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Alterações Posturais em Escolares relacionadas ao Uso de Mochilas Imprimir E-mail
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Postural Changes in Connection with your Use of School Backpacks


Trabalho realizado por:

Jackeline Schleu Lopes : trabalho de conclusão de curso 2009.2

Descrição do autor:
Dra.Jackeline Schleu Lopes Crefito 3849-F

Graduada em Fisioterapia pela EBMSP/FBDC
Pós graduada em Terapia Manual Internacional
Formação em Massoterapia, R.P.G, Bandagem Funcional e Osteopatia.
Fisioterapia Responsável pelo ambulatório do Hospital Evangélico da Bahia, SERMECA.
Coordenadora da Clínica Schleu Fisio E Terapias.
Fisioterapeuta responsável pela ergonomia e Ginástica Laboral da Empresa Rocha Assessoria Contabil.

Contato: fisioschleu@yahoo.com.br


Orientadora:


Profª Kátia Nunes Sá.

* Orientadora de pesquisa em Cinesiologia e Biomecânica na FBDC, UNIME e FTC, mestranda em Medicina e Saúde Humana.

 

Resumo

Cada vez mais, cresce o número de crinças utilizando mochilas pesadas e de meneira inadequada, aumentando  o surgimento de dores de coluna cada vez mais cedo.Estas posturas inadequadas geram pequenas sobrecargas anormais sobre as articulações, que quando repetidas diversas vezes durante um curto período de tempo promovem um efeito acumulativo podendo resultar numa patologia de origem mecânica.

Palavras-Chaves: postura, escolares, uso de mochila.

 

Introdução

A postura é a atitude adotada pelo conjunto de articulações do corpo em determinado momento permitindo a estabilidade corporal. O alinhamento correto destas articulações permite uma eficiência fisiológica e biomecânica máxima, o que minimiza estresses e sobrecargas infligidas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade.

Este estado de equilíbrio musculoesquelético protege as estruturas de sustentação do corpo em relação a lesões ou deformidades progressivas. Posturas inadequadas geram pequenas sobrecargas anormais sobre as articulações, que quando repetidas diversas vezes durante um curto período de tempo promovem um efeito acumulativo podendo resultar numa patologia de origem mecânica.

Estudos recentes mostram uma maior incidência de desequilíbrios posturais na população mundial tendo como provável fator predisponente as alterações posturais iniciados na infância, o que torna necessário uma atenção maior a postura adotada por este grupo etário estabelecendo medidas de intervenção preventivas. Os desequilíbrios posturais gerados nessas situações são agravados pelo fato de o peso carregado ser freqüentemente desproporcional ao peso do próprio corpo e pelo uso inadequado da mochila, como no caso do apoio em um único ombro.

A biomecânica pode auxiliar na interpretação mecânica de posturas adotadas em função do uso crônico de algum acessório tal como mochilas escolares. Essas posturas inadequadas, adotadas pelas crianças no ambiente escolar, levam a desequilíbrios musculares globais e conseqüentes alterações posturais, podendo promover distúrbios de crescimento. Durante o pico de crescimento (10 a 15 anos) a freqüência em que ocorrem alterações posturais é ampliada. Estas desordens musculoesqueléticas podem ser reversíveis no início, mas podem passar a apresentar um perfil crônico quando se promove compensações organizacionais das estruturas prejudicadas.

A maneira a qual se utiliza a mochila, como carregar, levantar a mesma e retirara-la das costas são repetições que ao final do dia faz muita diferença na coluna vertebral, trazendo dores e alterações posturais progressivas caso não execute de maneira correta. A mochila ideal para se usar é aquela a qual tenha duas tiras um pouco largas e acolchoadas, não devendo ultrapassar a cintura da criança bem como a largura não pode ser maior do que o dorso do aluno. Vale ressaltar que o peso ideal da mochila não deve ultrapassar 10% do peso da criança.


Objetivo


O objetivo deste artigo é avaliar os desvios posturais em crianças e adolescentes, comparando os dados obtidos com e sem o uso da mochila escolar, com a finalidade de identificar as alterações posturais mais incidentes nesta faixa etária e observar a variação da incidência destas alterações quando associado ao uso do acessório escolar.


Material e Método

Foi realizado um estudo observacional, de corte transversal, em uma amostra com 106 indivíduos hígidos, caracterizados na tabela 1, no período de 1º a 14 de novembro de 2005, por acadêmicos do 3º período do curso de fisioterapia, devidamente treinados da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, Bahia.

