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Prevenção do Risco de Quedas na Terceira Idade: Uma Abordagem no Ambiente Construído Imprimir E-mail
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Prevention of Risk of Falls in the Elderly: A new approach in the built environment


Trabalho realizado por:

Pedro Ferreira Reis.

* Drd. em Engenharia de Produção – Ergonomia - PPGEP – UFSC.

Contato: fisioterapeutadotrabalho@hotmail.com

Antonio Renato Pereira Moro.

* Dr. em Biomecânica – Ergonomia - PPGEP –- UFSC.

Contato: moro@cds.ufsc.br

Eugenio Andrés Díaz Merino.

* Dr. Em Engenharia de Produção – Ergonomia - PPGEP –- UFSC.

Contato: merino@cce.ufsc.br



Resumo

Este estudo de caráter exploratório, observacional e transversal, foi realizado com idosos residentes em uma instituição de longa permanência na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, Brasil. A amostra foi estabelecida por 25 idosos deambulantes, composto por 17 mulheres e 8 homens, com idade entre 67 a 80.  A avaliação dos riscos de quedas foi através do Teste de TUG (Timed Up And Go). Os resultados indicaram que 40% estão com risco grande de quedas, 28% com risco médio e 32% com risco mínimo de quedas.  Conclui-se com esta pesquisa que todos os riscos ergonômicos e barreiras arquitetônicas deverão ser eliminadas, para que seus usuários possam realizar suas tarefas com saúde , conforto e segurança.

Palavras-chave:
quedas; ergonomia; idoso

Abstract

This exploratory study, observational and cross-sectional was conducted with elderly residents of a long stay institution in the city of Foz do Iguacu, Parana, Brazil. The sample was established by 25 ambulant elderly, comprising 17 women and 8 men, aged between 67 to 80. The risk assessment of falls was through the TUG test (Timed Up And Go). The results indicated that 40% are at high risk of falls, with 28% medium risk and 32% with minimal risk of falls. The conclusion of this research was that all ergonomic hazards and architectural barriers must be eliminated, so that your users can do their jobs with health, comfort and safety.

Keywords:
falls; ergonomics; elderly



1 – Introdução

Quedas na população idosa é um grande desafio para os projetos arquitetônicos, visto que a ocorrência deste fato nesta população é muito comum. Assim em função que a população idosa no Brasil vem crescendo muito nos últimos anos, com uma previsão de aumentar 25% até 2025, indica que o índice de pessoas na terceira idade que se envolverão com quedas poderá ser bem maior (ALVES JUNIOR e PAULA, 2008; BRITO, 2005; REIS, 2010; SOUZA, 2003). Neste sentido eliminar as barreiras arquitetônicas, principalmente os degráus, pisos irregulares e banheiros não adaptados proporcionarão um ambiente seguro e saudável (FREITAG et. al., 2007). Dados do IBGE estima-se que em 15 anos o Brasil estará entre os seis países mais populosos com idade superior a 60 anos (IBGE, 2008). Assim proporcionar uma arquitetura ergonômica para esta população é de fundamental importância, tanto para a saúde como para os gastos públicos. Percebe-se que as conseqüências relacionadas as quedas em idosos é um problema de saúde pública, visto que a morbidade e mortalidade com sujeitos acima de 65 anos estão ligadas a complicações posteriores a quedas (MORELLI; REBELATTO; BORGES, 2007).

Na realização de qualquer projeto arquitetônico, a ergonomia deverá estar presente, visto que o desenho universal deve ser enfocado em todas as edificações, para que assim possamos ter uma ambiente acessível a todos com saúde, conforto e principalmente segurança (BINS ELY, 2003). Nesta mesma linha de pensamento, é importante considerar no momento da construção de uma edificação, todos os riscos que possam afetar a saúde humana, principalmente os riscos ergonômicos, químicos e biológicos (FONSECA e RHEINGANTZ, 2009). Assim o envolvimento interdisciplinar e muldisciplinar no desenvolvimento de projetos acessíveis focados no desennho universal, proporcionarão uma melhor compreensão dos profissionais das áreas exatas (SIQUEIRA, et al., 2007).

