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Avaliação da Qualidade de Vida dos pacientes com Insuficiência Renal Crônica submetidos à Hemodiálise Pré e Pós Cinesioterapia Geral E-mail
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Trabalho realizado por:

Jucimara Chitolina.

Fisioterapeuta graduada na Universidade Federal de Santa Maria-UFSM  em 1997. Pós graduação em cárdio-respiratória pela Universidade do Paraná-UTP; Mestre em ciências da saúde humana na Universidade do Contestado_UnC; Doutoranda em fisioterapia na Universidade federal de São Carlos-UFSCAR; Docente do curso de fisioterapia da Universidade do Contestado (UnC-Concórdia) e, do curso de fisioterapia da Universidade regional de Chapecó (UnoChapecó).


Maira Cristina Fistarol Audino.

Acadêmica da 8ª fase do curso de fisioterapia da Universidade do Contestado (UnC) Concórdia.

*Trabalho de conclusão de curso, apresentado como exigência para obtenção do grau de Bacharel em fisioterapia, ministrado pela Universidade do Contestado (UnC)-Concórdia.

Contato: mairacrisf@yahoo.com.br

 

Resumo


A avaliação da qualidade de vida tem por finalidade fornecer dados sobre a satisfação com a vida no âmbito físico, psicológico, meio ambiente e social que geralmente encontram-se afetados em pacientes que apresentam doenças crônicas as quais necessitam de tratamento contínuo. O presente estudo teve por objetivo avaliar a qualidade de vida dos pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise pré e pós cinesioterapia geral através do questionário WHOQOL-bref, realizado duas vezes, uma antes do protocolo de tratamento e outra ao término deste. Participaram do estudo 22 pacientes de ambos os sexo, entre a faixa etária de 20 à 80 anos, caracterizando dessa forma uma pesquisa com abordagem quantitativa através do método exploratório. Após a coleta e interpretação dos dados verificamos que esses pacientes apresentaram uma melhora na qualidade de vida no que se refere ao domínio físico pré (51,00±3,12) e pós (53,57±2,99) e relações sociais pré (68,18±3,45) e pós (69,31±3,31), uma piora da qualidade de vida relacionada ao domínio psicológico pré (59,01±2,75) e pós (53,97±3,41) e, permanência do nível de qualidade de vida no domínio meio ambiente. Assim, acreditamos ser importante a mensuração da qualidade de vida nos pacientes renais crônicos, não só para a equipe de fisioterapeutas, mas para todos os demais profissionais da saúde que estão interligados com o tratamento da insuficiência renal crônica, proporcionando desse modo benefícios multivariados dos vários aspectos englobados de maneira segura e supervisionada.  

Palavras-Chave: Qualidade de vida. Insuficiência renal crônica. Hemodiálise. Cinesioterapia.



Abstract


The evaluation of life quality has the finality to provide data about the satisfaction with the life in the physical sphere, physiologic, social environment that normally are affected in patient who present chronic disease which demands a continue treatment. The present study had as goal to evaluate the life quality of the patients who suffer of renal insufficiency that were undergone to hemodialysis  pre and pos general cinesiotherapy through questions  WHOQOL-bref, accomplished twice; one before the treatment protocol and other in the end of this. Twenty-two patients participated of this study from both sex, between 20 and 80 years old, characterizing in this way a quantitative research through an exploratory method. After the data collect and the interpretation of  the data we verified that the patients presented an increase in the life quality referent to the physic dominium pre (51,00±3,12)  and pos  (53,57±2,99)  and social  relations pre (68,18±3,45) and pos  (69,31±3,31), and a worsening in the life quality related to the psychological dominium   pre  (59,01±2,75) and pos (53,97±3,41)and, permanence of the level o life quality in the environment dominium. So, we believe it is important the measuring of the life quality in the chronic renal patients, not only for the physiotherapists group, but for all health professionals that are connected with the treatment of chronic renal insufficiency, providing many benefits of the vary aspects involved in a safety and

Key-Words: Life quality. Renal chronic Insufficiency. Hemodialysis. Cinesiotherpy.



