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Proposta de tratamento das desordens vestibulares através do uso da bola suíça: Fundamentos e Perspectivas E-mail
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Trabalho realizado por:

Fabíola Zucco - Fisioterapeuta.

 

Resumo:

O uso dos exercícios de reabilitação em pacientes com vestibulopatias (desordens vestibulares) começou com Cawthorne e Cooksey, em 1940. Porém, somente hoje em dia a reabilitação vestibular está se tornando parte do tratamento de tais pacientes. Estudos recentes têm documentado a eficácia do tratamento em uma variedade de vestibulopatias. O principal objetivo da R.V. é diminuir o desequilíbrio e aumentar a estabilidade do paciente. O uso da bola suíça é indicado para diversos distúrbios de equilíbrio, sendo assim, acredita-se que o uso desta ferramenta pode beneficiar e muito as pessoas com vestibulopatias, adaptando muito dos exercícios da R.V. para a bola, proporcionando exercícios diferentes mas com os mesmos objetivos, e acredita-se que com a mesma eficácia.


1. Introdução

Vários são os tipos de tratamento para os sinais e sintomas dos distúrbios de equilíbrio, dentre os mais conhecidos destacam-se os medicamentosos e os cirúrgicos. Atualmente, a reabilitação vestibular também tem sido utilizada com maior freqüência na terapêutica de vestibulopatias (BERGAMO et al, 1999).

A reabilitação vestibular (RV) procura restabelecer o equilíbrio por meio de estimulação e aceleração dos mecanismos naturais de compensação, induzindo o paciente a realizar o mais perfeitamente possível os movimentos que estava acostumado a fazer antes de surgir a tontura (GANANÇA et al, 1999 ). Este termo significa um trabalho não apenas com o sistema vestibular mas com inúmeras estruturas que fazem parte do nosso sistema de equilíbrio. É uma opção de tratamento para pacientes portadores de distúrbios vestibulares que envolve estimulações visuais, proprioceptivas e vestibulares (BENTO; MINITI; MARONE, 1998).

O uso de exercícios para o tratamento de indivíduos com doenças vestibulares começou na década de 1940 quando Cawthorne (otorrinolaringologista) e Cooksey (fisioterapeuta) introduziram exercícios físicos no tratamento de pacientes com doença de Ménière que haviam sido operados, tendo observado uma aceleração na recuperação destes pacientes (BENTO; MINITI; MARONE, 1998).

Os objetivos da reabilitação são de promover a estabilização visual durante os movimentos de cabeça; melhorar a interação vestíbulo-visual durante a movimentação da cabeça; ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica e diminuir a sensibilidade individual à essa movimentação. Os exercícios com os olhos, cabeça e corpo, suscitam o conflito sensorial que acelera a compensação e recalibração do sistema vestibular (RIBEIRO; TESTA; WECKX, 2001).

Para se ativar esse processo, é necessário que o paciente use os seus reflexos vestibulares, provocando conflitos sensoriais tanto nos órgãos do ouvido interno e da visão e propriocepção. Infelizmente esses conflitos provocam distúrbios neurovegetativos tão intensos que tornam os pacientes incapazes. Paradoxalmente deve-se encorajar o paciente a se sentir ainda pior para que possa melhorar (BENTO; MINITI; MARONE, 1998). Porém de acordo com HERDMAN (1997, p. 606) o clichê “ o que lhe deixa tonto é bom pra você”, é usado como um critério para os exercícios de reabilitação vestibular, mas isto não está totalmente correto. Movimentos repetitivos da cabeça certamente deixam pessoas sem distúrbios vestibulares tontos também.

Os exercícios devem ser introduzidos lentamente, para que o paciente possa se sentir menos ansioso e mais flexível quanto à introdução de novos exercícios. À medida que os sintomas diminuem, atividades mais difíceis vão sendo introduzidas (BENTO; MINITI; MARONE, 1998). Um paciente que apresenta condição física precária pode limitar o tratamento baseado em exercícios. Fatores psicológicos podem influenciar no bom andamento do trabalho, e o fisioterapeuta pode indicar um acompanhamento psicológico para que o paciente complete com sucesso o programa de reabilitação vestibular e volte a uma vida produtiva e ativa (BENTO; MINITI; MARONE, 1998).

A melhora do quadro clínico é determinada por adaptações neurais, substituições sensoriais, recuperação funcional dos reflexos vestibulocular e vestibuloespinhal, condicionamento global, alteração do estilo de vida e pelo efeito psicológico positivo que a fisioterapia exerce no paciente (GANANÇA; CAOVILLA, 1998).

De acordo com CARRIÈRE (1999) a bola suíça pode ser usada para retreinar algumas das funções perdidas em pessoas que apresentem alterações de equilíbrio e postura, trabalhando equilíbrio, tônus muscular e coordenação visual-espacial.


2. A Bola Suíça como recurso de tratamento de vestibulopatias

CARRIÈRE (1999) relata várias atividades realizadas na bola estimulam os sistemas sensoriais e podem também melhorar o equilíbrio, embora inicialmente muitos pacientes possam estar inicialmente limitado pela própria atividade.

BIENSINGER et al (1991) descrevem uma progressão de tratamento funcional para déficits de equilíbrio periféricos e centrais através de exercícios com bola suíça. A progressão sugerida é:

-Decúbito dorsal
-Sentado sobre uma superfície estável
-Sentado sobre uma bola suíça (superfície instável)
-Sentado sobre uma bola suíça e colocando os pés sobre uma superfície instável
-Saltitando sobre uma bola suíça
-Ajoelhado sobre uma superfície instável, segurando na bola suíça
-Em pé sobre uma superfície instável.

