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O Benefício da Fisioterapia na Qualidade de Vida dos Parkinsonianos: Revisão de Literatura E-mail
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Trabalho realizado por:

Milka de Amorim Oliveira(1)
Alexandre de Brito Bernardes(2)
Camila Cabral Fernandes Marques(3)
Mayara Graciely de Lima(4)
Lúcia Grande Pousa(5)
Fabiana Castro Ramos(6)
Xisto Sena Passos(7)

 

(1), (2), (3), (4), (5) – Acadêmicos do curso de Fisioterapia - Universidade Paulista - Goiânia, GO - email: milkaamorim@hotmail.com; (6) Professor Especialista em Fisiologia da Universidade Paulista - Goiânia, GO - email: fabi_ramos@hotmail.com; (7) Professor Doutor em Medicina Tropical, professor titular da cadeira de Metodologia Científica da Universidade Paulista – Goiânia, GO - email: xisto.sena@gmail.com.

 

Introdução

A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurológica crônica e degenerativa do sistema nervoso central, caracterizada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra. Tal degeneração leva a um déficit de dopamina na via negro-estriatal, desencadeando distúrbios motores e conseqüente impacto na função e qualidade de vida do indivíduo14, 16. É uma doença lentamente progressiva e comum em pessoas idosas15. Há uma ligeira predominância pelo sexo masculino, e se estabelece mais em pessoas com idades entre 55 e 60 anos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens ou mesmo aos 80 anos de idade11. A etiologia específica não é conhecida, porém durante os últimos anos, tem-se considerado fatores hereditários, infecciosos, tóxicos, genéticos e ambientais16.

A DP é caracterizada por lentidão nas tarefas motoras, rigidez, tremor ao repouso, posturas anormais, alterações na mobilidade e na marcha12. É comum o indivíduo apresentar hipocinesia da marcha, escrita diminuída, lentidão do volume da voz e limitações da fala e deglutição12, 15. Em estágios mais avançados da doença pode ocorrer festinação, discinesia, acinesia, hipocinesia marcada, instabilidade postural e quedas, que são sinais de dificuldades mais graves15. Todos esses fatores podem influenciar negativamente a vida do indivíduo levando-o ao isolamento e pouca participação na vida social2.

A DP não pode ser curada por medicamentos, mas eles fazem uma grande diferença na melhoria dos sintomas e na qualidade de vida, tendo como destaque a levodopa, que na maioria dos casos é administrada com outros fármacos22.

Embora a terapia farmacológica seja base do tratamento, a fisioterapia também é muito importante. O tratamento consiste em treinamento das atividades mais difíceis de serem executadas por cada pessoa, também é trabalhada a manutenção ou a melhora das condições musculares, através de exercícios de alongamento e fortalecimentos globais, além de exercícios posturais e de equilíbrio, todos eles associados a movimentos respiratórios, oferecendo aos pacientes condições ideais ou próximas disso, proporcionando-os uma maior qualidade de vida e funcinalidade24.

O objetivo de estudo do presente artigo é descrever e discutir os fatores encontrados na literatura, que proporcionam uma maior independência das funções dos portadores da DP para a realização de suas atividades de vida diária e obterem melhor qualidade de vida, através do tratamento fisioterápico.

Metodologia

Para atender os objetivos estabelecidos, foi realizada uma revisão da literatura no período de 1999 a 2008, através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nos sistemas Lilacs, Scielo e Medline, utilizando as palavras-chave: a doença de Parkinson, doença de Parkinson e fisioterapia e qualidade de vida em parkinsonianos. Foram incorporados publicações de outras fontes e revistas especializadas, que abordavam características e tratamentos fisioterápicos nos portadores de DP.

Os critérios de inclusão utilizados foram: data de publicação; idioma português e os resultados em comum sobre os tratamentos fisioterápicos na DP apresentados pelos autores. O critério de exclusão referiu-se a trabalhos que priorizassem apenas o tratamento medicamentoso na DP.