1 Introdução


Atualmente no mundo existem milhares de pessoas com doenças crônicas. Entre essas doenças encontra-se a Insuficiência Renal Crônica (IRC).
No Brasil possui 52.974 pessoas que apresentam distúrbio renal crônico submetidos à hemodiálise (HD), 8.401 indivíduos encontram-se na Região Sul, dentre estes 1.512 no estado de Santa Catarina, e na região oeste do estado este número parece ser significativo com 315 pacientes, em contra partida 38 na cidade de Concórdia. (Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) 2002 – 2004; Regional da Saúde do Estado de Santa Catarina (SC), 2005). Porém com o avanço acelerado da medicina em novas pesquisas, aumentou-se muito a sobrevida desses pacientes portadores de doenças crônicas.
Dentre essas doenças podemos citar diversas enfermidades que acometem o rim, observando que algumas comprometem a função renal rapidamente, enquanto outras o fazem de maneira lenta mas progressiva. com características de irreversibilidade, comprometendo as vezes, praticamente todas as funções renais, tanto as urinárias como as endócrinas, sendo que o resultado final é a incapacidade do rim em manter a homeostasia interna. (DOUGLAS, 2001;RIELLA, 1996 ).
Devido à sua cronicidade, a HD é o melhor tratamento para os pacientes com IRC, o qual consiste no transporte de solutos e água através de filtros de baixa permeabilidade (KNOBEL, 1998), promovendo a retirada de substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo. Para isto introduz-se um catéter ou confecção de uma fístula artério-venosa (FAV) permitindo a passagem do sangue pela máquina e retornando ao paciente. Já, pode-se dizer em leve homeostase.
Com este tratamento os pacientes apresentam uma sobrevida maior em relação a alguns anos atrás, em contra partida ocorrem complicações decorrentes da HD e da patologia entre as quais podem ser citadas câimbras, osteoporose, osteopenia, osteodistrofia renal, impotência sexual, propensão a infecções respiratórias, redução da síntese de eritropoetina levando a uma anemia, distúrbios gastrointestinais trazendo também consigo alterações na QV e, em seus variados aspectos ou domínios.
A decadência na QV desses pacientes ocorre devido afastamento das atividades de vida diária, pela permanência de até doze horas semanais no centro de HD, diminuição da força muscular, fadigas proporcionado afastamento dos serviços rotineiros, se tornando suscetíveis ao isolamento social e a depressão, adotando o sedentarismo como estilo de vida.
Desse modo, ressalta-se  a importância da atividade física para a saúde das pessoas pois,  é conhecido de grande magnitude, sendo que a adoção de um estilo de vida não sedentário reduz o aparecimento de doenças crônico degenerativas, além de servir como elemento promotor de mudanças com relação à fatores de risco para inúmeras doença. (GHORAYEB; BARROS NETO, 1999).
Portanto, os exercícios cinesioterápicos de uma forma geral trazem muitos benefícios à saúde, os quais incluem: alterações favoráveis na densidade óssea, melhor tolerância à glicose, diminuição fatores de risco, melhora da força muscular proporcionando ganho das amplitudes de movimento, redução de fadigas musculares e câimbras, melhora da resistência cardiovascular, da auto-imagem e confiança do paciente repercutindo na sua QV. (FARDY, et al., 2001).
Baseado na necessidade de avaliar a QV nos pacientes crônicos, foi validado no Brasil questionários como o WHOQOL-bref que nos auxilia a mesurar o grau de satisfação com a vida, levando em consideração as quatro grandes dimensões ou fatores: física, psicológica, meio ambiente e relações sociais e, através deste pode-se comparar o efeito de alguma intervenção. (SEIDI; ZANON, 2004).
Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar a QV em pacientes com IRC submetidos à HD pré e pós-treinamento cinesioterápico no período de seis meses, e, como objetivos específicos avaliar a QV desses pacientes pré-treinamento cinesioterápico no mês de janeiro de 2005, reavaliar a QV pós treinamento cinesioterápico no mês de agosto de 2005, verificar quais os domínios (físico, psicológico, meio ambiente e social) os pacientes com IRC submetidos à hemodiálise possuem maior comprometimento e por fim, analisar as alterações produzidas pelo procedimento da cinesioterapia nos domínios na QV.
Acredita-se, portanto, que o estudo é de grande valia não somente para a equipe de fisioterapeutas, mas sim, para todos os outros profissionais da saúde que estão interligados com o tratamento da IRC e, principalmente para os portadores da patologia e para seus familiares, que vivem em busca constante da longevidade com expectativas de uma melhor qualidade de suas vidas.

