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Fraturas mais frequentes em Praticantes de Motoveloterra E-mail
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Trabalho realizado por:
Geovani Martinuzzi Ibaldo   
Fisioterapeuta CREFITO 5/106069-F

Contato: ibaldo9@hotmail.com

INTRODUÇÃO
O Motoveloterra nada mais é do que a união de motocicleta, velocidade e terra. Este esporte consiste em corridas de motocicletas em circuitos de terra (sem obstáculos), formados por retas e curvas, contendo ou não “paredões” (morros de terra na lateral das curvas), e podendo ser praticado tanto por homens como por mulheres, independentemente da idade.  
Ao longo do curso de fisioterapia, ao comentar a prática desse esporte com colegas e professores, muitos falaram sobre os riscos físicos que este esporte oferecia. A partir daí e devido à falta de estudos sobre o assunto, que surgiu o interesse de descobrir as fraturas mais frequentes que acometem os pilotos praticantes deste esporte.  
Este artigo, portanto, tem como interesse principal abordar as fraturas que, com maior frequência, acometem os pilotos de motoveloterra, limitando-se aos participantes de etapas do campeonato da Fronteira Sul e Oeste do Rio Grande do Sul.
Para a obtenção dos dados, como fraturas mais frequentes, usou-se como instrumento um questionário, o qual se encontra como anexo A.

METODOLOGIA
O objetivo principal deste estudo foi verificar as fraturas que acometem com maior frequência os pilotos de motoveloterra, participantes da 3ª, 4ª e 5ª etapas do campeonato da fronteira Sul e Oeste do Rio Grande do Sul.
A população da pesquisa foi de cento e dez pilotos participantes da 3ª, 4ª e 5ª etapa do Campeonato Sul e Oeste do Rio Grande do Sul de Motoveloterra, nas cidades de Itaqui, Santana do Livramento e São Borja, no período de Julho a Outubro de 2006.     
A amostra foi de 51 pilotos que se mostraram disponíveis a aplicação do questionário durante o período de descanso dos treinamentos, na manhã anterior à competição.  
Não foi possível a aplicação do questionário no restante dos pilotos, pois os mesmos encontravam-se em treinamento ou ainda não estavam presentes no local da competição.

Resultados
A população do estudo constituiu-se de pilotos de motoveloterra da fronteira Oeste e Sul do Rio Grande do Sul que estavam participando da 3ª, 4ª e 5ª etapas, que foram realizadas nas cidades de Itaqui, Santana do Livramento e São Borja; entre os meses de Julho, Setembro e Outubro de 2006. Durante as três etapas, 51 pilotos aceitaram responder ao questionário, constituindo-se destes o nosso universo de discussão dos dados. Esses dados foram analisados e estão demonstrados nos seguintes gráficos e tabelas:





Gráfico 1: Fraturas praticando o motoveloterra
Fonte: Dados obtidos através de questionário aplicado nas 3ª, 4ª e 5ª etapas.


De acordo com o gráfico 1, dos 51 sujeitos participantes do estudo, 27% relataram ter fraturado uma ou mais regiões do corpo praticando o motoveloterra, enquanto que, 73% relataram não ter sofrido nenhum tipo de fratura.


Tabela I: Referente ao número de fratura nas regiões do corpo do piloto

Regiões Número de fraturas Porcentagem
Cabeça 0 0%
Coluna Cervical 0 0%
Coluna Dorsal 0 0%
Coluna Lombar 0 0%
Braço 1 3%
Antebraço 4 14%
Mão 3 11%
Coxa 0 0%
Perna 3 11%
4 14%
Patela 3 11%
Esterno 2 8%
Costela 3 11%
Clavícula 4 14%
Escápula 1 3%
Total 28 100%

Fonte: Dados obtidos através de questionário aplicado nas 3ª, 4ª e 5ª etapas.

A tabela acima mostra as diferentes regiões do corpo fraturadas pelos pilotos durante a prática do motoveloterra. Ao total, 10 regiões foram citadas, sendo que as fraturas de antebraço, pé e clavícula foram as mais encontradas, totalizando 42%. Outras regiões encontradas foram: fraturas de mão (3 indivíduos ou 11%), fraturas de perna (3 indivíduos ou 11%), fraturas de patela (3 indivíduos ou 11%), fraturas de esterno (2 indivíduos ou 8%), fraturas de costela (3 indivíduos ou 11%), fraturas de braço (1 indivíduo ou 3%) e fraturas de escápula (1 indivíduo ou 3%). Ao total, foram citadas 28 fraturas em iguais ou diferentes regiões.  

