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Benefícios do Método Pilates na Postura e Qualidade de Vida de Pessoas com Artrite Reumatóide E-mail
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PiorMelhor 

 

Trabalho realizado por:

- Aline Félix Carvalho de Oliveira¹;
- Tatiene Silva de Souza Lima¹

 

Contatos: 

Tatiene Silva de Souza Lima: tatybio_fisio@hotmail.com

Aline Félix Carvalho de Oliveira: alinenasck@hotmail.com

 

¹ Fisioterapeutas concluintes do curso de Formação Completa no Método Pilates – Quali & CPX Cursos, Alagoinhas-BA.

 

 

RESUMO

A Artrite Reumatoide (AR) é uma patologia autoimune sistêmica de causa desconhecida e caracterizada por dor articular, rigidez, fadiga e inflamação contínua nas articulações, sintomas que culminam em alterações posturais e diminuição da qualidade de vida. Sabendo-se que o exercício físico regular promove melhora na capacidade funcional, postura, aptidão cardiovascular, força e flexibilidade muscular e também na saúde óssea. Levando em consideração que o método Pilates é uma atividade segura e de baixo impacto articular, é importante conhecer de que forma o mesmo pode atuar de forma benéfica sob a saúde dos indivíduos afetados. Nesta perspectiva, o objetivo geral do presente artigo foi abordar sobre os possíveis benefícios do método Pilates na postura e qualidade de vida das pessoas acometidas. Foi realizada pesquisa qualitativa do tipo revisão de literatura, buscando informações de diversos trabalhos científicos desenvolvidos na área da saúde relacionados ao tema. Os materiais foram encontrados nos sistemas de bases de dados online Medline e Sielo, sendo selecionados artigos originais apresentados em congressos, periódicos científicos e livros eletrônicos, cujos critérios de exclusão foram artigos publicados antes do ano 2000. As pesquisas mostraram que o método pode proporcionar a minimização das dores articulares, prevenção de deformidades, reeducação postural, melhoras cardiorrespiratórias e aumento da composição óssea, além do consequente aumento da qualidade de vida. Em síntese, a prática do Pilates representa uma ferramenta útil na reabilitação da doença em foco, visando o trabalho físico globalizado o qual beneficia corpo e mente. Apesar da necessidade de realização de mais pesquisas neste âmbito de estudo, recomenda-se o Pilates para pessoas com artrite reumatoide.

 

Palavras-chave: Atrite reumatoide; Pilates; Postura; Qualidade de vida.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Dentre as doenças reumáticas a Artrite Reumatoide (AR) consiste numa patologia crônica, sistêmica, de etiologia desconhecida, caracterizada por dor articular, rigidez, fadiga e principalmente por inflamação contínua nas articulações. Com a evolução, ocorre o envolvimento de um número crescente de articulações, havendo predileção pelas mãos, pés e punhos, geralmente num padrão simétrico.

Apesar de ser uma doença progressiva e incurável, fato que torna seu tratamento contínuo, a artrite permite que o paciente possa ter uma vida o mais próximo possível dos padrões normais. Nesse sentido a atividade física, se realizada adequadamente, poderia auxiliar a manter a integridade anatômica e funcional das estruturas que se localizam ao redor das articulações a fim de garantir a movimentação das mesmas. Além disso, o exercício aumenta a produção de líquido sinovial, responsável por lubrificar as articulações.

Guimarães e Cruz (2003, p. 2) confirmam este pensamento ao afirmarem que o desenvolvimento e a manutenção das estruturas responsáveis pela motricidade dependem constantemente da execução dos movimentos, isto é, a ação motora estimula o sistema que a produz. Sabe-se também, que o exercício físico regular promove melhora na aptidão cardiovascular, na aptidão funcional, na força e flexibilidade muscular e na saúde óssea (MICULIS et al. 2009).

As doenças dos ossos, músculos e articulações podem ser afetadas diretamente ou não, tanto pelo exercício físico regular quanto pela falta dele. Nesse contexto, o incentivo à prática de atividade física vem sendo apontado como uma ação importante na área da saúde pública, como uma tentativa de se alcançar estilos de vida fisicamente mais ativos.

Sabendo-se que o paciente afetado pela artrite reumatoide apresenta sintomas característicos os quais se refletem também em alterações posturais e diminuição da qualidade de vida, é fundamental a realização desta pesquisa a fim de estabelecer valiosa discussão acerca dos possíveis benefícios da técnica de Pilates em meio à referida patologia. A reflexão sobre os aspectos apresentados fez surgir o questionamento sobre de que forma o método Pilates poderia proporcionar melhorias na saúde de pacientes afetados pela artrite reumatoide.

Sob este intento, o objetivo geral do presente artigo foi abordar sobre os possíveis benefícios do método Pilates sob a postura e a qualidade de vida de pessoas acometidas por artrite reumatoide. Para o alcance deste objetivo foi necessário também descrever os aspectos fisiopatológicos da doença; discutir sobre as principais recomendações do método nos pacientes; abordar sobre a possível influência do Pilates na minimização de desequilíbrios posturais; e destacar a relevância da terapêutica abordada para melhoria da qualidade de vida das pessoas acometidas.

Assim, estudar uma modalidade de atividade física que vem sendo utilizada como exercício terapêutico é fundamental para informar aos profissionais da saúde, em especial fisioterapeutas, como essa técnica pode beneficiar os pacientes ou a população em geral que procure um trabalho preventivo e reabilitador de complicações resultantes da artrite reumatoide de forma segura.