2 Métodos

Esta pesquisa foi caracterizada como uma abordagem quantitativa através do método exploratório.
A amostra foi constituída inicialmente por 29 pacientes portadores de IRC submetidos à HD no serviço de HD de um hospital da região Oeste do estado de SC.
Para tanto foram adotados como critérios de inclusão como: idade entre 20 a 80 anos, portadores de IRC, sedentários e, que estivessem em tratamento hemodialítico a mais de 6 meses, de ambos os sexos. E, para os critérios de exclusão: alterações mentais, incapacidade auditiva e física (dor, inflamação) ou, que estivesse internado no hospital por descompensações físico patológicas e, óbito.
Desse modo, 22 pacientes completaram a pesquisa por 7 tiveram óbito.
A pesquisa foi desenvolvida pelo questionário WHOQOL-bref, o qual possui vinte e seis questões avaliando quatro domínios: físico, psicológico, social e meio ambiente. Este questionário é uma versão em português da OMS, validado no Brasil por FLECK et al., (1998) da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS). Este instrumento possui um coeficiente de fidedignidade de Cronbach de 0,7678 para os domínios e 0,9054 para as questões.
Também foi realizado um protocolo de exercícios cinesioterápicos generalizados dando ênfase em exercícios para o sistema músculo-esquelético e cardiorrespiratório, que tiveram variação individual e temporal, conforme aceitação do paciente.
Após a aprovação do comitê de ética, a primeira coleta de dados aconteceu no mês de janeiro do ano de 2005 após  realizada a visita ao hospital e solicitando a devida autorização para procedência da pesquisa, respeitando os aspectos éticos conforme a resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Subseqüente realizou-se uma conversa com os pacientes para melhor adaptação do mesmo com a acadêmica, onde foi exposto uma carta para obtenção do consentimento livre e esclarecido, onde constam os procedimentos adotados, enfatizando sigilo absoluto das informações. Após o paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido o qual consta de duas vias, as quais uma permaneceu com a acadêmica e a outra entregue ao paciente.
A próxima etapa foi a leitura do questionário pela acadêmica responsável e investigadora para os pacientes em individual, sem no entanto, influenciar nas tomadas de decisões e/ou explicar a pergunta para o mesmo de forma que poderia induzir a uma resposta diferenciada.
A fisioterapia atuou junto dos pacientes com um protocolo de exercícios generalizados, realizados pelos acadêmicos do curso de fisioterapia da Universidade do Contestado (UnC), Campus de Concórdia, três vezes por semana, no período de seis meses.
Ao término desse período reaplicou-se o mesmo questionário adotando os mesmos procedimentos anteriores, assim, comparou-se os efeitos da cinesioterapia durante este período nos pacientes com IRC submetidos à HD pré e pós tratamento cinesioterápico, avaliando as alterações nos domínios e na QV destes pacientes.
A análise estatística foi realizada primeiramente, através de expressões numéricas para cada domínio, que o próprio questionário trás, após para comparar os resultados dos dados no pré e pós-teste, por se tratar de dados não paramétricos, foi utilizado o teste de sinal. (CAMPOS, 1983). Testou-se hipóteses de que os resultados do pré e pós-teste são os mesmo contra a hipótese alternativa de que os resultados do pós-teste são maiores de que o do pré-teste. Para efeito de conclusão do teste considerou-se o nível mínimo de significância de 5% (p<0,05), expresso em tabela.
Verificamos que os valores dos domínios variam entre 0 e 100, desse modo, consideramos os principais marcadores os valores de 0,25,50,75,100 assim, um indivíduo que tenha valor igual a 50 para um determinado domínio, pode ser considerado com um nível de QV nem boa nem ruim, ou seja, mediano para tal, já o paciente que apresenta um valor 0 significa que sua QV está extremamente ruim, 100 extremamente boa, bem como 25 ruim e 75 bom seu nível de QV.
Fez-se uma descrição geral da amostra, através da análise sobre sexo e idade expressos em gráficos no programa Microsoft Excel 1998,  para melhor visualização e interpretação dos dados.