Fratura

Generalidades


Conforme Sizínio e Xavier (1998), as fraturas constituem o capítulo mais importante e extenso dentro da Traumatologia. Seu tratamento vem sofrendo uma evolução fantástica nas últimas décadas, como consequência do progresso dos conhecimentos básicos de fisiopatologia óssea e dos mecanismos de reparação das fraturas, além de grandes progressos tecnológicos que permitam o desenvolvimento de instrumentos e implantes cada vez mais precisos e eficientes.  

Definição

Conforme Serra et al. (2001), entende-se por fratura a solução de continuidade que se produz em um osso quando a força aplicada sobre ele é superior à sua elasticidade.
De acordo com Sizínio e Xavier (1998), do ponto de vista mecânico, fratura representa a perda da capacidade do osso de transmitir normalmente a carga durante o movimento, o que ocorre por perda da integridade estrutural.  

Mecanismo da fratura

Conforme Gould III (1993), a energia imposta ao corpo humano pelas forças de impacto devem ser dissipadas e, de preferência, por métodos de absorção que não produzam lesões.  
As formas de proteção elaboradas para uso dos atletas, tais como capacetes, são idealizadas para absorver o impacto e reduzir a carga sobre o osso. Entretanto, apenas os protetores não são suficientes para absorver todas as forças de um impacto. A carga é transmitida através dos materiais de proteção e absorvida em parte pelo organismo, sob forma de massa muscular ou de gordura, mas também pelos tecidos rígidos do corpo, tais como osso e cartilagem.     
Entretanto, o principal mecanismo de absorção de energia no corpo humano é a contração do músculo. Quando os músculos agonistas e antagonistas sofrem um estresse equivalente, podem evitar cargas de torção e de angulação. Se estas manobras excederem à resistência do osso, pode ocorrer uma fratura, mesmo na ausência de um trauma ou queda.  

Fraturas mais encontradas

Conforme questionário (anexo A), as fraturas mais encontradas em praticantes de veloterra são:

Fratura de clavícula

Segundo Serra et al. (2001), a fratura de clavícula é muito frequente, sobretudo em crianças e esportistas. É uma estrutura óssea que possui características surpreendentes, já que, apesar de ser difícil de evitar de forma eficaz os movimentos em nível do foco de fratura, os problemas de consolidação são muito raros e o tempo que esta demora para consolidar-se é um dos mais breves de todos os ossos.   

a) Mecanismo de lesão
Segundo Sizínio e Xavier (1998), a clavícula é um osso longo situado horizontalmente entre as articulações acromioclavicular e esternoclavicular, portanto, a sua deformidade resulta do peso do braço e espasmo da musculatura do tórax e do braço.  
O mecanismo das fraturas de clavícula, tanto no adulto como em crianças, é o mesmo: queda com apoio na mão ou queda sobre o ombro.
Serra et al. (2001), relatam dois mecanismos:
– trauma direto: é pouco frequente a aparição desse tipo de fratura por queda ou golpe direto.
– trauma indireto: geralmente se produz por queda com a mão em extensão, transmitindo-se a força através de toda a extremidade até a clavícula.  


Fraturas do antebraço

a) Fraturas diafisárias do antebraço
Segundo Serra et al. (2001), as fraturas diafisárias da ulna e do rádio são muitos frequentes, sendo produzidas em todas as idades. Estes tipos de fraturas costumam ser instáveis, já que o mais habitual é afetarem os dois ossos, fraturando os dois ossos ou produzindo a fratura de um e a luxação do outro.  


Mecanismo de lesão:
De acordo com Bruschini (1993), durante a queda, é o membro superior, servindo como proteção, que atinge o solo em primeiro lugar, fraturando-se com uma incidência muito alta. A queda com a mão espalmada no solo frequentemente produz fraturas no terço distal do antebraço (mais de 70%). As outras fraturas (do terço médio e do terço proximal) são raras e geralmente são produzidas por outro tipo de queda.
Serra et al. (2001), relatam dois mecanismos para este tipo de fratura:
– Trauma direto: é pouco frequente e costuma afetar um só osso (geralmente a ulna). Se ocorrer a fratura dos dois ossos, pode resultar em uma fratura cominutiva ou transversa.
– Trauma indireto: é o mecanismo mais frequente, afetando normalmente os dois ossos, e deve-se a uma queda sobre a mão em flexão dorsal ou palmar. Também pode produzir-se uma rotação do rádio sobre a ulna.  