 

 

2 METODOLOGIA

Foi realizada pesquisa qualitativa do tipo revisão de literatura, buscando informações de diversos trabalhos científicos desenvolvidos na área da saúde relacionados ao método Pilates e os principais benefícios ao paciente com atrite reumatoide. O intuito foi impulsionar o aprendizado e o amadurecimento nessa área de estudo.

As fontes de pesquisa utilizadas foram encontradas em sistemas de bases de dados online Medline e Sielo, sendo selecionados artigos originais apresentados em congressos, periódicos científicos e livros eletrônicos. Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes do ano 2000.

Sequencialmente foi feita a análise das informações encontradas, a fim de facilitar o entendimento do tema proposto. Após a seleção dos materiais foi elaborada uma discussão acerca dos pontos abordados sobre o método Pilates, seus benefícios e sua aplicação na reabilitação da saúde de pessoas com artrite reumatoide, baseado em um amplo aparato científico.

 

3 ARTRITE REUMATOIDE

3.1 Definição e epidemiologia

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória articular de evolução crônica, caracterizada por episódios dolorosos e deformidades físicas, com consequentes limitações no trabalho e nas atividades cotidianas (COSTA et al, 2008). É basicamente caracterizada pela presença de sinovite crônica, simétrica e erosiva, preferencialmente de articulações pequenas, periféricas.

De acordo com Noordhoek e Loschiano (2007) os indivíduos com doenças reumáticas, dentre elas a artrite reumatoide (AR), terão graus variados de comprometimento em seu desempenho nas atividades de vida diárias (AVDs), trabalho e lazer, resultando em limitações de seu desempenho e baixa de auto-estima.

Conforme Case et al apud Abreu 2006, a artrite reumatoide, paradigma das artropatias inflamatórias, pode ser considerada uma patologia recente a qual afeta em torno de 1% da população mundial, o que a torna um sério problema de saúde pública, com graves consequências clínicas, psíquicas, sociais e econômicas.

Em relação a esse aspecto, Torigoe e Laurindo (2006) ressaltam que a doença apresenta uma prevalência mundial de 0,4% a 1,9% e que no Brasil, os poucos estudos realizados mostram um valor entre 0,2 e 1%. Tomando como base os referidos autores, esses dados podem ser explicados pelo fato da doença evoluir com graus variáveis de incapacidade funcional, motivo pelo qual também está associada a taxas de morbidade e mortalidade aumentadas em comparação à população normal.

Segundo Brenol et al (2007) a doença é predominante no sexo feminino, com tendência a surgir após à quarta década de vida, com pico de incidência na quinta década. Quanto ao tema, Ferreira et al (2008) mencionam que a AR é mais comum em mulheres numa proporção de 5:1 e ocorre especialmente na faixa de 40 a 60 anos, porém, quando há acometimento masculino, o curso da doença tende a ser pior. De acordo com a Cartilha de Orientação de Artrite Reumatoide (2011) a maior prevalência no sexo feminino está relacionada a fatores hormonais, tanto que muitas vezes ocorre melhora clínica no período da gestação.

Estudos epidemiológicos demonstram ainda que a mortalidade por infarto agudo do miocárdio ou insuficiência cardíaca congestiva está aumentada em pacientes com AR. As doenças cardiovasculares (DCV) são apontadas como as principais responsáveis por estes dados preocupantes. Isso acontece, de acordo com Cunha (2011), porque a resposta inflamatória sistêmica juntamente com a síndrome metabólica dobra o risco de uma DVC fatal ou não, independente da idade e sexo.

Quanto à mortalidade Cunha (2011) afirma que pacientes com AR apresentam taxas aumentadas de mortalidade, em comparação à população em geral. Brenol et al (2007) completam este pensamento referindo que portadores de AR têm uma sobrevida menor do que a população em geral, o que pode diminuir a expectativa de vida de três para dez anos, dependendo da gravidade e da idade de início da doença.

Dentre os fatores preditivos de mortalidade, ainda estão inclusos idade avançada, incapacidade funcional, número de articulações acometidas, fator reumatoide positivo, nódulos reumatoides e velocidade de sedimentação globular (VSG) elevada (BRENOL et al, 2007). Importante salientar que o VSG consiste num exame realizado para medir atividade inflamatória, sendo um marcador inespecífico de inflamação, e por isso deve ser interpretado de acordo com o contexto clínico em que é solicitado.

 

3.2 Etiopatologia

A artrite reumatoide é resultante de respostas imunes contra as células e tecidos do próprio organismo, o que a caracteriza como autoimune. A etiologia da doença ainda não está bem esclarecida, entretanto conforme Rea (2004) cerca de 60% da probabilidade da doença pode ser atribuída à herança genética. Com base na Cartilha de Orientação de Artrite Reumatoide (2011), além dos fatores genéticos, inúmeros vírus e bactérias foram investigados como sendo possíveis causadores da doença, o que não foi confirmado até o momento.

