gototopgototop

Referência em Fisioterapia na Internet

Referência em Fisioterapia na Internet

Buscador - Artigos

Publicidade

Banner
Banner
Banner
Banner
A Fisioterapia e suas Modalidades Específicas no Tratamento das Principais Doenças da Terceira Idade – Revisão Bibliográfica E-mail
Avaliação do Usuário: / 8
PiorMelhor 

 

 

Trabalho realizado por:

Lucíola Christine Assis Diniz

 

Contato: luciola.assis@hotmail.com

 

- Especialização em Gerontologia – Faculdades Integradas de Patos/PB

- Fisioterapeuta Voluntária do HULW/PB

 

 

RESUMO

A aplicação da Fisioterapia e suas modalidades específicas no tratamento de doenças da terceira idade apresentam uma acentuada importância nas disfunções músculo-esqueléticas, na qual frequentemente estão presentes em pacientes da terceira idade, sejam disfunções ortopédicas, reumáticas, neurológicas, cardiovasculares e ou geriátricas. Neste artigo serão abordadas as modalidades fisioterápicas específicas e suas indicações para as disfunções mais acentuadas e causadas pela deteriorização que o envelhecimento acarreta.

 

Palavras-chave: Envelhecimento; Fisioterapia; Modalidades Específicas.

 

ABSTRACT

Application of Physical Therapy and its specific modalities in the treatment of diseases of old age present a remarkable importance in musculoskeletal disorders, in which are often present in patients of old age, are orthopedic disorders, rheumatic, neurological, cardiovascular and / or geriatric. This article will address the specific physical therapy modalities and their indications for the sharpest and dysfunctions caused by deterioration brought about by aging.

 

Keywords: Aging; Physiotherapy; Specific Arrangements.

 

1- INTRODUÇÃO

A aplicação da fisioterapia e suas modalidades específicas possuem uma acentuada importância nas disfunções músculo-esqueléticas, na qual frequentemente estão presentes em indivíduos da terceira idade, sejam disfunções ortopédicas, reumáticas, neurológicas e cardiovasculares.

Disfunções como a Osteoartrose, Osteoporose e a Doença de Parkinson ou Mal de Parkinson, apresentam maior prevalência na população acima de 70 anos. Essas disfunções são cada vez mais frequentes em nosso meio, devido ao aumento da expectativa de vida. Estima-se que em 2025 o Brasil venha tornar-se a sexta maior população de idosos no mundo e a faixa etária após os 80 anos é a que terá maior crescimento (FELSON, 1990; DAMOWSKI, 2006; BIASOLI, 2006).

A reabilitação física tem como objetivo principal a melhoria da amplitude de movimento (ADM), da força muscular, da mobilidade articular, das atividades de vida diária (AVDs), da vida profissional (AVPs), além da melhora da auto-imagem e educação do paciente. Idealmente, a equipe multidisciplinar deve ser composta pelo médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, nutricionista, enfermeira e assistente social.

 

2- Modalidades da Fisioterapia

A Fisioterapia é uma ciência aplicada tendo por objeto de estudo o movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, tanto nas alterações patológicas quanto nas repercussões psíquicas e orgânicas. Também é considerada uma intervenção não-invasiva, que envolve várias técnicas de terapias físicas locais ou globais, assim como todas as suas modalidades específicas (CREFITO- 3).

A escolha da modalidade a ser utilizada dependerá basicamente da fase e disfunção que o paciente apresentará, quando avaliado. Os tratamentos podem ser divididos em nível de intensidade em tratamentos passivos e ativos.

Os tratamentos passivos abrangem:

  • Métodos de condução (calor e frio), a eletroterapia, massagem, relaxamento, alongamento;

  • Órteses imobilizadoras (coletes, colares e tipóias);

  • Orientações gerais e específicas nas AVDs e AVPs e a ergonomia.

 

Os tratamentos ativos abrangem:

  • Cinesioterapia;

  • Técnicas especiais e orientações das AVDs e AVPs;

  • Atividades esportivas;

  • Órteses funcionais e auxiliares (cadeira de rodas, bengalas, muletas e andadores).