Infelizmente no Brasil, ainda verificamos muitos ambientes inadequados com um mínimo de acessibilidade, neste sentido a ergonomia de correção deverá ser a única solução, pois em função que atualmente no Brasil aproximadamente 23% compreende população idosa, toda ferramenta que possa contribuir para a melhoria de uma ambiente, quer seja no trabalho, no lar e lazer deve ser utilizada, sendo que o passeio orientado, questionários, escalas de desconforto, observações e testes funcionais poderão contribuir para um ambiente mais humanizado (BINS ELY, 2003; BINS ELY et. al., 2001; BINS ELY e DORNELES, 2006; MORAES e MONT’ALVÃO, 2005). Neste sentido Proporcionará um ambiente ergonômico, ausente de barreiras arquitetônicas e com acessibilidade integral, com projetos embasados dentro dos princípios do desenho universal (NBR-9050, 2004). Assim proporcionar um ambiente ergonômico, principalmente sem barreiras arquitetônicas, contribuirá para um envelhecimento saudável (RIBEIRO, et al. 2008).

Não basta ter um ambiente acessível, as pessoas envolvidas deverão ter uma conscientização quanto a sua usabilidade, visto que os riscos ergonômicos podem acontecer não somente por uma condição insegura como por um ato inseguro. Neste sentido evitar riscos ergonômicos é de fundamental importância para evitar as quedas em idosos, assim Bins Ely (2003) recomenda:

- Não deixar obstáculos nos caminhos;
- Evitar a utilização de tapetes;
- Verificar cotidianamente o piso;
- Não usar cera;
- Deixar a iluminação adequada;
- Ter corrimão nas escadas;
- Ter um banheiro acessível;
- Cuidado com lixo pelas áreas de locomoção.

2 – Influência do Envelhecimento na Marcha do Idoso

Com o avanço da idade, percebe-se uma alteração da capacidade funcional do ser humano, a qual a partir dos 60 anos tem uma diminuição considerável, principalmente na diminuição da amplitude da passada, debilidade na rotação pélvica e debilidade na movimentação dos braços com diminuição da mobilidade escapular (VALE.et. al. 2006; MACIEL; GUERRA, 2005).  

Percebe-se uma alteração também postural, visto que o comportamento da coluna vertebral e o centro de gravidade a partir dos 60 anos têm alterações que implicam consideravelmente no equilíbrio, pois as alterações na postura ortostática em função da idade são manifestadas no nível do plano sagital, com aumento considerável da cifose torácica, diminuição da lordose da coluna lombar, posteriorização da articulação femoral e anteriorização do tronco e ângulo da flexão do joelho aumentado (FREITAS et al., 2002; OLENY e CULHAM, 2000).

Figura 01 – Alteração da postura ortostática do idoso
Fonte: (FREITAS, et al., 2002).


Além da postura ortostática, temos que considerar as alterações normais que acontecem em função da idade, com perda da massa óssea (osteopnia) e perda da massa muscular (sarcopneia), as quais influenciam consideravelmente no equilíbrio da pessoa idosa, afetando principalmente os músculos do quadríceps, destacando o glúteo médio o qual é o principal músculo da deambulação (CHARCHAT-FICHMAN et. al. 2005; FREITAS et al., 2002; VANDERVOORT, 2000). Assim construir edificações e produtos para que esta população tenha uma usabilidade com o mínimo de esforço contribuirá para uma melhor qualidade de vida, visto que a perda de força nesta fase é normal, sendo necessário um trabalho adicional com profissionais da área de saúde, principalmente fisioterapeutas para que os níveis de força desta população não cheguem a patamares críticos (VALE. et. al., 2006; WILMORE E COSTIL). Nesta mesma linha de pensamento Bins Ely (2003) e (2004) alerta da importância da acessibilidade, pois somente com um ambiente acessível e que estaremos contribuindo para a prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida.

O índice de sedentarismos em idosos que residem em instituições de longa permanência proporciona uma considerável perda na mobilidade funcional, sendo agravada pela ausência da família contribuindo para uma prevalência de morbidades com sofrimento e custos elevados tanto econômicos como social (FABRICIO; RODRIGUES e COSTA JUNIOR, 2004; TEIXEIRA et al., 2006). Neste sentido, Ghyton, (2002) e Santos e Andrade (2005) alertam os projetistas das alterações fisiológicas que o processo de envelhecimento proporciona no ser humano, atingindo principalmente o sistema osteomuscular, auditivo, visual, afetando a locomoção e equilíbrio.