Silva et al (2003) fazem uma abordagem sobre os eventos fisiopatológicos que ocorrem no curso da doença. Segundo os autores, o exame da membrana (sinovial) que envolve a articulação apresenta nos pacientes com AR, uma intensa inflamação caracterizada por hipertrofia do tecido e transformação funcional das células componentes desta membrana, os sinoviócitos. Quando está inflamada, a membrana sinovial, geralmente composta por apenas uma camada de tecido, pode atingir cerca de dez camadas celulares à custa de macrófagos (sinoviócitos tipo A) e fibroblastos transformados (sinoviócitos tipo B) e produtores de uma série de mediadores inflamatórios (interleucinas).

Ainda de acordo com pesquisadores supracitados, as principais interleucinas mediadoras do processo inflamatório são a interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral (TNF). O tecido sinovial povoado de células inflamatórias se torna rico em enzimas lesivas à articulação, estimulando ainda mais o processo inflamatório e causando destruição articular em decorrência do mesmo.

Agentes infecciosos também tem sido implicados na etiologia do processo inflamatório. Embora vários candidatos tenham surgido (vírus, fungo, micoplasma, Mycobacterium tuberculosis), nenhuma prova concreta de seu envolvimento foi obtida. A Cartilha de orientação de Artrite Reumatoide (2011) também ressalta outras possíveis causas, tais como o fumo, uma vez é conhecido que pessoas fumantes apresentam grande risco de desenvolver a doença, e outros fatores de exposição ambiental como os poluentes do tipo sílica.

 

3.3 Sintomas e complicações

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, as doenças reumáticas podem ser definidas como um grande grupo de diferentes patologias que têm em comum o comprometimento do sistema musculoesquelético (SANTONI et al., 2007). Uma vez que este sistema é formado por músculos, ossos e articulações, os quais juntos colaboram para a sustentação e movimentação do corpo, os sintomas gerados afetam diretamente a realização de atividades e a capacidade funcional dos indivíduos afetados.

A artrite reumatoide é uma doença muito heterogênea em termos de gravidade e ritmo de progressão da inflamação articular, presença de manifestações extra articulares e de resposta ao tratamento farmacológico (BRENOL et al, 2007). Os sintomas mais comuns que são manifestados pelos pacientes são dor e rigidez em múltiplas articulações, além da limitação de amplitude de movimento articular.

Dentre estes, o principal sintoma é a dor, diretamente proporcional ao grau de inflamação. No início da manifestação dos sintomas a dor aparece durante a realização de movimentos ou pressão sobre a articulação afetada. Porém, com a progressão da doença, a dor se manifesta em repouso e acompanhada de hipotrofia muscular.

Conforme Rodrigues (2005) a AR instala-se de maneira insidiosa e progressiva, apresentando manifestações tanto articulares como extra articulares. O autor explica que em manifestações articulares apresentam-se dor e entumecimento, derrames em grandes articulações, rigidez matinal, atrofia muscular periarticular, deformidades.

Todas as articulações sinoviais podem ser acometidas, mas é mais frequente [sic] o acometimento das articulações metacarpofalangianas (MCF), interfalangianas proximais (IFP) das mãos e dos pés, articulações carpais, articulação radioulnar distal e radiocarpal. As articulações acromioclavicular, esternoclavicular, temporomandibular, ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo também podem ser afetadas; na coluna vertebral a região mais acometida é a cervical (RODRIGUES, 2005, p. 202).

Como manifestações extra-articulares o mesmo autor cita febre, astenia, fadiga, modificações cutâneas e vasculares, linfadenopatia, esplenomegalia, manifestações oculares, cardíacas, respiratórias, neuropatias reumáticas, anemia e a presença de nódulos reumatoides subcutâneos. Nesse contexto, percebe-se que o paciente acometido pela doença é afetado globalmente, sofrendo alterações patológicas em diversos sistemas corporais, um dos motivos pelos quais também o tratamento também deve ser globalizado.

Outras complicações podem ser acrescentadas, tais como danos ao tecido pulmonar, maior risco de enrijecimento das artérias, lesão espinhal quando os ossos do pescoço são danificados, inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), o que pode levar a problemas com nervos, coração, cérebro ou pele; além de edema e inflamação da camada exterior do coração (pericardite) e do músculo cardíaco (miocardite), o que pode levar à insuficiência cardíaca.

As doenças cardiovasculares são frequentes em pacientes com a artrite reumatoide. Torigoe e Laurindo (2006) abordam que a maior frequência de aterosclerose nos pacientes com AR é confirmada em estudos recentes, onde pacientes foram submetidos à ultra-sonografia de carótidas.

No tocante a esta problemática, Brenol et al. (2007) explicam que isto se deve a um processo de aterogênese acelerada, que não é explicado somente pela presença dos tradicionais fatores de risco como tabagismo, hipercolesterolemia, idade, diabetes melito e hipertensão arterial sistêmica.

Silva et al (2003) aboradam que após 5 a 10 anos do início da patologia, parte dos pacientes apresenta deterioração do estado funcional, incapacidade progressiva para o trabalho e evolução das lesões radiológicas.

 

 

3.4 Diagnóstico e tratamento

Em meio à ampla gama de sintomas que podem estar presentes, o diagnóstico é realizado por meio da associação de manifestações clínicas, radiológicas e laboratoriais. As alterações clínicas estão relacionadas aos sinais e sintomas característicos, já as radiológicas são evidenciadas por meio de exames tais como Raio-X e ressonância magnética que detectam principalmente imagens de anormalidades articulares e osteopenia. Por sua vez, as manifestações laboratoriais podem ser identificadas por meio de exames tais como hemograma, velocidade de hemossedimentação e (VHS), a alfa-1-glicoproteína ácida e a proteína C reativa (PCR). Dentre os referidos exames, o VHS e PCR apresentam-se aumentados quando há presença de inflamação ativa.