 

2.1- Tratamentos Passivos

2.1.1- Métodos de Condução (calor e frio)

Esses métodos segundo Kitchen (1998) apresentam inúmeros benefícios, como alívio de dor, redução do edema, aumento da extensibilidade do colágeno, diminuição do espasmo muscular e melhoria da contratilidade muscular.

O calor apresenta maior benefício no alívio da dor, relaxamento muscular, reparo dos tecidos, aumento do fluxo sanguíneo e da extensibilidade, aumento do metabolismo tecidual, favorece ao processo de cicatrização do colágeno e diminui a excitação dos fusos musculares. As técnicas de aplicação são: cera (parafina), coxins e compressas térmicas (hidrocoladas), banhos de imersão quente e contraste.

O frio por sua vez, apresenta maior utilidade na redução do edema e do sangramento, alívio da dor, redução do espasmo e espasticidade muscular, melhora da força muscular e diminuição da temperatura local. As técnicas de aplicação são: banhos de imersão frio, compressas geladas, sprays evaporadores e criomassagem.

 

2.1.2- Eletroterapia

É a utilização de uma corrente elétrica com fins terapêuticos, como calor profundo e superficial. Apresentam efeitos mecânicos nos tecidos combatendo a fibrose, disfunção de substâncias através da membrana celular, aumento da vasoconstrição, metabolismo e nutrição tecidual, diminuição da excitabilidade motora e aumento do limiar de excitabilidade nervosa.

Podem ser classificada em eletroterapia em agentes eletromagnéticos (diatermia por ondas curtas, laserterapia, radiação infravermelho e ultravioleta), ultra-som e correntes de baixa frequência (estimulação elétrica neuromuscular e muscular, estimulação nervosa transcutânea- TENS, terapia interferencial) (KITCHEN, 1998).

 

2.1.3- Massagem

Massagem (do grego, significa “amassar ou ato de pressionar”) apresenta seus efeitos mecânicos:

  • movimentação da linfa e do sangue venoso, drenagem de edemas e hematomas; mobilização de fibras musculares, tendões, bainhas, tecidos subcutâneos, tecidos cicatriciais e aderências);

  • efeitos fisiológicos (aumento da circulação sanguínea e linfática, em consequência melhora do fluxo de nutrientes; remoção dos produtos catabólicos e metabólicos; estimulação do processo de cicatrização e extensibilidade do tecido conjuntivo; resolução do edema e hematoma crônico; alívio da dor; facilitação da atividade muscular; aumento dos movimentos articulares; e relaxamento local e geral).

 

Existem várias técnicas de massagem, como massagem do tecido conjuntivo, técnicas dos pontos deflagradores, técnicas de liberação miofascial, rolfing, reflexologia, percussão pontual e outras (DOMENICO, 1998).

 

2.1.4- Relaxamento

É um método de recondicionamento psicofisiológico que abrange inúmeras técnicas como: exercícios ideoplásticos, método de L. Michaux, descontração ativa de J. Faust, regulação ativa do tônus de B. Stokvis, relaxamento carátero – analítico de W. Reich, treinamento autógeno de J.H. Schultz, exercícios piscotônicos, calatonia, Tai-chi-chuan e imagens e relaxamento (SANDOR, 1974).

 

2.1.5- Alongamento

De acordo com Kisner (2005), é uma manobra usada para descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a mobilidade dos tecidos moles e subsequentemente melhorar a ADM por meio do alongamento de estruturas que tiveram encurtamento adaptativo e tornaram-se hipomóveis com o tempo. A falta de alongamento leva a contraturas e encurtamentos e, consequentemente, à maioria dos desequilíbrios estáticos, sobretudo pela sua evolução e fixação.

 

 

2.2- Tratamentos Ativos

2.2.1- Cinesioterapia

Os exercícios de fortalecimento para o sistema muscular representam um papel essencial na fisioterapia e na reabilitação. Podem ser classificados quanto à intensidade em: exercícios passivos, ativos e ativos-resistidos e ao tipo de contração: exercícios isométricos, exercícios isotônicos (concêntricos e excêntricos) e exercícios isocinéticos.

 

  • Exercícios Isométricos: é uma forma estática de exercício na qual o músculo se contrai e produz força sem mudança apreciável em seu comprimento e sem movimento articular visível. Esse exercício é capaz de aumentar a força muscular, sendo de grande valia para a fisioterapia na recuperação imediata de lesões ou quadros inflamatórios e também para manutenção da força muscular durante um período de imobilização.