3 Análise dos Resultados e Discussão

A presente pesquisa tem por objetivo de analisar a qualidade de vida dos pacientes com IRC submetidos à HD pré e pós intervenção cinesioterapêutica geral medida pelo instrumento WHOQOL-bref, o qual constitui 26 questões divididas em quatro grandes domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente.
Para realização do trabalho, participaram 28 pacientes, sendo realizadas duas avaliações em cada paciente, uma antes e outra após aplicação do protocolo de exercícios cinesioterapêuticos gerais; porém até o final da pesquisa apenas 22 pacientes participaram, pois o restante teve óbito.
Desses pacientes, 72,72% eram do sexo masculino e, 27,28% do sexo feminino, conforme mostra no gráfico 1.

Gráfico 1 – Distribuição dos pacientes em relação ao sexo




Distribuíram-se na faixa etária de 20-40 anos 27,27%, entre 41-60 anos 45,45% e 27,27% dos pacientes estavam na faixa etária  de 61-80 anos, conforme gráfico 02.

Gráfico 2 –  Distribuição dos pacientes em relação à idade




Na tabela 01 são mostradas as médias dos domínios no pré e no pós-teste.

Tabela I:  Médias e erros padrões dos domínios no pré e no pós-teste, e nível de significância do teste do sinal.
* Nível descritivo de probabilidade do teste do sinal, comparando os resultados do pré e pós-teste.