Ferreira et al (2008) destacam os sete critérios definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia no ano de 1998. Destes critérios, se o paciente apresentar pelo menos quatro deles, poderá ser considerado portador de AR. São eles: 1: rigidez matinal por no mínimo 60 minutos; 2: artrite em três ou mais áreas articulares; 3: artrite nas articulações das mãos; 4: artrite simétrica; 5: presença de nódulos reumatoides; 6: positividade do fator reumatoide; e 7: alterações radiográficas típicas.

Os fatores reumatoides, anticorpos que reagem com imunoglobulinas encontradas no sangue, são considerados fortes indícios da presença de artrite reumatoide no paciente examinado. Rebelatto e Morelli (2007) citam que aproximadamente 80% da população com AR é fator-reumatoide positivo. Este fator também pode ser encontrado no liquido sinovial e na membrana sinovial dos acometidos.

Para o controle da atividade da doença e prevenção de incapacidade funcional é importante destacar a importância do diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento, cujos objetivos principais se resumem não só em prevenir ou controlar a lesão articular e a perda de função, mas também em diminuir a dor, tentando maximizar a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, é necessário realizar o diagnóstico diferencial, já que algumas doenças como a fibromialgia e a osteoartrose apresentam sintomatologias semelhantes. Analisando este tema, Silva et al (2003) ressaltam alguns pontos a serem considerados na diferenciação de tais doenças.

Osteoartrose (OA) tem seu início em idade mais avançada, geralmente apresenta poucos e breves sinais inflamatórios e seus sintomas e sinais não são generalizados e/ou sistêmicos como na AR. A osteoartrose de mãos se caracteriza pelo acometimento das interfalangeanas distais (nódulos de Heberden), diferentemente da AR na qual predomina o acometimento das interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas. A incapacidade funcional só ocorre nos pacientes com OA quando existe acometimento intenso dos quadris ou joelhos (SILVA et al, 2003, p. 556).

Conforme Bértolo et al (2007) o tratamento começa com a educação do paciente e de seus familiares sobre sua doença, as possibilidades de tratamento com seus riscos e benefícios, sendo necessário o acompanhamento multidisciplinar, preferencialmente sob a orientação do reumatologista. Nesse sentido, vale mencionar que o tratamento deve ser dinâmico, ou seja, deve ser reavaliado periodicamente.

No início dos anos 80 já era conhecido que na membrana sinovial de pacientes com AR ocorria com freqüência a expressão de várias citocinas implicadas em reações imunoinflamatórias (SCHEINBERG, 2003, p. 138). Em função disso, conforme o pesquisador citado, no fim daquela década e início dos anos 90, o fator de necrose tumoral (TNF) mostrou ser um alvo ideal para o eventual controle da inflamação articular.

Apesar de ser uma doença tratada inicialmente em ambulatório, a artrite reumatoide tem longa duração e alto custo do seu gerenciamento e monitoramento, fazendo o custo do tratamento um importante componente dos provedores de cuidadores de saúde (MONTEIRO; ZANINI, 2008, p. 25). Nesse processo custoso de busca e modulação da evolução da doença, o exercício terapêutico tem uma influência positiva, quando, em concomitância à terapêutica farmacológica, atua de modo a proporcionar melhorias físicas especialmente relacionadas à independência funcional.

A medicina física e a reabilitação também são fundamentais no tratamento da AR tendo em vista o potencial incapacitante da mesma. O acompanhamento desses pacientes do ponto de vista funcional deve ocorrer desde o início da doença com orientação ao paciente e programas terapêuticos dirigidos à proteção articular, à manutenção do estado funcional do aparelho locomotor e do sistema cardiorrespiratório (AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY, 2002).

Fisioterapia e terapia ocupacional contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades da vida diária. A proteção articular deve garantir o fortalecimento da musculatura periarticular e adequado programa de flexibilidade, evitando o excesso de movimento e privilegiando as cargas moderadas. O condicionamento físico, envolvendo atividade aeróbica, exercícios resistidos, alongamentos e relaxamento, deve ser estimulado observando-se os critérios de tolerância ao exercício e à fadiga (AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY, 2002).

Considerando o nível de incapacidade que a AR pode causar, um acompanhamento desses pacientes deve ocorrer desde o começo da descoberta da doença, com orientações aos sistemas locomotor e cardiorrespiratório.

Deve-se ressaltar que o repouso nesses casos deve ser observado, uma vez que quanto maior o tempo que a pessoa permanecer em repouso, maior será seu desgaste articular. O terapeuta deverá então fazer uma escala entre momentos alternados de atividades e descanso de uma forma que seja confortável para o paciente, respeitando suas limitações, afirma Laurindo et al (2004).

Contudo, é importante ressaltar nesse contexto que a restrição dos movimentos deve ser considerada no caso de dores muito intensas. Ela é feita a partir do uso de órteses com o objetivo de aliviar as dores mioarticulares por estabilização articular, contenção e realinhamento, motivo pelo qual sua utilização deve ser contínua, exceção feita às órteses para os pés. Um exemplo é a órtese de repouso para fase aguda de artrite reumatoide mencionada por Noordhoek e Loschiavo (2007) para evitar posições viciosas antálgicas, e por consequência diminuir o estresse articular e, melhorar a dor e o espasmo muscular.