3 – Riscos Ergonômicos e sua Influência nas Quedas em Idosos

O envelhecimento é um processo natural do ser humano, com diminuições significativas da funcionabilidade, assim proporcionar a esta população um ambiente ergonômico é de fundamental importância para a manutenção de uma boa qualidade de vida, pois o idoso apresenta várias dificuldades de locomoção, principalmente nas atividades de inicio do movimento, deambular para trás, sentar, levantar, movimentos acíclicos e terrenos irregulares (BINS ELY & DORNELES, 2006; FKAUFMAN, 2001 e GERENTE & BINS ELY, 2006).

É importante não deixar o idoso em ambiente com riscos de quedas, visto que o trauma de uma queda contribui para um bloqueio psicológico do medo de cair, proporcionando um declínio da funcionalidade, com alterações na postura, no equilíbrio e sociabilização, podendo evoluir para um estresse e depressão (MACEDO et al., 2005).

Um teste prático de fácil realização para verificar o risco de quedas, podendo ser aplicado por qualquer profissional que atua com idosos é o teste de TUG, o qual avalia a mobilidade funcional básica do idoso, sendo realizado através da análise do tempo e número de passadas utilizado pelo idoso do momento de se levantar da cadeira, percorrer 3 metros, retornar e sentar novamente na cadeira, sendo que quanto mais passos e tempo o idoso necessita para realizar o trajeto, implicará em um maior risco de quedas, sendo avaliado que com tempo inferior a 10 segundos, baixo risco de quedas, de 11 a 20 segundos médio risco de quedas e superior a 20 segundos indicará alto risco de quedas (GUIMARÂES et al.,2004 e PODSIADLO & RICHARDSON, 1991). Assim Perracini et. al., (2002) relatam que o teste de TUG, é iniciado com um estímulo verbal, sendo cronometrado o início após o sinal verbal e finalizando quando o idoso retorna a sentar na cadeira.

É importante que após incidência de quedas, fazer uma análise ergonômica adequada, principalmente analisando o local e hora do acidente.  Os fatores associados como o tipo do piso, do calçado, tapetes, piso escorregadio, condição funcional e utilização de medicamentos devem ser relatados na análise, para que a correção seja feita adequadamente (REBELATTO; MORELLE, 2007). Assim em função dos fatores extrínsecos e intrínsecos os quais envolvem a fisiologia e o ambiente, torna-se necessário uma busca constante por uma ambiente acessível, visto que em função da fisiologia do envelhecimento os riscos ergonômicos de qualquer ambiente deverão ser evitados (ZINNI E PUSSI 2006; FRÉZ 2003).

Não é fácil tornar uma ambiente acessível, principalmente quando o ambiente não foi construído segundo os princípios da acessibilidade, mas se faz necessário, principalmente quando o público alvo são pessoas com mobilidade deficitária (DISCHINGER et al., 2006).

Os profissionais envolvidos nos projetos de ambiente construído para a terceira idade devem observar as características funcionais, biomecânicas e antropométricas dos usuários, assim contribuirão significativamente para a melhoria da qualidade de vida desta população, pois o ato de se locomover sem ajuda é um fator contribuinte para a auto-estima (BINS ELY E CAVALCANTI 2001 e REIS; MORO; SILVA; ALMEIDA, 2010).  

Bins Ely et. al., (2001) alerta que um projeto arquitetônico para as pessoas idosas mal construído poderá proporcionar sérias conseqüências para esta população, pois barreiras arquitetônicas oriundas deste projeto contribuirão para acidentes e perda da mobilidade funcional. Neste sentido esta construção poderá ser considerada como uma construção doente, pois não estará contribuindo para a qualidade de vida desta população, pelo contrário proporcionará o adoecimento (DORNELES, 2006; DORNOLES et al., 2006)).

4 – Método

Este estudo de caráter exploratório, observacional e transversal, foi realizado com idosos residentes em uma instituição de longa permanência na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, Brasil.

A amostra foi estabelecida por 25 idosos deambulantes livres de suporte para locomoção, composto por 17 mulheres e 8 homens, com idade entre 67 a 80.   

A autorização para participar da pesquisa foi através do termo consentimento livre e esclarecido (TCLE), lavrado em ata e assinado individualmente pelo idoso e pela responsável da instituição.  

Os registros das imagens, filmes, comportamento foram realizados através de um questionário e fotografias através da máquina digital modelo Sansung MV15 de 10.1 mega pixels, sendo realizado durante o período matutino no horário das 9:30 horas às 10:30 horas.