b) Fraturas distais de ulna e rádio
Segundo Serra et al. (2001), estes tipos de fratura são frequentes, especialmente as de extremidade distal do rádio. Em crianças, as fraturas costumam ser em galho-verde, enquanto que nos adolescentes é do tipo epifisiólise.
Em virtude de neste extremo do rádio haver abundante tecido ósseo esponjoso e de ser bem vascularizado, são muito raros os problemas de consolidação.  
Mecanismo da fratura:  
Conforme Sizínio e Xavier (1998), as fraturas do terço distal do rádio ocorrem por uma força aplicada quando o punho se encontra em flexão dorsal e o antebraço pronado. Existem vários aspectos implicados na produção dessa fratura, tais como:  
– posição da mão e do antebraço;
– qualidade do osso;
– quantidade de força aplicada;
– tipo de movimento.


Serra et al. (2001), ressaltam dois mecanismos para as fraturas distais da ulna e do rádio:
– trauma direto: mecanismo muito raro;
– trauma indireto: geralmente o mecanismo de produção é uma queda sobre a mão em flexão dorsal ou palmar.  


c) Fratura articular marginal
Conforme Sizínio e Xavier (1998), a fratura de Rhea Barton é uma fratura instável que ocorre com maior frequência nos adultos jovens e expostos a traumatismos de grande energia cinética. O mecanismo de produção depende da força e do ângulo aplicado ao rádio distal pelo maciço carpiano. Se durante a queda, o punho estiver em extensão, ocorrerá fratura da porção volar da superfície articular distal do rádio. As fraturas-luxações dorsais são mais raras e frequentemente cominutivas, ocasionadas por forças de alta energia cinética com o pulso em hiperflexão.  

Fraturas do pé

a) Fraturas do talo
Segundo Sizínio e Xavier (1998), as fraturas do talo são bastante incomuns, não chegando a 1% das fraturas em geral. A estrutura trabecular é extremamente forte e resistente a forças de compressão duas vezes maiores que o calcâneo. Sendo assim, são necessários traumatismos violentos para fraturá-lo. Porém, é frequente este tipo de fratura em acidentes automobilísticos e de motos, queda de altura e acidentes do esporte.  


b) Fraturas dos metatarsianos  
Conforme Sizínio e Xavier (1998), as fraturas dos metatarsianos são produzidas por quedas de objetos pesados sobre o pé ou por torções ou angulações ao nível do antepé, como, por exemplo, quando a ponta do pé fica presa, enquanto o retropé segue no seu movimento, ou vice-versa.     
Segundo Serra et al. (2001), as fraturas da base do quinto metatarsiano são as mais frequentes, sendo o seu mecanismo de produção um arrancamento consequente a uma inversão forçada do pé, que geralmente dá lugar a uma fratura de traço horizontal não deslocada. Dessa forma, poderá  afetar a articulação do metatarsiano com o cubóide e, se ocorrer a fragmentação de toda a base, também afetará o quarto metatarsiano.  


c) Fraturas de falanges
Segundo Sizínio e Xavier (1998), as fraturas dos dedos são produzidas pelo choque da ponta do pé contra obstáculos fixos, ou pela queda de objetos pesados sobre a mesma, causando a fratura das falanges.
Estes tipos de fratura são caracterizados pela dor localizada, aumento de volume, sufusão sanguínea, dor provocada pela compressão axial na ponta do dedo, deformidade visível ou palpável e, por vezes crepitação.  
As fraturas das falanges podem ser diafisárias ou das extremidades; neste caso, podem ser intra-articulares.     