 

 

4 O MÉTODO PILATES

Cada vez mais as pessoas procuram por meios que proporcionem uma melhora na qualidade de vida, exercícios que trabalhem o corpo globalmente e que além de trazer benefícios corporais, que forneçam sensação de prazer e bem estar. Cada indivíduo apresenta suas características e limitações e procuram pela atividade que melhor complemente suas necessidades. Dentre essas técnicas, a que mais cresce é o Pilates, que apesar de já existir desde 1923, só foi começar a ser reconhecida nos anos 90 (SACCO et al, 2005).

Essa técnica apresenta diversas variações de exercícios que podem ser realizados por pessoas de todas as faixas etárias que procuram por uma atividade física ou pela reabilitação de alguma patologia, ou até por atletas que procuram aprimorar seu desempenho.

O Pilates é um método de condicionamento físico que integra o corpo e a mente, amplia a capacidade dos movimentos, aumenta o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal (PEREIRA, 2009). A autora enfatiza que como uma prática integradora, o Pilates é indissociável dos seus princípios fundamentais e se relaciona com a concepção de movimentar o corpo visando à recuperação, a manutenção e a promoção da saúde.

Nesse sentido o método solicita o corpo na sua totalidade, corrige a postura, realinha a musculatura e desenvolve a estabilidade corporal para uma vida mais saudável e longeva (CAMARÃO apud PEREIRA 2009). Panelli e Marco (2006) afirmam que os exercícios de pilates foram desenvolvidos para serem executados e dominados a ponto de se tornarem uma reação do subconsciente, buscando desenvolver o corpo da melhor forma possível, acompanhado de vigor físico e mental renovados.

De acordo com Rodrigues (2009) o método Pilates tem seu fundamento na contrologia (ou estudo do controle) através de séries de exercícios que aprimoram e harmonizam o corpo e a mente e promove uma melhora na consciência corporal, focando no chamado power house (centro de força). Dessa maneira trabalha músculos diretamente ligados ao equilíbrio estático e dinâmico do corpo.

A melhora da postura acaba sendo um dos principais benefícios do método. O Pilates também é indicado para fortalecimento muscular, aumento da flexibilidade, dissociação de cinturas, alongamento axial, melhora do equilíbrio estático e dinâmico, correção da postura, melhora da capacidade respiratória, estimulação proprioceptiva, relaxamento muscular e aumento da consciência corporal.

Para Rodrigues (2009, p. 2) o método de Joseph Pilates é formado por exercícios e series que não causam um desgaste muscular, uma vez que a quantidade de repetições é reduzida, fornecendo assim a prevenção e tratamento de diversas patologias, sendo elas ocupacionais ou genéticas. Esse método é baseado nos seguintes princípios:

 

1. O centro (powerhouse): o corpo tem um centro físico onde se originam os movimentos, o centro de força é o foco para o controle corporal, onde forma uma estrutura de suporte responsável pela sustentação da coluna e órgãos internos;

2. O controle: durante a execução dos movimentos o controle ajuda a alcançar a harmonia da atividade motora favorecendo também a coordenação e evitando contrações inadequadas ou indesejadas;

3. A concentração: é o grande objetivo da técnica, a execução do movimento deve ser realizada procurando manter o máximo de concentração no centro de força;

4. O movimento fluido: que deve ser realizado com harmonia e fluidez, para evitar choques com o solo, movimentos pesados e desperdício de energia; o movimento deve ser executado de forma controlada e contínua;

5. A precisão: está diretamente ligada ao controle, é muito importante na qualidade do movimento, sobretudo para o realinhamento postural do corpo;

6. A respiração: é fator primordial no movimento, uma vez que é importante manter os níveis de oxigenação no sangue.

 

Kalyniak, Cavalcanti e Aoki (2004, p. 488) afirmam que uma das vantagens do Pilates é forma como seus exercícios são realizados, a maioria deles em posição deitada, respeitam o limite dos mecanismos funcionais do corpo, proporcionando uma diminuição dos impactos nas articulações e principalmente na coluna vertebral. Esse método é um dos mais eficazes na reeducação postural já que age em estruturas musculoesqueléticas que interagem entre si durante toda sua vida.

Comunello (2011, p. 2) aborda que os exercícios realizados estimulam a circulação, melhoram o condicionamento físico, o alinhamento postural, os níveis de consciência corporal e a coordenação motora. Esses benefícios proporcionam alívios de dores crônicas e ajudam a prevenir lesões articulares, as quais podem ser agravadas por processos inflamatórios, redução da quantidade de liquido sinovial e lesões cartilaginosas.

A falta de flexibilidade é um fator importante para realização de AVD’s e aumentam as chances de uma distensão, contudo, a flexibilidade em excesso pode gerar instabilidade, podendo causar entorses e dores articulares.

Para Santos (2011, p. 66) o controle postural é fundamental para a realização das mais diversas atividades do dia-a-dia, e a perda ou diminuição desse controle ocorre devido as alterações que ocorrem nos sistemas sensoriais (vestibular, visual e somato-sensitivo) ou nos musculoesqueléticos. É necessária a interação desses sistemas sensoriais para que possa ocorrer uma boa resposta motora, permitindo assim um equilíbrio durante a execução das atividades.