  • Exercícios Isotônicos (concêntricos e excêntricos): defini-se como uma contração dinâmica que causa movimento articular e excursão do segmento corporal à medida que o músculo se contrai e encurta (concêntrico) ou se alonga sob tensão (excêntrico). Esse exercício envolve trabalho no sentido físico.

  • Exercício Isocinético: é um tipo de exercício dinâmico no qual a velocidade de encurtamento ou alongamento do músculo e a velocidade angular do membro são predeterminadas e mantidas constantes por um dispositivo limitador da velocidade. É indicado para a fase de transição desde a obtenção da força muscular normal até que se atinja a força muscular total do paciente (KISNER, 2005; EITNER, 1984).

 

2.2.2- Técnicas especiais

Dentro das técnicas especiais podemos incluir a Osteopatia (medicina manipulativa), RPG (reeducação postural global), a ginástica holística, FNP/KABAT (facilitação neuromuscular proprioceptiva) e a hidroterapia.

 

2.2.2.1- RPG (Reeducação Postural Global)

Segundo a sociedade brasileira de R.P.G, a Reeducação Postural Global é uma terapia manual criada na França pelo fisioterapeuta Phellipe Souchard. Esse método é um recurso fisioterápico para tratar as desarmonias do corpo humano levando em consideração as necessidades individuais de cada paciente. A partir de tais estudos P. Souchard adequou os tratamentos cinesioterápicos dos distúrbios osteomioarticulares, não só posturais, mas também estruturais (SOUCHARD, 1996).


2.2.2.2- Osteopatia (medicina manipulativa)

É uma terapia manipulativa utilizada para aumentar a mobilidade e reduzir o quadro doloroso do corpo e articulações, restaurando a capacidade funcional máxima dentro de uma postura balanceada (GROENMAN, 1996).


2.2.2.3- Ginástica Holística

Trabalha os movimentos do corpo seguindo os princípios de coordenação motora (princípios Mezeristas), alongamento, colocação articular, despertar da consciência corporal e auto-suficiência do indivíduo na realização de tal trabalho (PIRET; MÉZIERES, 1992).


2.2.2.4- Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP)

Também conhecido como método de movimentos complexos, a FNP também se baseia num trabalho de fortalecimento neuromuscular auto-induzido. Nesse processo as reações do mecanismo neuromuscular são melhoradas, refinados e acelerados através de estimulação dos proprioceptores. A utilização de movimentos complexos é baseada nos princípios da estimulação máxima do aparelho neuromuscular com o auxílio adicional de movimentos diagonais e espirais associados à flexão, adução, abdução, rotação externa e interna. Os receptores musculares e articulares são elementos importantes na estimulação do sistema motor (KNOTT, 1974).

 

2.2.2.5- Bobath / treino de marcha /reações de equilíbrio e proteção

É técnica desenvolvida por Dr. Karel e Bertha Bobath que trata as desordens motoras causadas por doenças e lesões do sistema nervoso, utilizando respostas posturais automáticas presentes nas idades iniciais, que induzem aos movimentos ativos e minimizam os padrões e posturas desordenadas presentes nestes pacientes. Tal técnica também abrange o treino de marcha, reações de equilíbrio e proteção (BOBATH, 1984).

 

2.2.2.6- Hidroterapia

Conforme McNeal (2000), a hidroterapia pode ser usada como um complemento ou na substituição da fisioterapia terrestre. A combinação das duas modalidades é preferida, desde que possa ser tolerada pelo paciente. O objetivo final sempre visa à progressão de exercícios para manter e melhorar a capacidade física e as atividades da vida diária dos pacientes.

Como os exercícios aquáticos podem ser facilmente modificados para acomodar as condições do paciente, a hidroterapia pode ser usada em períodos de transição. Esses períodos ocorrem quando os pacientes não toleram a fisioterapia terrestre, quando eles não sustentam total ou parcialmente o peso do corpo, quando estão em preparação para procedimentos cirúrgicos ou ainda não retornaram às atividades habituais. A hidroterapia é integrada por várias técnicas de tratamento, entretanto, movimentos funcionais são enfatizados usando padrões sinérgicos, estabilização articular e correção postural.

