorsal-lemnisco medial compõe-se de grandes fibras nervosas mielinizadas que transmitem sinais para o cérebro com velocidade de 30 a 110 m/s, enquanto que o sistema ântero-lateral se compõe de fibras mielinizadas muito mais delgadas que transmitem sinais com velocidade variando de 8 a 40 m/s.

O sistema coluna dorsal-lemnisco medial tem alto grau de orientação espacial das fibras nervosas relativamente a sua origem na superfície do corpo, enquanto o sistema ântero-lateral tem grau muito menor de orientação espacial, com algumas fibras parecendo não ter quase nenhuma orientação.

As informações sensoriais que têm de ser transmitidas rapidamente e com fidelidade temporal são transmitidas pelo sistema coluna dorsal-lemnisco medial, enquanto as que não necessitam ser transmitidas rapidamente passam principalmente pelo sistema ântero-lateral. As sensações que detectam gradações finais de intensidade são transmitidas pelo sistema coluna dorsal-lemnisco medial, enquanto as que não detectam essas gradações finais são transmitidas pelo sistema ântero-lateral. As sensações que são distintamente localizadas a pontos exatos do corpo são transmitidas pelo sistema dorsal, enquanto as transmitidas pelo sistema ântero-lateral podem ser localizadas com muito menor precisão. O sistema ântero-lateral tem uma capacidade especial que o sistema dorsal não tem: a de transmitir amplo espectro de modalidades sensoriais: dor, calor, frio e sensações táteis grosseiras; o sistema dorsal se limita somente às sensações mecanorreceptivas.

A expressão sentido da posição pode ser dividida em dois tipos: (1) posição estática, que significa o reconhecimento consciente de orientação das diferentes partes do corpo, com relação umas às outras, e (2) cinestesia, que significa o reconhecimento consciente das freqüências de movimento das diferentes partes do corpo. As sensações da posição são transmitidas para o sensório principalmente através do sistema coluna dorsal-lemnisco medial.
As informações sensoriais de muitos tipos diferentes de receptores são utilizadas para a determinação tanto da posição estática quanto da cinestesia. Esses receptores incluem as extensas terminações sensoriais nas cápsulas articulares e ligamentos, os receptores na pele e tecidos profundos próximos às articulações, e provavelmente, os fusos musculares que detectam a extensão do músculo.

Foram descritos três tipos principais de terminações nervosas nas cápsulas articulares e nos ligamentos próximos das articulações. As mais abundantes são as terminações de Ruffini, que são fortemente estimuladas quando a articulação é movimentada subitamente. Outro tipo de terminação que parece com os receptores do estiramento dos tendões musculares (Órgão tendinoso de Golgi) é observado particularmente nos ligamentos próximos das articulações. São encontrados também Corpúsculos de Paccini, que se adaptam extremamente rápido, e ajudam a detectar a velocidade de rotação na articulação.

O controle apropriado da função muscular requer não apenas a excitação do músculo pelos neurônios motores anteriores, mas também um contínuo feedback de informações de cada músculo ao sistema nervoso, dando o estado de cada músculo a cada instante. Para fornecer essas informações, os músculos e seus tendões são abundantemente supridos, por dois tipos especiais de receptores sensoriais: (1) fusos musculares, que se distribuem por todo o ventre do músculo e que enviam informações para o sistema nervoso ou sobre o comprimento do músculo, ou sobre a rapidez de alteração de seu comprimento, e (2) órgãos tendinosos de Golgi, que transmitem informações sobre a tensão ou a rapidez de alterações da tensão.
Os sinais desses receptores destinam-se quase totalmente ao controle muscular propriamente dito, porque operam quase que de modo total a um nível subconsciente.

II) Receptores articulares, musculares e tendinosos

Detectam alterações de tensão e posição das estruturas na qual estão localizados: Angulo articular, velocidade de movimento articular, tração articular, contração muscular e força da contração muscular.

II.I)Receptores articulares

São encontrados nas cápsulas e ligamentos articulares. São estimulados a partir da deformação.

A informação destes receptores articulares notifica continuamente o SNC sobre a angulação momentânea e a velocidade do movimento da articulação.

A) Tipo I

São encontrados no interior da cápsula articular. Fornecem informações acerca das mudanças na posição articular. É um mecanorreceptor estático e dinâmico, dependendo da posição, pressão intra-articular, e dos movimentos articulares (ativos e passivos).

Sua adaptação é lenta, sendo ativado em todas as posições articulares, mesmo com a articulação em repouso. Podem ser ativados também por tato e pressão.