Marchesoni (2012) defende que o método Pilates pode ser conhecido como uma atividade que é capaz de reduzir os riscos de vários problemas e melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida. O Pilates aumenta a capacidade de execução dos movimentos e, consequentemente, o aumento da força, controle, equilíbrio e diminuição das dores musculares.

 

 

4.1 O Pilates na artrite reumatoide

Uma vez que os exercícios são realizados lentamente e de forma controlada, respeitando os limites fisiológicos dos alunos e acompanhados por um instrutor, o Pilates é considerada técnica de baixo impacto articular. De acordo com informações da Empresa Metacorpus Studio Pilates (2011), os exercícios são feitos com molas que darão uma resistência progressiva ao movimento, ou seja, no início do movimento a carga é pequena e vai aumentando conforme a força muscular for movimentando o segmento corporal afetado.

A presença de molas minimiza a compressão articular que acontece no início do movimento, devido a elas estarem com uma pequena deformação neste instante do exercício. Pode-se afirmar, portanto, que o fortalecimento muscular ocorre sem degeneração articular.

A Metacorpus ainda destaca os seguintes objetivos da prática de Pilates para as pessoas com artrite reumatoide: fortalecer as musculaturas (sem impacto) para manter a articulação funcional e estável; estimular isometria no início para posteriormente evoluir com o movimento excêntrico; alongar para diminuir as retrações musculares; e mobilizar articulações a fim de aumentar a lubrificação articular e diminuir a rigidez.

 

 

4.1.1 Benefícios

De acordo com Silva (2007) o papel da terapia por exercício na luta contra a deficiência reumática é grande e a Fisioterapia na artrite reumatoide deve ser parte do tratamento global, embora muitas vezes seja negligenciado e subestimado.

De acordo com dados da Revista Pilates (2012) com o referido método é possível dar continuidade a uma gama de exercícios com segurança e com efetividade. Além disso, a revista enfatiza que quando as crises passarem e houver a diminuição das dores e inchaços, a prescrição dos exercícios de Pilates pode progredir aos poucos, entretanto sem exageros, com a possibilidade de enfocar o equilíbrio muscular por meio da força e flexibilidade dos músculos debilitados de forma que as articulações sejam preservadas.

Um estudo realizado por Miculis et al (2009) cujo objetivo foi realizar uma atualização da literatura apontando os benefícios do exercício físico em alguns processos patológicos do sistema musculoesquelético em adultos com idade superior ou igual a 45 anos, dando ênfase ao papel do alongamento muscular como escolha terapêutica, foi encontrado um estudo demonstrando que o alongamento melhorou a funcionalidade das mãos de pacientes acometidos.

Com isso, a técnica proporcionará uma grande consciência corporal ao indivíduo, que somado às capacidades físicas potencializadas em uma estrutura corporal equilibrada, resultará em um padrão de movimento mais eficiente, demandando menos gasto de energia e, consequentemente preservando mais as articulações nas atividades da vida diárias.

Relatam Conceição e Megener (2010) que os exercícios do pilates são em grande parte realizados na posição deitada e dessa maneira ocorre uma queda no impacto das articulações que sustentam o corpo, principalmente na coluna vertebral. Os autores afirmam ainda que o pilates trabalha com treinamento de resistência, surgindo uma forma de condicionamento físico para proporcionar bem estar, força, flexibilidade, controle e boa postura ao paciente.

É importante que o profissional e o próprio aluno prestem muita atenção ao jeito e sensações dos movimentos, facilitando assim a adaptação ao programa de exercícios. Fazer compressas de água quente durante os períodos de crise pode proteger as articulações de um dano adicional, uma vez que o calor tem a influência de diminuir a viscosidade do líquido sinovial, reduzindo a rigidez articular.

 

 

4.1.2 Possíveis efeitos na postura e qualidade de vida

De acordo com Campiggoto e Hulse (2010) a palavra postura deriva do termo ‘positura’ que significa posição, hábitos ou atitude. A postura pode ser considerada um conjunto de relações do organismo, com as partes do corpo e do ambiente em que se encontra. Ela pode ser considerada uma soma entre os impulsos e emoções do individual, caracterizando o seu estado de espírito.

Pode-se dizer que a postura é uma forma de linguagem do corpo. Do ponto de vista clínico, a boa postura ou a postura ideal é aquela em que a linha da gravidade passa por determinados pontos: processo mastoide, extremidade do ombro, quadril e anteriormente ou tornozelo.

Ainda de acordo com Campiggoto e Hulse (2010) a consciência corporal está relacionada a uma boa postura e ao estado em que os músculos e o esqueleto se encontram. É essencial a harmonia entre eles para que ocorra um bom trabalho de proteção para órgãos, ossos e músculos contra deformidades e lesões.

Dentre muitos fatores determinantes da postura, três merecem destaque: a postura familiar hereditária, as anormalidades estruturais (congênitas ou adquiridas) e a postura por treinamento ou hábito. A má postura acaba se tornando um habito inconsciente que progride para patologias futuras.

Em relação à reeducação postural na AR, o Pilates pode atuar para a busca de um reequilíbrio postural, especialmente da coluna com o intuito de evitar que os músculos estabilizadores e mantedores da postura precisem trabalhar mais para manter o corpo ereto. Considerando esse benefício, pressupõe-se que melhorias também poderão ocorrer sob outros problemas de ordem física também relacionados às alterações posturais, tais como má circulação, dor lombar, dores de cabeça, falta de ar, cansaço crônico e problemas digestivos.