 

Resultados e Discussão

Foram encontrados 29 artigos relacionados ao tema proposto e após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 15 artigos, sendo que esses se encontram na tabela 1, especificando os estudos utilizados na revisão que enfatizam os principais tratamentos fisioterápicos e suas eficácias para retardar a evolução da doença.

Ao analisar a literatura, vários autores destacam na DP quatro sinais clínicos clássicos: tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular e instabilidade postural1, 4, 6, 10, 18, 19. Outros autores citam diferentes manifestações, ditas como secundárias, tais como: micrografia, limitações da fala, fácies em máscaras, sialorréia e alterações cognitivas e comportamentais1, 4, 8, 9, 10, 11, 13, 17, 19, 21.

Ainda não existe cura para a DP, no entanto o tratamento adequado pode melhorar os sintomas e diminuir a velocidade de progressão da patologia22. Dos tratamentos medicamentosos citados na tabela, a levodopa se destaca como principal fármaco com intuito de corrigir o déficit de dopamina no cérebro4, 5, 17, 18, 19, 20. Este fármaco costuma ser especialmente útil para aliviar a bradicinesia e a rigidez, sendo menos efetivo para a redução do tremor23.

Os fármacos anticolinérgicos, ainda que menos eficazes que a levodopa, têm efeito terapêutico aditivo, benéfico particularmente contra a rigidez. A amantadina é utilizada, às vezes, nos casos leves. Provavelmente age pela liberação de dopamina no cérebro, mas é menos potente e eficaz que a levodopa. A bromocriptina e pergolida são compostos sintéticos que mimetizam a levodopa em todas as suas ações e efeitos colaterais, mas tem um período de ação ligeiramente maior18.

A apomorfina é administrada por injeção subcutânea e tem modo de ação similar ao da levodopa3.

Embora a terapia farmacológica seja à base do tratamento, a fisioterapia também é muito importante24. Após levantamento de dados a respeito dos recursos fisioterapêuticos como tratamento na DP, nove artigos demonstraram maior eficácia nos resultados apresentados (tabela 1).

 

Tabela 1. Perfil dos artigos publicados no período de 1999 a 2008, segundo ano, autor, quadro clínico e tratamentos medicamentoso e fisioterápico da DP.

 

Referência/Autor/Ano

Quadro Clínico

Tratamento Medicamentoso

Tratamento Fisioterápico

17Oliveira, 2005

5Cardoso e Acioly, 2003

20Scarsi e Magnani, (s.d.)

Tremor, bradicinesia e rididez.

Levodopa

Melhorar a ADM em todas as articulações, exercícios de alongamentos e fortalecimentos globais, além de exercícios posturais, respiratórios e de equilíbrio.

 

 

6Domingos, 2008

Bradicinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural

Não cita

Aumento da força e tolerância ao esforço através de exercícios de fortalecimento muscular, mobilidade, equilíbrio de marcha e hidroterapia

 

 

4Bravo, 2007

Rigidez, bradicinesia micrografia, tremor de repouso, anormalidades posturais e face semelhante à máscara.

Derivados de atropina como a escopolamina e produtos como o tri-hexifinidil e o Bripirideno akitenon.

Exercícios de ADM, respiratório, de mobilidade, relaxamento, treino de marcha e hidroterapia.

 

 

10Haase et al. 2007

Tremor de repouso, rigidez, instabilidade postural e bradicinesia.

Não citam

Melhoria de ADM, com alongamentos alto assistidos por meio de técnica de Bola Suíça.

 

 

19Quintão et al. 2004

Tremor de repouso, acinesia ou hipocinesia, rigidez muscular do tipo plástica e instabilidade postural.

Levodopa, auxiliada com anticolinérgicos.

Impedir contraturas, promover o funcionamento motor e mobilidade através de exercícios que corrijam posturas defeituosas e exercícios que visam a melhora das forças dos músculos respiratórios.

 

 

1Almeida, P.R.; Duarte, P.K.D. 2007

Tremor de repouso, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural.