A proposta deste trabalho é ampliar as sugestões de BIENSINGER et al, adaptando alguns dos exercícios de Cawthorne-Cooksey e baseados neste princípio, como segue abaixo, com o paciente sentado na bola:

- Realizar os movimentos com os olhos para cima e para baixo;
- Realizar os movimentos com os olhos de um lado para outro;
- Focalizar o dedo e aproximá-lo e afastá-lo;
- Movimentar a cabeça para frente e para trás, e depois de um lado para outro;
- Curvar-se para frente e pegar objetos no chão;
- Pegar objetos da mão do fisioterapeuta e devolvê-los, em diferentes alturas;
- Jogar uma bola de uma mão para outra acima do nível dos olhos;
- Com os braços abertos encima da bola, movimentar a bola de um lado para outro.

Outros exercícios sugeridos são:

1. Com as mãos unidas, realizar movimentos de um lado para o outro com o corpo bola
2. Realizar a rotação de tronco
encima da bola
bola2
3. Sentado na posição “cavalinho”, ir para frente e para trás.

4. Nesta mesma posição, pular sobre a bola.
bola3
5. Sentado na bola, ir para frente e para trás, com ajuda do fisioterapeuta
bola4
6. Paciente em decúbito dorsal, fisioterapeuta eleva uma perna e abaixa a outra, movimentando o paciente encima da bola. Paciente com os olhos fechados bola5
Fonte: A autora



3. Conclusão

Sugere-se que os exercícios em pé e durante a marcha sejam mantidos, sendo de fundamental importância para uma reabilitação completa. Acredita-se que com criatividade e baseado nos exercícios originais da R.V., muitos outros exercícios podem ser inventados, sendo que os objetivos serão alcançados. Acredita-se que os exercícios acima, se realizados corretamente e seguindo os mesmos princípios de progressão de velocidade, complexidade e número de exercícios da Reabilitação Vestibular, produzem estratégias para realizar as atividades diárias, mesmo na privação de informações visuais, somatossensoriais ou vestibulares e auxiliam no desenvolvimento da autoconfiança do paciente e estabelecendo seus limites funcionais.

A bola é uma ferramenta estimulante, no qual o paciente se achará motivado, e sabe-se que o resultado é mais rápido e eficaz quando o paciente se acha estimulado. As cores vivas e a forma da bola suíça se tornam neste caso um instrumento útil para induzir reação e movimento.

Espera-se que esta proposta fundamentada em bibliografias atuais e sérias, sirva de estímulo para a realização de trabalhos juntando a R.V. e o uso da bola suíça, demonstrando a provável eficácia deste procedimento.



Referências Bibliográficas

1. BALOH, R. W. Vestibular and auditory disorders. Current opinion in neurology, Londres, v. 9, n. 1, p. 32-36, fev. 1996.

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3. BENTO, R. F.; MINITI, A.; MARONE, S. M. Tratado de otologia. São Paulo: Ed. USP, 1998.

4. BERGAMO, P. et al. Reabilitação Vestibular: experiência clínica do HSPE-FMO, IAMSPE. Revista Médica do Iamspe, São Paulo, v. 30, n. 112, p. 13-18, jan-jul. 1999.

5. BIESINGER, E. et al. Krankengymnastishces Trainingsprogramm gegen Schwindel. Krankengymanastik, 43, p.791-801, 1991..

6. CARRIÉRE, B. Bola Suíça: Teoria, Exercícios Básicos e Aplicação Clínica. São Paulo: Manole, 1999.

7. GANANÇA, F. F. et al. Vertigem de Origem Periférica e Central: Orientação Diagnóstica e Terapêutica. Jornal Brasileiro de Medicina, Rio de Janeiro, v. 68, n. 6, p. 71-88, jun.1995.

8. GANANÇA, M. M.; CAOVILLA, H. H. Labirintopatias na Infância. In: SIH, T.; NETO, S. C.; CALDAS, N. Otologia e audiologia em pediatria. Rio de Janeiro: Revinter, 1999, p. 277-287.

9.GANANÇA, M. M. et al. A vertigem explicada: II Implicações Terapêuticas. Revista Brasileira de Medicina (Caderno de Vertigem), Rio de Janeiro,v. 56, p. 1-15, nov. 1999.

10. GILL-BODY, KM et al. Physical therapy management of peripheral Vestibular dysfunction: two clinical case reports. Physical Therapy, 74, p. 129-142, 1994.

11. GRESTY, M.; BROOKES, G. Deafness and vertigo. Current opinion in neurology, Londres, v.10, n.1, p.36-42, fev, 1997.

12. HERDMAN, S. J. et al. Single Treatment Approaches to Benign Paroxysmal Positional Vertigo, [s.l.], Arch Otolaryngol Head Neck Surge, v 119, p. 450-454, abr. 1993.

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14. HERDMAN, S. J. Vestibular Disorders and Rehabilitation. In: LAZAR, R. B. Principles of Neurologic Rehabilitation. New York: Mc Graw-Hill, 1998, p. 267-283.

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16. MINITI, A.; BENTO, R. F.; BUTUGAN, O. Otorrinolaringologia: clínica e cirúrgica. São Paulo: Atheneu, 1993.
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18. VEDA. Disponível em: <http://www.tchain.com/otoneurology/ treatment/rehab. html> Acesso em: 12 out. 2001.

19. WECKX, L. L.; ANADAN, C. A. Labirintopatias. Revista Brasileira de Medicina, Rio de Janeiro, v. 48, n. 10, p. 645-553, out. 1991.
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 09/01/04.
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