Motoveloterra ou moto velocidade em terra

Como o próprio nome diz, motoveloterra nada mais é do que, a união de motocicletas, velocidade e terra.
Segundo FCM (2006), para a realização das etapas (corridas), todos os campeonatos, independentemente da região ou estado, devem estar de acordo com o regulamento - técnico e desportivo da Confederação Brasileira de Motociclismo, única entidade por força de lei capacitada a dirigir, coordenar, planificar, autorizar e supervisionar as atividades motociclísticas no Brasil.   
Conforme FCM (2006), para a realização das provas, as motocicletas são divididas conforme a sua fabricação e cilindradas (cc). As principais categorias são:
– Categoria Honda: para pilotos com motos de fabricação nacional com motor de quatro tempos original de 125 cc.  
–    Categoria Nacional: para pilotos com motos de fabricação nacional com potência livre, exceto motores de 125 cc original.
– Categoria Yamaha: para pilotos com motos de fabricação nacional com motor dois tempos de 125 a 180 cc.
– Categoria Importada: engloba pilotos com motos específicas de competição importada com motores de dois tempos e quatro tempos com potência livre.  
A pista ou circuito é de responsabilidade dos organizadores da etapa e deverá estar concluída em um prazo de 15 dias antes da prova para vistoria da organização do campeonato. O circuito deverá ter entre 800 e 1500 metros de extensão, com no mínimo 6 metros de largura e afastada da cerca de isolamento do público em pelo menos 3 metros. Para a largada das baterias, é obrigatório o uso de partidor (gate). O percurso deve ser marcado com pneus pintados ou pode ser usada fita de plástico em todo o contorno da pista, que também precisa ter uma reta de pelo menos 120 metros, adotando ou não paredões. É obrigatório, também, um local reservado e de fácil acesso para ambulância e para o caminhão pipa, cuja finalidade é molhar a pista, por ocasião do excesso de pó, melhorando a visibilidade dos pilotos e evitando, com isso, acidentes.  
A ambulância deve estar presente durante o treino e corrida, acompanhada da equipe médica para socorro dos pilotos e público.  


a) Responsabilidade dos pilotos
Segundo FCM (2006), o piloto deve sempre usar equipamento básico de proteção, incluindo capacete antichoque, luvas, óculos de proteção ou viseiras, calçados adequado (bota), calça comprida, camisa de manga longa, entre outros utilitários.


CONCLUSÃO

Este artigo teve como objetivo principal verificar as fraturas de maior frequência nos pilotos de motoveloterra, participantes de etapas do campeonato da fronteira Sul e Oeste do Rio Grande do Sul.
Dos pilotos que responderam ao questionário, poucos relataram ter fraturado regiões do corpo praticando o motoveloterra, demonstrando que esse esporte, apesar de ser considerado perigoso, apresenta poucos índices de fraturas, diante do que se espera de um esporte em que a velocidade expõe o atleta a riscos físicos.
Analisando os resultados, observamos que as fraturas de clavícula e antebraço têm como mecanismo de lesão quedas com os membros superiores estendidos, enquanto que as fraturas de pé ocorrem por quedas de objetos pesados sobre o mesmo. Este mecanismo de lesão das fraturas encontrado na literatura justifica a sua frequência nos pilotos.  
A realização desta pesquisa nos permitiu alcançar os objetivos inicialmente propostos e proporcionou uma grande satisfação ao autor porque permitiu associar a fisioterapia com o esporte praticado.  
Fica ao término desta pesquisa a proposta de novos estudos nesta área pouco explorada e para que este esporte possa ser mais uma situação de  atuação fisioterápica.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BRUSCHINI, Sérgio. Ortopedia pediátrica. São Paulo: Atheneu , 1993.  
FCM. Federação Catarinense de Motociclismo. Regulamento campeonato 2005/2006. (2006). Disponível em: < www.fcm.org..br>. Acesso em: 15/10/2006.
GOULD III, James A. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 2. ed., São Paulo: Manole, 1993.
SERRA, Gabriel, R. Serra; DÍAZ, Petit, J.;  SANDE, Carril, L. de . Fisioterapia em traumatologia, ortopedia e reumatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.  
SIZÍNIO, Hebert; XAVIER, Renato. Ortopedia e traumatologia – princípios e prática. 2. ed., São Paulo: Artmed, 1998.
Anexo A
Questionário

Nome:.................................................................

Idade:.............................
Durante quanto tempo pratica o motoveloterra? ...........................................

1) Teve alguma fratura praticando o motoveloterra?
( ) Sim             ( ) Não

2) Em qual região do seu corpo?
( ) Cabeça    ( ) Coluna    ( ) Cervical    ( ) Dorsal
( ) Lombar    ( ) Braço    ( ) Antebraço    ( ) Mão
( ) Coxa    ( ) Perna    ( ) Pé    ( ) Patela
( ) Esterno    ( ) Costela    ( ) Clavícula    ( ) escapula
Outros:.................................................................................................

 

Obs:
- Todo direito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 07/07/2017.

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