A análise dos filmes e cronometragem foi através do programa kinovea, disponível em: http://www.kinovea.org/en/, o qual proporciona condições de armazenamento, edição e cronometragem dos filmes.

O questionário foi através de entrevista com os idosos e análise dos prontuários dos internos, junto a secretaria da instituição, visto que a memória é um fator que deve ser considerado em pesquisas com a terceira idade.

Os dados foram analisados através do programa Excel, for Windows, calculando-se o percentual dos resultados.

Figura 02 – Local da Pesquisa Lar dos Velhinhos – Foz do Iguaçu – Paraná - Brasil

Fonte: Autor


A instituição de longa permanência na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, Brasil, conhecida como Lar dos Velhinhos, abriga 68 idosos, sendo 8 cadeirantes, 15 acamados e 45 deambulantes, sendo excluídos da pesquisa 20 idosos que utilizam muletas, bengalas e andadores.


Figura 03 - Ambientação antes da aplicação do teste.

Fonte: Autor


Para que a população estudada tivesse uma participação harmoniosa no teste, sem constrangimento, antes da aplicação do teste foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Em seguida todos os envolvidos foram orientados sobre o protocolo a ser seguido, dando ênfase no início do teste e na volta após percorrer os três metros, deixando bem claro que a participação seria de livre, podendo desistir a qualquer momento.

Figura 04 – Protocolo  do Teste TUG (Timed Up And Go)
Fonte: Autor


Conforme a figura 04, a avaliação dos riscos de quedas foi através do Teste de TUG (Timed Up And Go) o qual avalia a mobilidade funcional básica do idoso, sendo realizado através da análise do tempo e número de passadas utilizado pelo idoso do momento de se levantar da cadeira, percorrer 3 metros, retornar e sentar novamente na cadeira, sendo que quanto mais passos e tempo o idoso necessita para realizar o trajeto, implicará em um maior risco de quedas, sendo avaliado que com tempo inferior a 10 segundos, baixo risco de quedas, de 11 a 20 segundos médio risco de quedas e superior a 20 segundos indicará alto riscos de quedas, sendo iniciado por um estímulo visual “VAI” e finalizado quando o idoso senta novamente na cadeira (GUIMARÂES et al.,2004; PERRACINI et. al. 2002 e PODSIADLO & RICHARDSON, 1991).

5 – Resultados, Discussão e Orientação

Neste capitulo serão apresentados os resultados, discutidos, sendo finalizado com orientações para prevenção de quedas.

Gráfico 01 - Índice do número de quedas nos últimos 12 meses por idoso (Outubro de 2009 a outubro 2010).


Conforme o gráfico 01 verifica-se que nos últimos 12 meses 32% dos idosos pesquisados não tiveram nenhuma queda, 40% uma queda, 8% duas quedas e 20% foram reincidentes em quedas.

Gráfico 02 – Percentual do número de quedas nos últimos 12 meses (Outubro de 2009 a Outubro 2010).


O gráfico 02 apresenta um dado interessante, 30% das quedas ocorreram no mês de julho, seguido do mês de junho e agosto com 20%, descrevendo que nos meses de inverno a incidência é maior. Assim os cuidados com os idosos em função do clima frio devem ser focados. Dos 30% das quedas registrados no mês de julho, uma queda teve gravidade alta, levando o idoso ao óbito por traumatismo cranioncefálico (TCE). Assim verifica-se a importância da prevenção de quedas na terceira idade (REIS, et al., 2010).


Gráfico 03 – Resultado do Teste de TUG (Timed Up And Go) – Risco de Quedas


Conforme o gráfico verifica-se que 28% da população encontram-se com risco médio de quedas, 32% com risco mínimo e 40% com grande risco de sofrerem quedas.

