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Abordagem Fisioterapêutica na Fase II da Reabilitação Cardiovascular (RCV): Revisão de Literatura E-mail
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Approach Physical Therapy in Phase II Cardiovascular Rehabilitation (CR): Review of Literature

 

1 SANTOS, Allen Rafael Cardoso; 2 AGUIAR, Cliphen Menezes; CAMPOS, Mariana Cristina Tôrres³

Contatos: allen_rafael@hotmail.com; cliphenaguiar@hotmail.com; marytcampos@hotmail.com

3 CACAU, Lucas de Assis Pereira

Contato: lucas.cacau@yahoo.com.br

1, 2,3 Discentes do Curso de Graduação em Fisioterapia pela Universidade Tiradentes – UNIT

3 Docente e Fisioterapeuta do Curso de Graduação em Fisioterapia pela Universidade Tiradentes - UNIT

 

RESUMO: Estudos recentes apontam as doenças coronarianas como uma das principais causas de óbito em todo mundo, sendo necessária intervenção cirúrgica quando não há mais recursos eficientes para regressão das obstruções arteriais. As cirurgias cardíacas podem desencadear complicações no pós-operatório, entre elas as pulmonares, nas quais se incluem atelectasias, diminuição da força muscular respiratória, capacidades e volumes pulmonares além de outras complicações no sistema cardiovascular e ao sistema muscular, como o descondicionamento físico, perda de força muscular, inatividade física e ainda uma variabilidade quanto à qualidade de vida e aos aspectos psicológicos. Esse estudo foi desenvolvido a partir da análise e interpretação de dados obtidos em pesquisa indireta do tipo bibliográfica. Os programas de reabilitação cardiovascular (RCV) têm ganhado espaço em âmbito acadêmico pelo fato de proporcionar um retorno mais curto as atividades de vida diária evitando novos episódios de cardiopatias, bem como garantir uma melhor qualidade da vida para os pacientes submetidos a esse tipo de reabilitação. Por isso, faz-se necessário o estudo mais aprofundado e amplamente discutido sobre a fisioterapia na Reabilitação Cardiovascular, especificamente a II Fase desta.

Palavras-Chave: Reabilitação Cardíaca, Fisioterapia e Qualidade de Vida.

 

ABSTRACT: Recent studies indicate the coronary heart disease as a major cause of death worldwide, requiring surgical intervention when there are more resources for efficient regression of arterial obstructions. Cardiac surgery may trigger postoperative complications, including pulmonary complications, which include atelectasis, decreased respiratory muscle strength, lung capacity and volume among other complications in the cardiovascular system and muscular system, such as physical deconditioning, loss muscle strength, physical inactivity and also variability in quality of life and psychological aspects. This study was developed from the analysis and interpretation of data derived from indirect survey-type literature. The programs of cardiac rehabilitation (CR) has gained ground in the academic by the fact of providing a shorter payback activities of daily living to avoid further episodes of heart disease, as well as ensuring a better quality of life for patients undergoing this type of rehabilitation .Therefore, it is necessary to further study and widely discussed on physiotherapy in Cardiovascular Rehabilitation, Phase II of this specifically.

Key-Words: Cardiac Rehabilitation, Physical Therapy and Quality of Life

 

    1- INTRODUÇÃO

A doença arterial coronariana (DAC) continuará a ser, nas primeiras décadas do século XXI, a principal causa de mortalidade no mundo. Estudos recentes confirmam essas previsões, demonstrando que nos dias atuais, trata-se da maior causa de morbidade e mortalidade em países industrializados da Europa e da América do Norte. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 30% de todos os óbitos, sendo o infarto agudo do miocárdio sua principal causa. (GONÇALVES, 2006)

Doenças cardiovasculares são doenças que afetam o sistema circulatório ou seja o coração . (cárdio = coração * vasculares = vasos sanguíneos, incluindo artérias, veias e vasos capilares). Entre as mais comuns podemos referir o enfarte do miocárdio, a angina de peito, a aterosclerose, os AVC (acidente vascular cerebral), dentre outras. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA)

 

1.1- ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

Desde os anos 40, o Brasil experimenta uma inversão nas curvas de mortalidade, uma vez que essa taxa por doenças infecto-contagiosas vem diminuindo, ao passo que a por doenças crônico degenerativas não transmissíveis e causas extremas vem aumentando. Em 1930, as doenças cardiovasculares (DCV) representavam apenas 11,8% das mortes nas capitais do país, mas em 1996 esse percentual era de 27,4%.