Não citam

Método neuroevolutivo Bobath.

 

 

18Oliveira et al. 2006

Tremor, rigidez muscular acinesia e alterações posturais.

Anticolinérgicos, levodopa, amantadina, bromocriptina, pergolida e apomorfina.

Hidrocinesioterapia com objetivo de redução da rigidez muscular, e melhoria ou manutenção da mobilidade articular.

 

A literatura aponta como tratamento fisioterápico, as atividades mais difíceis de serem executadas, trabalhando a manutenção das condições musculares através de exercícios de alongamentos e fortalecimentos globais que possuem como objetivo principal preservar a força muscular necessária para as atividades do dia a dia, como mover-se na cama, vestir-se, escovar os dentes, alimentar-se e entre outras5, 6, 9, 10, 17, 20.

Em relação aos exercícios posturais, deve ser ensinado aos pacientes exercícios que promovam a extensão da parte superior do tronco, na contraposição da cifose, encorajando-os à coordenação dos movimentos respiratórios na expansão e mobilidade torácica. É importante trabalhar a propriocepção diafragmática e expansão torácica basal, melhorando a ventilação pulmonar19. Os exercícios respiratórios auxiliam o relaxamento e trabalham de forma eficaz na expansão torácica, aumentando a capacidade vital do paciente, prevenindo assim as limitações músculo-esqueléticas, que podem contribuir para a alta incidência de complicações pulmonares, por ventilação inadequada20.

Utiliza-se o treino de marcha e de equilíbrio com a finalidade de proporcionar ao paciente uma independência ao deambular e assim prevenir quedas6.

Visando à reabilitação de posturas anormais e problemas neurológicos, a bola suíça é utilizada através de alongamentos e exercícios alto-assistidos que proporcionam aos pacientes de DP um ganho na amplitude de movimento, melhora do equilíbrio, da alta estima, aumento na segurança quando caminhar, melhora no alinhamento biomecânico da postura, alongando a musculatura encurtada dos flexores, abdutores e rotadores externos dos ombros, extensores de coluna vertebral e quadris, diminuindo a dor e a rigidez4.

O conceito Neuroevolutivo Bobath, apresenta como objetivo diminuir a espasticidade muscular e introduzir os movimentos automáticos e voluntários, a fim de preparar o paciente para os movimentos funcionais, onde o tônus anormal pode ser inibido e os movimentos mais normais, facilitados. O tratamento é caracterizado por procurar soluções para aspectos motores, que interferem na execução de uma atividade1.

A hidrocinesioterapia é um recurso fisioterapêutico muito utilizado nos distúrbios neurológicos. A tepidez e a sustentação da água ajudam a aliviar alguns sintomas dos pacientes, e uma progressão graduada dos exercícios é valiosa para os pacientes que apresentam alterações no tônus muscular. A rigidez apresentada pelo paciente com DP é reduzida pelos efeitos fisiológicos da água, desse modo facilitando o movimento e obtendo uma melhoria ou manutenção das mobilidades articulares18.

 

Conclusão

A qualidade de vida refere-se à percepção que o indivíduo possui em relação a sua doença e seus efeitos na própria vida, incluindo a satisfação pessoal associada ao seu bem estar físico, funcional e social. Como se pode deduzir do exposto, as variedades de tratamentos fisioterápicos beneficiam os portadores de DP a terem uma maior independência funcional nas atividades de vida diária, e consequente melhoria da qualidade de vida.

 

Referências

 

1- Almeida, P.R.; Duarte, P.K.D. Capacidade de locomoção e o uso dos meios de transporte: elaboração de manuais de apoio para cuidadores e pacientes com doença de Parkinson. 2007.

2- Boer, A.G.E.M. et al. Quality of life in patients with Parkinson’s Disease: development of a questionnaire. J Neurol Neurisurg Psychiatry, 1996; 61: 70-74.

3- Braunwald, E.; Fauci, A.S.; Kasper, D. et al. Harrison Medicina Interna.Vol. II, 16. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. p. 2499-2500.