Verifica-se que o domínio relações sociais foi o que apresentou as maiores médias e, um aumento destas, tanto no pré (68,18) quanto no pós-teste (69,31). O domínio físico também teve um aumento no pós-teste (53,57) em relação ao pré-teste (51,00). Já, o domínio teve uma redução dos valores no pós-teste (53,97) em comparativo com o pré-teste (59,01). E, por fim, o domínio meio ambiente permaneceu basicamente inalterado no pré (61,36) quanto no pós-teste (61,36).
Apesar de nos domínios físico e relações sociais ter havido aumento nos valores médios do pós-teste em relação ao pré-teste, este aumento não foi significativo (p>0,05).
A cronicidade da doença pode resultar em uma variedade de eventos estressantes tais como, sintomas físicos, mudanças no estilo de vida, maior dificuldades corporais e mudanças de papéis sociais.
De fato, sabe-se que os sintomas físicos da doença crônica podem intervir nas atividades de lazer e trabalho. Segundo Martins et al. (1996), cefaléia, fraqueza, dor, mal estar entre outros, levam a mudanças nas atividades diárias e afastamento do trabalho desses pacientes.
Nos estudos de Aguiar (2000) e Neto (2000), evidenciaram uma pior QV e redução do estado geral da saúde em pacientes renais crônicos. Assim para Aguiar (2000), os doentes atendidos de maneira adequada e supridos em suas necessidades de QV tendem a apresentar um quadro de saúde mais estável.
Indivíduos com doença crônica, ao serem questionados sobre o impacto da doença na QV consideram como aspecto mais significativo, a interferência da doença na capacidade física, nas atividades diárias e, na auto-estima. (MARTINS et al., 1996).  
Assim, a limitação da vitalidade, ou uma redução da mesma, geralmente está associada e uma pior qualidade de vida, pois os indivíduos relatam fadiga constante, sonolência, fraqueza muscular, cãibras e exacerbação dos sintomas, o que restringe a energia física para manter atividades simples ou desportivas e até mesmo de lazer, além de desencadear um sentimento de perda do controle sobre o próprio corpo. (AGUIAR, 2000; MARTINEZ, 1999).
Para Duarte et al. (2003), a doença renal reduz acentuadamente o  funcionamento físico e  profissional, e a percepção da própria saúde tem um impacto negativo sobre os níveis de energia e vitalidade o que pode reduzir ou limitar as interações sociais, vindo de encontro com o estudo realizado por Castro et al. (2003), com 84 pacientes com IRC submetidos à HD que relataram que os menores valores médios foram observados nas dimensões aspecto físico.
Merkus et al. (1997), em seu estudo avaliou 120 pacientes em HD e 106 em DP três meses após o inicio do tratamento dialítico com objetivo de comparar a QV desses com a população geral através do questionário SF-36, revelou que esses indivíduos apresentam uma redução da QV em relação à população geral, particularmente nas percepções físicas e gerais da saúde e, que os pacientes em HD apresentam escores mais baixos de QV do que os pacientes em DP principalmente em relação a percepção física, saúde emocional, mental e dor.
Em outro estudo Merkus et al. (1999), avaliaram a QV de 230 pacientes com IRC submetidos HD, aos 6, 12 e 18 meses após o início do tratamento. Os autores concluíram que a QV ao longo do tempo piora principalmente no domínio físico.
Santos (2005), relacionou a QV relacionada à saúde com hospitalização e óbito em 108 pacientes renais crônicos em HD, através do questionários SF-36, mostrou que as menores pontuações referentes ao componente físico associam-se com aumento de hospitalizações. Vindo de encontro com Aguiar (2000) e Neto (2000), onde que relatam que as internações hospitalares interferem na QV, bem como a freqüente realização de exames laboratoriais, procedimentos médicos, aplicações de medicamentos entre outros. Destacando-se mais uma vez a grande relevância de exercício físico nesses pacientes crônicos.
Porém, os dados encontrados nesta pesquisa contradizem com os autores acima citados, por ser neste, utilizado técnicas de cinesioterapia geral, que segundo Kisner e Colby (2005) e Gardner (1995), os exercícios cinesioterápicos melhoram a resistência cardiovascular, reduz fatores de risco, fadigas, câimbras, melhoram força muscular, por se tratarem de uma forma de atividade física, repercutindo num melhor desempenho físico e conseqüente melhorando seu convívio social e sua QV.
Medeiros et al. (2002), baseado em diversos outros estudos cita em seu trabalho que vários estudos relata que a atividade física melhora o perfil lipídico, o hematócrito, a pressão dos indivíduos portadores de IRC, além de aumentar-lhes a auto-estima.
Na pesquisa de Johansen et al. (2006), com 68 pacientes que realizavam HD de manutenção, aplicou em um grupo magnésio e, em outro placebo e, em ambos realizaram um programa de resistência com auxílio de halteres nos tornozelos, durante 3 vezes por semana no período em que permaneciam na HD, ao término da pesquisa, houve uma melhora no desempenho físico, aumento da massa muscular (apesar de não ser significativo) e, uma melhora da força muscular.