As técnicas de exercícios utilizadas em combinação e adaptadas ao paciente seriam: técnicas passivas; ativas e ativas-resistivas que utilizam exercícios isométricos; exercícios isotônicos (excêntricos e concêntricos) e estabilização postural. Os métodos usados para a realização dessas técnicas são:

 

2.2.2.6.1- Método dos anéis de Bad Ragaz

É uma técnica de tratamento horizontal, desenvolvida nas águas termais de Bad Ragaz, na Suíça, em 1930, na qual o paciente é suportado por meio de anéis de flutuação colocados em torno do pescoço, na região pélvica e embaixo dos joelhos e tornozelos. Assemelha-se à técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP), adaptada para o meio aquático, na qual são realizados movimentos coordenados de empurrar e puxar que atuam sobre as estruturas articulares e terminações nervosas sensitivas para facilitar o reflexo de estiramento e as contrações musculares (McNEAL, 2000).

 

2.2.2.6.2- Método Halliwick

Este método foi desenvolvido em 1949, na Halliwick School for Girls, em Southgate, Londres. MC Millian foi o criador e desenvolveu inicialmente uma atividade recreativa que visava dar independência individual na água, para pacientes com incapacidade e treiná-los a nadar. Com o passar dos anos foi aperfeiçoando seu método original e adotou técnicas adicionais que foram estabelecidas a partir dos seguintes princípios: adaptação ambiental, restauração do equilíbrio, inibição e facilitação (McNEAL, 2000).

 

2.2.2.6.3- Método Watsu

É um método também denominado de Water-Shiatsu (Hidro-Shiatsu), criado em 1980, por Harold Dull. Associa alongamento e movimentos de Shiatsu Zen, no qual o autor adaptou a técnica às piscinas mornas em uma cidade da Califórnia (McNEAL, 2000).

 

2.2.2.6.4- Deep running

Propõe a movimentação de pernas e braços com o paciente flutuando através de cinturão pélvico, sem encostar os pés no chão da piscina, promovendo a simulação de marcha ou corrida com resistência da água eliminando o impacto articular. Ajuda no fortalecimento e no condicionamento cardiovascular (DAMOWSKI, 2006).

 

3- Órteses, imobilização, orientações gerais e específicas nas AVDs e AVPs e ergonomia

As utilizações desses equipamentos auxiliam na reabilitação do paciente durante o tratamento ou na minimização das sequelas por perda da função temporária ou definitiva (bengalas, muletas, cadeiras de rodas, imobilizadores como coletes, tipóias, tutores longos e curtos etc.). As orientações gerais e específicas nas AVDs e AVPs, assim como o estudo ergonômico do ambiente de atuação são de extrema importância para recuperação ou readaptação da vida diária e profissional do paciente.

 

4- Modalidades específicas da fisioterapia para as disfunções do aparelho locomotor nas diferentes clínicas

 

4.1- Disfunções clínicas reumatológicas

O tratamento das disfunções em especial da coluna vertebral, secundárias às doenças reumáticas em geral são causadas por subluxações das facetas articulares, prolapsos discais e alterações posturais. Todos os processos degenerativos levam a modificação da descarga de peso sobre a coluna e, consequentemente, deformação da superfície óssea e o aparecimento de osteófitos. Nestes casos, o recurso fisioterápico mais indicado é a hidroterapia, no qual possui a minimização dos efeitos da gravidade, do risco potencial de lesão do anel fibroso discal e de sobrecargas vertebrais, proporcionando a diminuição da dor durante os exercícios ativos e o aumento da mobilidade e da força muscular do tronco. Contudo, no ambiente terrestre através da eletroterapia e a massagem iram proporcionam um trabalho visando à analgesia, assim como da biomecânica postural e dos desequilíbrios musculares estáticos (RPG) (BIASOLI, 2006).