A amostra foi aleatória, não probabilística, tendo como critérios de exclusão portadores de doenças que afetem a postura, lesões traumáticas e cirurgias recentes em membros inferiores e tronco, ocorridas nos últimos 6 meses.

Foram analisadas 424 fotos, sendo excluídas por região avaliada de acordo com os critérios de exclusão. (Figura 1) Estes são: uso de meias e/ou calçados, vestimentas inadequadas e falta de nitidez do material.

O parâmetro avaliado foi a postura dos indivíduos com e sem o uso da mochila, obedecendo a ordem de avaliação da postura. Foram avaliados o alinhamento de prumo da vista lateral esquerda e anterior e o nivelamento horizontal dos pontos de referencia na vista anterior.

As fotografias foram tiradas com câmera digital alinhada no nível da pelve e distantes o suficiente para enquadrar o indivíduo observado, incluindo os pés e a cabeça (aproximadamente 2,5 metros).

Quatro fotos foram realizadas em cada indivíduo: duas sem mochila (sendo uma lateral e outra anterior) e duas com a mochila nas mesmas tomadas. Seis monitores de Cinesiologia sob supervisão da responsável analisaram as alterações posturais.




Fonte: Dados da pesquisa



Resultados e Discussão

A partir da análise das fotos das crianças com e sem o uso de mochila, foram observadas alterações posturais no nível da coluna cervical, coluna torácica, ombro, lombossacra, pelve/quadril, joelho e pé tanto na visão anterior, quanto em perfil.  Os principais desvios encontrados na vista anterior e lateral foram: joelho valgo 58% , tornozelo valgo 23%, desnível de ombro 64%, inclinação pélvica 61%, inclinação da cabeça 37%, anteversão 58% pélvica, hiperlordose lombar 61% hipercifose torácica 36%, protação de ombros 71% e hiperextenção do joelho 48% (Tabela2).


A contínua sobrecarga sobre as articulações da coluna vertebral, seja ela através de mochilas, de equipamentos dentre outros, leva a uma série de conseqüências sobre os ligamentos articulares, discos intervertebrais, facetas e músculos da coluna vertebral. Esta sobrecarga se distribui de uma maneira heterogênea, afetando aquelas regiões que possuem uma menor área para distribuição deste peso.

A prevalência de alterações posturais encontradas neste estudo teve uma maior relevância nos achados de protração dos ombros 71%,seguida de desnível nos ombros 64%,inclinação pélvica 61%,hiperlordose lombar 61% a anteversão pélvica 58%.

Segundo Souchard (1985), crianças de 6 a 10 anos tendem a projetar seu abdômen para a frente e hiperextender os joelhos para a distribuição do peso ântero - posterior. Esta talvez seja uma das explicações para o elevado índice da hiperlordose lombar (61%), no qual também houve um índice elevado no estudo de Martelli e Traebert (2006). O alto índice de protusão de ombros  também foi verificado por Pinho et al (1995) no seu trabalho de análise postural em escolares e por Penha et al.(2005).

Neste estudo verificou-se que a maioria dos alunos carregavam pesos entre 3kg a 5kg, sendo que segundo  a Lei nº 10.795, 1998,este peso é excessivo para a faixa etária avaliada.

Este estudo apresenta limitações inerentes aos estudos transversais, apresentando dados extremos  e limitações como a variabilidade do peso do material escolar que pode apresentar muitas diferenças de um dia para o outro.  Erros na coleta de dados também geraram perda grande de fotografias que tiveram que ser excluídas, assim como o tamanho amostral e a heterogeneidade da amostra impedem extrapolações maiores.


Conclusão

O presente estudo mostrou que algumas desordens posturais podem ser agravadas ou desenvolvidas devido ao uso excessivo de peso das mochilas, bem como o  transporte inadequado do acessório escolar. Vale ressaltar a importância da atenção e orientação dos pais e educadores para o uso adequado dos seu mobiliário escolar e de acessórios, prevenindo assim possíveis disfunções e dores crônicas que podem surgir conseqüentes à falta de atenção a este aspecto.


Referências Bibliográficas

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SOUCHARD, E. Ginástica Postural Global. São Paulo, Martins Fontes, 1985
•    http://bbel.uol.com.br/filhos/post/as-criancas-x--mochila-escolar.aspx

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de suas autoras.

- Publicado em 16/06/2011.


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