Conforme Silva e Mannrich (2009) o método também auxilia na manutenção da pressão arterial, além de influenciar na calcificação óssea. Importante salientar nesse contexto, que a melhoria na calcificação também reflete em melhorias posturais, oferecendo mais força de sustentação corporal, tanto no tocante ao esqueleto axial quanto ao apendicular.

Além do aspecto postural, o Pilates pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes com artrite reumatoide. Na visão de Barros (2011), o conceito de qualidade de vida se torna mais compreendido na perspectiva de vários fatores relacionados à auto estima e ao bem estar pessoal e está sujeito a múltiplos pontos de vista, de acordo com variáveis tais como cultura, nível socioeconômico e estado emocional.

Partindo de que o termo qualidade de vida apresenta um contexto multidimensional, onde os aspectos psicológicos, emocionais, sociais, culturais e físicos se relacionam amplamente, vale ressaltar que o método Pilates, como técnica capaz de estimular a melhora da independência funcional, da percepção corporal, estética e auto estima, interfere positivamente no bem estar geral dos pacientes acometidos por AR.

Vale lembrar que mesmo que o método resulte no beneficio do paciente e melhore sua postura, é importante que ocorra uma orientação quanto aos hábitos diários para que a melhora não ocorra somente no momento da atividade, mas também durante toda a sua rotina, explica Junior et al (2008).

 

 

4.1.3 Recomendações

Ao contrário do que se dizia antigamente sobre as restrições para pessoas com artrite onde era aconselhável permanecer repousando, estudos atuais afirmam que é indispensável à prática de exercícios físicos para esses pacientes, abordam Kulkamp et al (2009). Na década de 90 foi observada uma diminuição na capacidade funcional dessas pessoas. Foi então que os exercícios começaram a fazer parte do tratamento da AR, e apesar de haver um protocolo especifico para esse caso, através dos diversos tipos de exercícios indicados para essa patologia, os pacientes com AR melhoram suas aptidões físicas, sua força muscular e mobilidade articular, ocorrendo como consequência melhorias no humor e na disposição.

Apesar dos benefícios do método na doença em estudo ser de extrema relevância, é importante enfatizar alguns cuidados e recomendações que devem ser considerados a fim de evitar fadiga, cansaço, aumento do processo inflamatório ou mesmo problemas articulares acompanhados de dor. Isto ocorre porque a artrite reumatoide apresenta manifestações agudas com frequência e deve ser continuamente controlada por medicamentos.

Nesse contexto vale ressaltar que qualquer pessoa que se submete a determinados esforços mais intensos ou traumáticos, pode desenvolver um quadro inflamatório da articulação que, na fase aguda, denomina-se artrite. O exercício físico continua sendo importante, porém é necessário o equilíbrio entre a prática do mesmo e o descanso para evitar intensificação dos sintomas. Apesar de ser necessário diminuir a intensidade quando os sintomas estiverem mais intensos, é importante não parar, a fim de que as articulações sejam estimuladas para a produção do líquido sinovial, que ameniza o atrito.

Em face estes aspectos deve ser enfatizado o papel do repouso e do exercício, reconhecendo-se que a degeneração articular na AR é maior quando o repouso é prolongado. A estratégia terapêutica deverá contemplar períodos alternados de atividades e repouso, este sempre em posição funcional (AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY, 2002).

É fundamental que para iniciar a prática do método o paciente tenha prescrição médica e posteriormente passe por uma avaliação física minuciosa realizada pelo fisioterapeuta. Quanto à forma de aplicação, todos os princípios do método devem ser seguidos quando este for aplicado na reabilitação, sendo que a maioria dos estudos recomenda que as sessões durem uma hora, três vezes na semana. Porém, ressaltam Silva e Mannrich (2009) que ainda não há uma definição do tempo necessário para alcançar os objetivos propostos pelo tratamento nem tampouco qual deve ser a frequência de aplicação.

 

 

5 DISCUSSÃO

Considerando o conceito de saúde mais abrangente, como sendo um estado de bem estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença, a pessoa que consegue atingir certo equilíbrio de bem estar físico e psíquico para responder com eficácia aos estímulos e agressões diárias e sentir-se bem consigo mesma e com o meio que a rodeia, nota-se a importância de medidas que complementem o tratamento farmacológico.

Isto porque técnicas não medicamentosas, tais como o exercício físico seguro e controlado, propiciam também retorno às atividades de vida diária e uma melhor independência funcional, aspectos que trazem tanto bem estar físico quanto psíquico e social. Na artrite reumatoide a importância se dá especialmente sobre os aspectos da redução da dor e da motivação para a atividade, muitas vezes restringidas pela limitação dos movimentos e baixa confiança e auto estima.

A partir das pesquisas observou-se que a artrite reumatoide acarreta consequências clinicas, psicológicas, financeiras e é um grande transtorno para a saúde pública, sendo os principais objetivos do tratamento o controle e diminuição da dor articular, melhora da qualidade de vida e prevenção da perda de função. Além do tratamento farmacológico, estudos apontam grandes benefícios no uso dos exercícios físicos. Os artigos encontrados foram suficientes para o melhor esclarecimento do quão importante é o tratamento dessa doença ainda no seu estágio inicial.