Figura 05 – Aplicação do teste com resultado de risco mínimo de quedas
Fonte: Autor


Dos 25 idosos avaliados, 08 apresentaram risco mínimo de quedas, sendo composto por 03 homens e 05 mulheres com média de 12 passadas, amplitude de 0,25m por passada e 9,47 segundos para realização do teste. Destes nenhum teve quedas até o momento da pesquisa. Assim proporcionar um ambiente livre de barreiras arquitetônicas e riscos ergonômicos é de fundamental importância, pois após uma queda o idoso tem uma regressão funcional significativa. Vindo ao encontro das afirmações de Macedo et al., (2005) o qual que é importante não deixar o idoso em ambiente com riscos de quedas, visto que o trauma de uma queda contribui para um bloqueio psicológico do medo de cair, proporcionando um declínio da funcionalidade, com alterações na postura, no equilíbrio e sociabilização, podendo evoluir para um estresse e depressão. Neste sentido proporcionar a esta população um ambiente ergonômico é de fundamental importância para a manutenção de uma boa qualidade de vida, pois o idoso apresenta várias dificuldades de locomoção, principalmente nas atividades de inicio do movimento, deambular para trás, sentar, levantar, movimentos acíclicos e terrenos irregulares (BINS ELY & DORNELES, 2006; GERENTE & BINS ELY, 2006; e FKAUFMAN, 2001).

Figura 06 – Aplicação do teste com resultado de risco grande de quedas
Fonte: Autor


Já 10 idosos apresentaram risco alto de quedas com uma média de  30 passadas, amplitude de 0,10m por passada e 35 segundos para realização do teste. Pertenceram a esta população de riscos 6 mulheres e 4 homens, descrevendo que este grupo apresentou um comprimento da passada menor e cadência mais elevada. Destes 100% já sofreram quedas.

Com relação ao risco médio de quedas 7 idosos compreendidos de 4 homens e 3 mulheres foram avaliados nesta condição com média de 23 passadas, amplitude de  de 0,13m por passada e 26 segundos para realizar o teste.

Assim percebe-se que 40% dos idosos avaliados estão propensos a quedas, tornando-se evidente a necessidade de eliminar os riscos ergonômicos e barreiras arquitetônicas que possam contribuir para o desequilíbrio do idoso. Vindo ao encontro das afirmações dos autores, Rebelatto e Morelle, (2007), os quais alertam que após incidência de quedas, deve-se fazer uma análise ergonômica adequada, principalmente analisando o local e hora do acidente.  

Os fatores associados como o tipo do piso, do calçado, tapetes, piso escorregadio, condição funcional e utilização de medicamentos devem ser relatados na análise, para que a correção seja feita adequadamente. Nesta mesma linha de pensamento Bins Ely et. al. (2001) alertam que um projeto arquitetônico para as pessoas idoso mal construído poderá proporcionar sérias conseqüências para esta população, pois barreiras arquitetônicas oriundas deste projeto contribuirão para acidentes e perda da mobilidade funcional. Neste sentido é importante enfocar que evitar riscos ergonômicos é de fundamental importância para evitar as quedas em idosos, assim Bins Ely (2003), Fonseca e Rheingantz (2009) e Freitag et al. (2007); recomendam:

- Não deixar obstáculos nos caminhos;
- Evitar a utilização de tapetes, quando necessário utilizar emborrachados e antiderrapantes;
- Verificar cotidianamente o piso;
- Não usar cera;
- Deixar a iluminação adequada;
- Ter corrimão nas escadas;
- Ter um banheiro acessível;
- Cuidado com lixo pelas áreas de locomoção;
- Utilizar colchões firmes;
- Não utilizar assentos e vasos sanitários baixos.

6 – Considerações Finais

Este estudo descreveu que o risco de quedas na população acima de 60 anos é uma variável importante a ser considerada, principalmente pelos arquitetos e engenheiros. Nota-se que o processo de envelhecimento no ser humano proporciona perda funcional considerável, destacando o equilíbrio e deambulação. Neste presente caso verificou-se um percentual significativo de idosos sujeitos a quedas. Assim é importante que os profissionais envolvidos nos projetos de ambiente construído para a terceira idade devem observar as características funcionais, biomecânicas e antropométricas dos usuários, assim contribuirão significativamente para a melhoria da qualidade de vida desta população, pois o ato de se locomover sem ajuda é um fator contribuinte para a motivação  e auto estima desta população.

Conclui-se com esta pesquisa que na instituição de longa permanência pesquisada  que uma conscientização quanto aos cuidados com objetos individuais e coletivos, os quais poderão causar um acidente devem ser armazenados em local adequado e todos os riscos ergonômicos e barreiras arquitetônicas deverão ser eliminadas, para que seus usuários possam realizar suas tarefas com saúde , conforto e segurança.

6 – Referências


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- Publicado em 14/09/2011.


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