Gracia et al. (2003), pesquisaram sobre recondicionamento músculo-esqulético em pacientes com insuficiência renal terminal com programa de reabilitação, a amostra foi de 25 pacientes que realizavam a reabilitação durante um mês três vezes por semana no centro de diálise e, após os sujeitos foram orientados a seguirem os exercícios domiciliares, os resultados encontrados foram: melhora da força muscular, das atividades de vida diária, das atividades físicas e, uma maior porcentagem dos pacientes manifestarem desejo de assistir a eventos sociais, que vem de encontro com os dados obtidos nesta pesquisa.
Vale ressaltar que, na pesquisa de Castro et al. (2003) e, Kusumota Rodrigues e Marques (2004), uma das variáveis analisadas nos pacientes com IRC submetidos à HD é a idade, sendo que com o avanço da idade, observa-se maior comprometimento das atividades físicas e funcionais dos pacientes. Esses achados são semelhantes aos de Merkus et al. (1997) ao aplicar o questionário SF-36 em 226 pacientes em diálise, observando as mesmas correlações.
Portanto, explica-se na presente pesquisa que o domínio físico teve pouca alteração no pós-teste não atingindo valores significativos, devido a hipótese de que a maioria dos pacientes encontram-se na faixa etária de 41 à 80 anos correlacionado com os autores supracitados, também relacionado com o tempo de hemodiálise correspondendo ao estudo de Martins e Cesarino (2005) que relatam que com o passar do tempo de HD ocorrem alterações principalmente no aspecto físico e, por outros comprometimentos fisiopatológicos associados que agravam a condição do paciente.
Com relação ao domínio psicológico, torna-se relevante que a reavaliação através do questionário deu-se 6 meses após o início do tratamento de cinesioterapia tendo, portanto uma progressão da patologia, correlacionando-se com o estudo de Castro et al. (2003) e Abram (2000) que relata que o tempo em programa de HD correlaciona-se negativamente com os aspectos emocionais.
Para Barbosa (1993), as tensões psicológicas mais comuns são a desesperança, ansiedade, depressão, e o auto-conceito, concordando com Campos e Turato (2003) que citam que o paciente renal crônico costuma experimentar estados de regressão durante sua doença, reeditando ansiedades, fantasias e expectativas próprias  da época da infância, trazendo com o indivíduo profundos significados simbólicos, comuns na formação de sua imagem corporal, podendo causar-lhes sofrimento psíquico, desamparo, medo, confusão, culta ou humilhação.
Os aspectos desesperança, ansiedade, depressão e auto-conceito, contribuíram negativamente para os resultados obtidos no pós-teste, sendo que o decréscimo do domínio psicológico não está diretamente relacionado ao programa de cinesioterapia geral que foi realizado, havendo necessidade de um tratamento psicológico, já que este conceito avalia a percepção do paciente quanto ao seu estado psíquico, não sendo a cinesioterapia influenciadora na piora deste domínio, vindo de encontro com o estudo de Velosso  (2001) com dez homens e quatro mulheres em hemodiálise que constatou que esses pacientes renais crônicos necessitam de apoio psicológico. Uma das justificativas para tal decréscimo, é o tempo de hemodiálise citada na pesquisa de Castro et al. (2003), já relatada neste estudo.
Com relação ao domínio relações sociais, observou-se que este aspecto teve uma pequena melhora devido os pacientes permanecerem no mesmo grupo social de amigos, parentes, funcionários e grupo da HD, porém a presença dos acadêmicos de fisioterapia durante o período que lá permanecem contribuir para esta melhora nos escores, uma vez que estando com pessoas “novas”, teriam diferentes assuntos, além de melhorar seu condicionamento físico que está diretamente relacionado ao aspecto social , vindo de encontro com os estudos de Gracia et al. (2003), que relataram que a melhora do aspecto físico promove um maior desejo de assistir a eventos sociais.
Desse modo, fica evidente que os pacientes hemodialíticos necessitam de novas experiências, uma vez que o fisioterapeuta ao estar atendendo os mesmos reduz seus níveis de ansiedade e depressão que influenciam diretamente numa melhora dos domínios referidos e conseqüentemente na QV.
Por fim, nota-se que o domínio meio ambiente permaneceu inalterado durante o período do estudo, pois esse domínio refere-se a mudanças nas  condições de moradia, nos acessos aos serviços de saúde, no meio de transporte, local destinado à HD e seu ambiente interno (equipamentos e instrumentos de procedimentos), às condições climáticas (poluição atmosférica, sonora e visual), bem como as condições financeiras para suas necessidades, segurança e atividades de lazer, desse modo não tornando-se  influenciadoras nos resultados. Portanto esses aspectos não se modificaram no período da pesquisa logo, os valores obtidos no pré e pós-teste se mantiveram.