O uso de medicamentos e tratamentos cirúrgicos por se só, não são o bastante para que se possa ter uma boa qualidade de vida e dar uma boa expectativa aos pacientes. É necessário, contudo, que os exercícios físicos estejam presentes no dia-a-dia dessas pessoas, sempre respeitando seus limites e capacidades, e o pilates vem preenchendo esses requisitos ao longo dos anos, sendo procurado como modo alternativo de tratamento.

Com base nas pesquisas, ressalva-se que o método pilates possui uma vasta lista de benefícios para a saúde e o bem estar e vem se tornando cada vez mais popular, sendo procurado por pessoas de todas as idades e com diversas patologias que buscam melhorar ou diminuir os males causados pelas doenças.

A importância desse estudo consistiu na ampliação dos conhecimentos sobre a situação atual dos pacientes com a doença em estudo, quais as alternativas, as expectativas, as soluções e dificuldades encontradas ao longo dos avanços na área da saúde. Esse estudo se baseou em fatos recentes e estudos importantes sobre a evolução dessa doença e como o pilates surgiu para auxiliar no tratamento e na diminuição dos males causados pela AR.

Sendo o método recomendado para ganho de flexibilidade, de definição corporal, e para aumento da saúde, concordamos com o pensamento de Pereira (2009) quando afirma que as ações do corpo-mente estão intimamente ligadas à qualidade de vida. A autora destaca que em virtude disso seria importante encontrar uma linguagem que permita transmitir o modo, a profundidade e a intensidade com que certas reações corporais são vividas no cotidiano ou nas condutas sociais. Dessa maneira se torna possível para o paciente compreender que o seu corpo também pode ser um meio eficiente de comunicação para interpretar nosso conteúdo, despertar sentidos, aguçar percepções, estruturas psicológicas, sociológicas e históricas.

Uma vez que o Pilates nas patologias é uma atividade de baixo impacto e supervisionada pelo fisioterapeuta, permite que o praticante vá avançando gradativamente, o que permite salientar a necessidade das pessoas com diagnóstico de artrite reumatoide de praticar o exercício regular não somente para melhorar a sua mobilidade e reduzir a dor, mas especialmente para colaborar com sua postura e qualidade de vida. Levando em conta que um dos princípios da técnica é a fluidez de movimento, a mesma pode ser praticada por pessoas independentemente da idade.

As fontes de pesquisa encontradas mostraram que o método pode ser utilizado na reabilitação da artrite reumatoide com diferentes objetivos, dentre eles a minimização das dores articulares, prevenção de deformidades, reeducação postural, melhoras cardiorrespiratórias e ósseas, e consequentemente, melhorias na qualidade de vida.

Importante salientar que o método deve ser adaptado aos cuidados necessários para cada paciente levando em consideração suas limitações e individualidades, apresentando recomendações úteis para evitar agravamento dos sintomas.

 

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo a artrite reumatoide (AR) uma doença crônica e progressiva, a qual cursa com variados graus de incapacitação funcional, ela afeta as atividades da vida cotidiana tais como se vestir, andar, subir e descer escadas, deitar e levantar da cama. Isso faz com que o paciente acometido apresente sérios déficits na autonomia e, por conseguinte, na sua qualidade de vida.

Os benefícios do Pilates para pacientes com artrite reumatoide são muitos, podendo promover melhorias significativas na postura e qualidade de vida dos mesmos, em consequência de ganhos de amplitude de movimento, diminuição do quadro álgico, e recuperação de atividades funcionais. Além destes benefícios, foi visto que a técnica possibilita progressos sistêmicos, tais como o melhor funcionamento dos sistemas respiratório cardiovascular, comumente comprometidos nos pacientes com AR. Porém, é fundamental que mais estudos sobre o tema sejam realizados, para que o conhecimento sobre tais benefícios sejam comprovados com pesquisas experimentais.

Diante do exposto, os objetivos desta pesquisa foram alcançados uma vez que foi discutido sobre as possíveis melhorias na saúde de pacientes afetados pela artrite reumatoide através do método Pilates, destacadas por diversos pesquisadores. Além disso, foi feita uma relação entre a prática da técnica e os ganhos sob a postura e a qualidade de vida.

Portanto, a prática da referida modalidade física, baseada em princípios bem fundamentados, segura e de baixo impacto, consiste de fato numa ferramenta útil na reabilitação da doença em foco, visando o trabalho físico globalizado que beneficia corpo e mente. Apesar da necessidade de realização de mais pesquisas neste âmbito de estudo, recomenda-se o Pilates na artrite reumatoide, todavia respeitando as limitações físicas de cada paciente e tendo em vista que o processo inflamatório agudo que frequentemente ocorre encontra-se controlado por meio de medicamentos específicos.

Por se tratar de uma doença crônica e que não possuir uma cura, a busca por meios que tragam benefícios para esses pacientes não deve parar. É importante que haja uma orientação quanto à forma correta de se realizar essas atividades como também se deve salientar quanto aos hábitos de postura apropriados, além de orientações quanto às realizações das formas corretas das atividades da vida diária. Mais propagandas e incentivos visuais seriam uma boa forma de tornar publico e de conhecimento geral dos benefícios que o pilates traria não só para pessoas com AR, mas para a população em geral.

 

 

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- Publicado em 03/07/2013.



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