 

4.1.1- Osteoatrite/ Osteoartrose

Segundo Kaufman (2001) e Biasoli (2006), é uma doença degenerativa articular, que apresenta uma condição frequente, envolvendo degeneração da cartilagem, remodelagem do osso subcondral e crescimento excessivo de osso nas margens articulares. Afeta indivíduos de ambos os sexos, torna-se mais predominante no envelhecimento e é responsável por grande parte da incapacidade dos membros inferiores. Esta doença afeta qualquer articulação sinovial, mas, tipicamente acomete as articulações do joelho, coxofemoral, coluna vertebral e as articulações interfalangianas da mão.

Apresenta características clínicas como dor espontânea, dor a palpação, crepitação, edema, rigidez e desequilíbrios posturais compensatórios que por fim acabam atingindo outras articulações não envolvidas. Portanto, os objetivos no tratamento desta patologia consistem no alívio da dor, espasmos musculares, fortalecimento muscular dos músculos periarticulares, aumento da amplitude de movimento das articulações e melhora do padrão da marcha. Os pacientes com alterações degenerativas na coluna vertebral e no quadril, frequentemente são encaminhados à hidroterapia devido aos benefícios do mesmo como: auxílio ao movimento, sustentação da articulação para possibilitar o movimento livre e, finalmente, a resistência ao movimento. As modalidades terrestres indicadas são desde a eletroterapia, cinesioterapia, FNP, RPG e treino de marcha, assim como a utilização de órteses para alívio da dor e sobrecarga articular.

 

4.1.2- Osteoporose

É uma doença crônica, multifatorial, relacionada à perda progressiva de massa óssea, geralmente de progressão assintomática até a ocorrência de fraturas. Ocorre mais frequentemente em mulheres após a menopausa e em orientais, sendo mais rara em indivíduos de raça negra (SKARE, 1999).

Apresenta como principais fatores de risco: história familiar, hipoestrogenismo, nuliparidade, sedentarismo, imobilização prolongada, dieta insuficiente cálcio, ingestão abusiva de café, tabagismo, alcoolismo, uso crônico de corticosteróides, anticonvulsivantes, heparia e outros. No estado em que a doença encontra-se grave, com múltiplas fraturas e dor óssea, a reabilitação aquática oferece métodos com técnicas mais suaves, destinadas ao alivio das dores, aumento da amplitude de movimento e um eventual fortalecimento.

Após a fase aguda do quadro, ou seja, quando os locais de fraturas ou trincas estiverem bem consolidados, os movimentos mais vigorosos e exercícios mais intensos gerados pela resistência das técnicas terrestres podem ser iniciados, assim como uma combinação de exercícios de sustentação parcial e completa de peso que provêm esforços mecânicos necessários para estimular a formação de massa óssea e minimizar a progressão da doença (cinesioterapia e Kabat). O treino de marcha e equilíbrio também é de extrema importância para a redução do risco de quedas (BIASOLI, 2006; SCHARLA, 2002).

 

4.1.3- Artrite Reumatóide

É umas das doenças reumáticas mais comuns, definida como um distúrbio auto-imune inflamatório, sistêmico e crônico. Caracteriza-se por uma poliartrite simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações em virtude da erosão óssea e da cartilagem. Acomete duas vezes mais as mulheres que os homens, atingindo as grandes e pequenas articulações.

Apresenta como manifestações clínicas, rigidez matinal, fadiga, perda de peso e incapacidade para a realização de suas atividades tanto na vida diária como profissional. Os objetivos da fisioterapia nesta patologia são: alívio da dor e espasmo muscular, manutenção e restauração da força muscular em torno das articulações dolorosas, redução das deformidades e aumento da amplitude de movimento. As modalidades indicadas são: eletroterapia, FNP, hidroterapia, cinesioterapia e treino de marcha e utilização de órteses para prevenir deformidades articulares (KAUFMAN, 2001; BIASOLI, 2006).

 

4.2- Disfunções clínicas neurológicas

 

4.2.1- Doença de Parkinson ou Mal de Parkinson

È uma doença neurodegenerativa progressiva, que resulta da perda de neurônios pigmentados na substância negra, levando a uma redução da produção do neurônio neurotrasmissor dopamina. Como resultado desta perda ocorre manifestações caracterizadas como a tríade parkinsoniana (tremor, rigidez e bradicinesia).