B) Tipo II

São encontrados na cápsula articular. Fornecem informações sobre a velocidade do movimento. É um mecanorreceptor dinâmico.

Sua adaptação é rápida e inativa em repouso. É estimulado por estímulos mecânicos rápidos e repetitivos.

C) Tipo III

São encontrados nos ligamentos. Registram a verdadeira posição articular. É um mecanorreceptor dinâmico.

Sua adaptação é lenta. É estimulado com movimentos extensos ativos ou passivos.

D) Tipo IV

São encontrados nas cápsulas articulares. Fornecem informações dolorosas a nível dos tecidos articulares.

Sua adaptação é lenta. É ativado pelas deformações mecânicas.


II.II) Receptores musculares

Fusos neuromusculares

São encontrados nos músculos esqueléticos.

Sinalizam o comprimento do músculo e a velocidade do movimento. Detectam as modificações no comprimento das fibras musculares extrafusais pela contração e enviam essas informações para o SNC onde se geram reflexos para manter a postura do corpo e regulam as contrações dos músculos envolvidos nas atividades motoras.

As fibras intrafusais do fuso neuromuscular são envoltas por terminações nervosas anuloespirais. Quando há alongamento ou estiramento dessas fibras, as terminações nervosas sofrem deformações e são ativadas. Daí essa informação de deformação passa pelas fibras nervosas aferentes que fazem sinapse com os grandes neurônios motores do corno anterior da medula, chegam a área somestésica e voltam através dos neurônios eferentes. O estimulo é transmitido as fibras extrafusais, através das placas motoras, que então se contraem. A esse fenômeno chamamos de reflexo miotático

O encurtamento do músculo como um todo alivia o estiramento dos fusos musculares, removendo, portanto o estímulo dos receptores.

II.III) Receptores tendinosos

Órgão tendinoso de Golgi (OTG)

Situam-se dentro dos tendões, próximos do ponto de fixação das fibras musculares. Algumas fibras se conectam diretamente com o OTG, que é estimulado pela tensão produzida por esse feixe de fibras, ou seja, quando há estiramento do tendão (ou contração muscular).

A chegada destes impulsos aferentes na medula excita os interneurônios inibitórios, que por sua vez inibem os motoneurônios do músculo em contração, limitando assim a força desenvolvida e que será maior que a tolerada pelos tecidos que estão sendo estirados. Neste ponto agem como "disjuntores" do músculo. Esse fato é chamado de reflexo miotático inverso.
Em casos de lesões os receptores podem estar alterados, causando desequilíbrios. Devido à posição antálgica, adquirida como um mecanismo pessoal de proteção, há formação de engrama sensorial patológico. Deve-se prevenir este engrama patológico Essa articulação deve ser trabalhada o mais rápido possível para a formação de um novo engrama sadio. Isto pode ser feito através de exercícios proprioceptivos que através dos desequilíbrios estimulam os receptores a enviarem informações ao cérebro para que este envie respostas motoras na tentativa de equilibrar o corpo. Este ciclo equilíbrio/desequilíbrio atuará na formação da "memória do movimento". No SNC a informação é integrada com as que vêm dos órgãos sensoriais: retina e aparelho vestibular. Esses sentidos são usados para ajustar a localização, tipo, número e freqüência de ativação das unidades motoras, de tal modo que uma apropriada tensão muscular seja desenvolvida para efetuar os movimentos desejados.



Conclusão

Tentamos mostrar através deste trabalho, as estruturas mais importantes relacionadas à propriocepção, e seu funcionamento. Abordamos desde as vias de condução do impulso (estímulo proprioceptivo) até os tipos de receptores.

Pudemos observar, associando o conteúdo deste trabalho com outras disciplinas estudadas na faculdade, que é indispensável o conhecimento da fisiologia e também da anatomia dos proprioceptores, para que possamos avaliar e tratar corretamente nossos pacientes após um trauma.



Bibliografia


- GUYTON, Arthur C. - Tratado de Fisiologia Médica. 7ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan.
- MACHADO, Angelo - Neuroanatomia Funcional. 2ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Atheneu, 1993.
- MARTIN, John H. - Neuroanatomia - texto e atlas. 2ª Edição, Porto Alegre, Editora Artes Médicas, 1996.

Internet:
- CARVALHO, Maria Beatriz Bastos de - Propriocepção. Rio de Janeiro. Disponível em:
http://www.wgate.com.br/fisioweb, acesso em 15/04/2002.

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.

- Publicado em 2001.


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