5 Considerações Finais


Os resultados encontrados neste estudo, conduzem-nos a assegurar que os pacientes com IRC em HD apresentam alterações na QV, apesar de estatisticamente não significativos, conforme a mensuração dos domínios pelo questionário referido.
O domínio físico teve um dos maiores escores encontrados no pós-teste e, tal fato justifica-se pelo acompanhamento fisioterapêutico durante os 6 meses da pesquisa, uma vez que exercícios de cinesioterapia promovem aumento da força muscular, flexibilidade e mobilidade articular além, dos acadêmicos de fisioterapia proporcionar um momento de descontração durante o período em que permanecem na máquina de hemodiálise, não interferindo no tratamento dialítico e, mostrando-se ao final positivo perante os sinais e sintomas músculo-esquléticos e articulares.
No domínio psicológico observou-se uma percepção negativa para QV que apresentou um decréscimo no pós-teste, manifestado através das alterações comportamentais, que os sujeitos determinam a existência de sentimentos negativos, alterações de sono e concentração, insatisfação consigo mesmo (auto-conceito), com a aparência (auto-imagem) e com a situação de portador de patologia crônica. Também os aspectos desesperança, ansiedade, depressão e auto-conceito resultaram em níveis negativos no sentido de piorar seu quadro emocional.
Já, o domínio relações sociais, que apresentou um leve acréscimo no pós-teste, dá-se pelo fato de que entre suas relações sociais surgiu pessoas “diferentes” (acadêmicos de fisioterapia), que lhe escutavam, davam-lhe atenção, conversavam e procuravam aumentar-lhes a auto-estima, desse modo sentiam-se seres capazes de gozar de novas amizades.
O domínio meio ambiente não apresentou alterações no pós-teste pois, o ambiente físico (tanto em casa quanto na hemodiálise), bem como transporte, segurança e aspectos financeiros permaneceram os mesmos durante o período de estudo.
Ao término desse, consideramos que se houvesse um maior engajamento dos órgãos públicos em projetos que visassem um centro de lazer para pacientes crônicos principalmente os renais crônicos, onde assegurassem diversão, segurança, reabilitação e apoio psicológico através de uma equipe multidisciplinar , conseqüentemente os pacientes melhorariam suas amizades além se estar inserido num ambiente diferente contribuindo para suas relações sociais e meio ambiente; reabilitação psicológica para o enfrentamento das dificuldades da doença e, da HD modificando a percepção do seu auto-conceito reduzindo os níveis de desesperança, depressão e ansiedade; recursos para programas de reabilitação física através da fisioterapia para reduzir sinais e sintomas decorrentes da patologia e do tratamento dialítico e, assim teríamos equipamentos ideais e multivariados para acompanhamento desses pacientes verificando mudanças na sua qualidade de vida.
Em conclusão, os resultados dessa pesquisa reforçam a necessidade de intervenções precoces para melhorar a qualidade de vida dos pacientes renais crônicos em hemodiálise e, mostram a necessidade de se dedicar maior atenção aos sujeitos com alterações físicas, músculo-esqueléticas em fase inicial de comprometimento ou desenvolvimento e juntamente atender para os aspectos psicológicos que acompanham essas mudanças.
Este estudo é mais uma fonte de dados e de novas pesquisas, pois a partir dos resultados encontrados sugere-se que, este seja realizado com número de pacientes mais elevado e, com duração de tratamento mais prolongado para que o estudo seja considerado de maior significância e fidedignidade, pois acredita-se que a cinesioterapia seja de suma importância  para pacientes renais crônicos por ser uma patologia considerada progressiva, irreversível e incapacitante.


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- Publicado em 22/11/2010.


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