Em relação aos objetivos fisioterapêuticos, de maneira geral, é importante manter ou melhorar a amplitude de movimento em todas as articulações; retardar o surgimento de contraturas e deformidades; retardar a atrofia por desuso e a fraqueza muscular; promover e incrementar o funcionamento motor e a mobilidade; incrementar o padrão da marcha; manter ou aumentar a independência funcional nas atividades de vida diária; melhorar a auto-estima. O tratamento fisioterápico inicia com o alongamento, relaxamento muscular e diminuição do tônus muscular postural, podendo ser utilizadas técnicas especiais como: RPG, massagem e hidroterapia. O treinamento da marcha pode ser realizado através do Bobath. Orientações das AVDs e AVPs também são indicadas para manter e/ou recuperar a independência do paciente. A fisioterapia nesses casos deve ser feita frequentemente, por período indeterminado (THOMSON; SKINNER; PIERCY, 2000).


4.2.2- Doenças vasculares cerebrais, isquêmicas e hemorrágicas

Conforme Beeson (1977), a isquemia cerebral causada por trombose e/ou embolismo cerebral, produz sintomas clínicos devido ao infarto cerebral. Os acidentes vasculares recidivantes apresentam alto risco de mortalidade e para os sobreviventes a incapacidade e a dependência são os resultados mais comuns. Por sua vez nas doenças hemorrágicas o sangramento a partir da artéria rota é a fonte usual do problema.

O tratamento dessas disfunções apresenta três objetivos: preservar a vida, reduzir a incapacidade e evitar a recidiva. Os indivíduos que se recuperam de seqüelas causadas por tais problemas devem iniciar o programa de reabilitação imediatamente após a instalação temporária ou provisória do quadro motor. O tratamento fisioterápico pode iniciar-se com técnicas neurológicas como Bobath e Kabat, assim como treino de marcha, equilíbrio, AVDs, AVPs e utilização de órteses, conforme a progressão do tratamento. A precocidade do início da fisioterapia previne a formação de contraturas deformidades e a instalação de padrões motores e posturais desordenados, estimulando assim a recuperação da movimentação normal.

 

4.2.3- Lesões mecânicas das raízes nervosas e da medula espinhal

As lesões mecânicas das raízes nervosas podem ser divididas em dois grupos que denominamos de síndromes radiculares e mielopatias. Estas compressões causam dor, parestesias, perdas sensoriais, paresias flácidas ou espásticas, fraquezas, atrofias e alterações reflexas que variam de acordo com a distribuição radicular anatômico no primeiro caso (s. radiculares) e da velocidade de compressão, de extensão transversal e longitudinal da lesão, do papel funcional do nível comprimido da medula espinhal e da causa da compressão no segundo caso (mielopatias).

O trabalho da fisioterapia tem como objetivo, nos quadros mais leves (não cirúrgicos), o alívio da dor, através da eletroterapia e massagem e o trabalho dos desequilíbrios posturais e biomecânicos que é realizado a partir do RPG, ginástica holística e eletroterapia. Nos quadros mais severos, que, apesar da cirurgia descompressiva, restauram sequelas em membros superiores e inferiores, as técnicas fisioterápicas mais abrangentes são o Bobath e a hidroterapia que estimulam a movimentação ativa normal e inibem os padrões de movimentos e posturas desordenados que se possam instalar. O Kabat é indicado em casos de fortalecimento muscular. A independência para as AVDs e AVPs, assim como a utilização de órteses também é orientada (BEESON, 1977).

 

4.3- Disfunções Clínicas Ortopédicas

Na ortopedia podemos dividir o tratamento das disfunções em dois grupos que são: os tratamentos cirúrgicos e os não cirúrgicos. Em ambos teremos a atuação efetiva da fisioterapia.

Nos tratamentos cirúrgicos que são a osteotomia, artrodese, artroplastia, o enxerto ósseo, artroscopia, o enxerto tendinoso e as transferências musculares, o início da fisioterapia é imediato, logo no primeiro dia de pós-operatório, através da crioterapia, dos exercícios isométricos e da utilização de órteses imobilizadoras. A eletroterapia, os exercícios isotônicos e isocinéticos, a hidroterapia e o Kabat podem ser acrescentados gradativamente, assim como a carga dos exercícios e o treino de marcha e equilíbrio (ADMS, 1978).