4- Bravo, A.M.F. Tratamento fisioterápico no paciente com doença de Parkinson. Cabo Frio 2007.

5- Cardoso, M.C.A e Acioly, S. Atuação Fisioterapêutica na Doença de Parkinson.2003. Disponível em: www.fisioweb.com.br.

6- Domingos, J. Fisioterapia especializada para a doença de Parkinson: uma mudança de paragigma. Associação portuguesa de doentes de Parkinson(APDPK) 2008.

7- FranchignonI, F.; Salaffi, F. Quality of life in rehabilitation medicine. Eur Med Phys. 2003; 39: 191-8.

8- Filgueiras, M.C.; Sá, M.M.G.; Silva, A.K.T.; Vasconcelos, C.M. A importância do cuidador na Doença de Parkinson 2008. Disponível em: www.interfisio.com.br.

9- Goulart, R.P.F. et al. O impacto de um programa de atividade física na qualidade de vida de pacientes com doença de Parkinson. Rev. Bras. Fisioter. Vol. 9, No. 1 (2005), 49-55.Belo Horizonte, 2004.

10- Haase, D.C.B.V, Machado, D.C, Oliveira, J.G.D. Atuação da fisioterapia no paciente com doença de Parkinson. Fisioter. Mov. 2008 jan/ mar;21(1):79-85.

11- Jama. Novas Perspectivas para o Tratamento da Doença de Parkinson 2000; 284:1931-1938.

12- Jenkinson, C. et al. Self-reported Functioning and Well-being in Patients with Parkinson’s Disease: Comparison of the Short-form Health Survey (SF-36) and the Parkinson’s Disease Questionnaire (PDQ-39). Age Ageing 1995; 24: 505-509.

13- Lana, R.C. et al. Estudo da confiablilidade do Questionário de Qualidade de Vida na Doença de Parkinson- 39 (PDQ-39), 2005.

14- Marsden, C.D. Parkinson's disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1994; 57:672- 81

15- Morris, M.E. Movement disorders in people with Parkinson disease: a model for physical therapy. Physical Therapy 2000; 80: 578-597.

16- Olanow, C.W.; Jenner, P.; Tatton, N.A.; Tatton, W.G. Neurodegeneration and Parkinson’s Disease.In: Jankovic, J.; Tolosa, E. Parkinson’s disease and movement disorders. 3° ed. Baltimore: Urban & Schwarzenberg, 1998. Cap.4 p 67-103.

17- Oliveira, A.M.N. Tratamento Fisioterapêutico na Doença de Parkinson, no paciente com inclinação e rotação da coluna cervical, 2005. Disponível em: www.fisioweb.com.br.

18- Oliveira, M.M.; Teixeira, S.S.; Machado, M.B.F. Benefícios da hidroterapia na doença de Parkinson. Trabalhos desenvolvidos pelos alunos da faculdade de Fisioterapia da SEFLU(Faculdade de Ciências Médicas e Paramédicas Fluminense), 2006; 165-183.

19- Quintão, F.C.; Silva, C.D.C.; Paiva, D.C. Alterações Respiratórias na Doença de Parkinson, 2004. Disponível em: www.fisioweb.com.br.

20- Scarsi, M.V.H.; Magnani, M.S. Abordagem fisioterapêutica na doença de Parkinson. (s.d.).

21- Silva, J.; Moreira, M.; Conduta, N.; Takeshi, S. A influencia da atuação fisioterapeutica na doença de parkinson, 2006.

22- Stokes, M. Doença de Parkinson. In: ____. Cash: neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000.

23- Thomson, A.; Skinner, A.; Piercy, J. Fisioterapia de Tidy. 12. ed. São Paulo: Santos, 1994. p. 333-334.

24- Thomson, A.; Skinner, A.; Piercy, J. Mal de Parkinson. In:__. Fisioterapia de Tidy. 12.ed. São Paulo: Santos, 2000.

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 11/08/2010.


 

 

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