 

4.4- Disfunções Clínicas Cardiovasculares

É considerada a principal causa de morte e a cardiopatia tem sido alvo de muitos estudos científicos para aprimorar o seu diagnóstico, tratamento e prevenção, principalmente no que se refere a substâncias farmacológicas, bioengenharia e procedimento cirúrgico. Na parte preventiva, tanto a diminuição da morbidade quanto da mortalidade estão sendo alcançadas através das mudanças de hábito, principalmente quando se trata das atividades físicas e de lazer.

Desde a década de 1960, quando ocorreu a implantação e desenvolvimento de programa de reabilitação cardíaca, houve diminuição dos fatores de risco da doença e diminuição de uso de farmacoterápicos. Esses programas incluem desde atividades cautelosas de caminhadas até o treinamento resistido com pesos, exercícios globais para o todo o corpo, assim como o treinamento aquático, redirecionando a atitude, as crenças e o comportamento do paciente cardíaco (BIASOLI, 2006).

 

 

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Fisioterapia demonstra uma eficácia benéfica no tratamento das disfunções da terceira idade, sendo uma área da saúde imprescindível à atenção primária ao idoso. Sendo assim, o fisioterapeuta deve ocupar um papel relevante nessa atenção. Tem como objetivo, preservar as funções motoras do idoso, visando adiar a instalação de possíveis incapacidades, próprias do processo de envelhecimento, e tratar as alterações e os sintomas já surgidos.

Diante disso, apresenta modalidades específicas quando visto de uma forma global, na maioria dos casos trás melhorias para a qualidade de vida do idoso, levando-o a uma maior independência e interação com o meio social em que vive.

 

 

REFERÊNCIAS

ADMS, J.C. Manual de Ortopedia. 8ª edição. Brasil. Artes Médicas, 1978.

BEESON. Tratado de Medicina Interna. 14ª edição. Brasil, Ed. Interamericana 1977.

BIASOLI. Hidroterapia: Aplicabilidades Clínicas. Revista Brasileira de Medicina, 2006.

BOBATH, K. Uma base Neurofisiológica para o tratamento da Paralisia Cerebral. 2ª edição. São Paulo: Ed Manole, 1984.

DAMOWSK, J. Estudo epidemiológico brasileiro: resultados preliminares. Revista Brasileira de Reumatologia 2006; 46 (2):12.

DOMENICO, G; Técnica de Massagem de Beard. São Paulo: Editora Manole 1998.

FELSON, DT. Epidemiology of Rheumatic Diseases. In: Osteoarthritis. Rheum Dis Clin North Am. 1990; 16:499-512.

GROENMAN, PE. Principles of Manual Medicine. Baltimore: Willians& Wilkins, 1996.

KAUFMAN. T. L. Manual de Reabilitação Geriátrica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

KISNER, Carolyn & COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2005.

KITCHEN, S; Eletroterapia de Clayton. 10ª edição. São Paulo, Ed. Manole 1998, p.123-138.

KNOTT, M; Voss, DE. Facilitación Neuromuscular Proprioceptiva. Buenos Aires: Editora Panamericana, 1974.

McNeal R. Reabilitação aquática de pacientes com doenças reumáticas. In: Ruoti RG, Morris  DM, Coles AJ. Reabilitação Aquática.Brasil. Manole.200. p215-232.

PIRET, S; MÉZIERES, MM. A Coordenação Motora. São Paulo: Summus, 1992.

SANDOR, P. Técnica de Relaxamento. São Paulo. Editor Vetor, 1974.

SOUCHARD, PHE. O Strectching Global Ativo. 1ª Edição. São Paulo: Editora Manole . 1996.

SCHARLA, S. Reabilitação depois de fraturas induzidas por osteoporose. Colocando seu paciente rapidamente em pé. MMW Forstchrmes 2002; 144(21):34-6, 38.

SKARE, THELMA LAROCCA. Reumatologia: Princípios e Prática. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1999.

THOMSON, A.; SKINNER, A.; PIERCY, J. Mal de Parkinson. In:___. Fisioterapia de Tidy. 12.ed. São Paulo: Santos, 2000. p. 333-335.

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.

- Publicado em 30/09/2010.


Artigos Relacionados:
 
 
Joomla 1.5 Templates by Joomlashack