A taxa geral de mortalidade por DCV é de 158,91 óbitos por 100.000 habitantes. Na faixa etária igual ou além dos 50 anos, essa taxa sobe para 2.554,7 óbitos por 100.000 habitantes. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA)

A incidência de patologias cardiovasculares nos países desenvolvidos vem aumentando a cada ano, com 80% relacionadas à doença arterial coronariana, na qual na maioria das vezes, a cirurgia de revascularização do miocárdio se faz necessária. (MIRANDA, 2004; p. 182)

Em um estudo avaliou-se a morbimortalidade de homens e mulheres submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica isolada e os fatores relacionados às diferenças eventualmente encontradas, concluindo-se que o sexo feminino apresentou maior mortalidade operatória, porém, não se mostrou fator prognóstico independente para óbito; pacientes mais idosos, com insuficiência renal e em situação emergencial apresentaram maiores índices de óbito hospitalar. (AMATO, 2004; p. 14-20)

 

1.2- IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA DCV

A cirurgia cardíaca ocasiona reduções dos volumes e das capacidades pulmonares, assim como redução da força muscular respiratória, o que contribui para o aumento da incidência de complicações respiratórias. (ASSUMPÇÃO, 2002; p. 51)

Está associada com importante decréscimo da função pulmonar pós-operatória, e que este, apresenta correlações com fatores de riscos clínicos como a doença pulmonar pregressa, o tabagismo e a idade, além de riscos cirúrgicos, que incluem o tempo de circulação extracorpórea (CEC), anestesia e tipo de cirurgia. Refere ainda, que a presença de fatores de riscos como tempo de CEC, idade e tabagismo influenciam no comportamento da capacidade vital, com um restabelecimento mais lento no pós-operatório de cirurgia cardíaca. (MARANHÃO, 2004)

Na busca por políticas administrativas em saúde que reduzam o impacto negativo da DCV, a prevenção primária é o primeiro passo no combate ao aparecimento desta doença. No que diz respeito à prevenção secundária, encontra-se o uso de um amplo arsenal medicamentoso e reabilitacional, estando este embasado em grandes ensaios clínicos e sempre devendo ser prescrito em associação às medidas higiênico-dietéticas. É nesse cenário que são vislumbrados os programas de Reabilitação Cardiopulmonar (RCP), tão discutidos na prática atual. (ROZENTUL, 2005; p. 9-18)

A reabilitação cardiopulmonar é o processo de desenvolvimento e manutenção de um nível desejável das condições físicas, mentais e sociais. Assegura o retorno do paciente a uma vida ativa e produtiva da melhor maneira possível. Pode ser definida como processo de restauração vital, compatíveis com a capacidade funcional do sistema cardíaco e respiratório daqueles indivíduos que já apresentaram manifestações prévias de coronariopatias. (GONÇALVES et al, 2006).

De acordo com as Diretrizes de Reabilitação Cardíaca, o estilo de vida sedentário associa-se a um risco duplamente elevado de doença arterial coronariana, havendo uma redução em torno de 20% a 25% no risco de morte nos pacientes pós-infarto do miocárdio que participam de programa de reabilitação cardiovascular, quando comparados aos que não realizam atividades. (MORAES, 2005; p. 431-40)

 

1.3 FASES DA RCV

As fases da Reabilitação Cardíaca podem ser subdivididas em 4, sendo estas: Fase I ou hospitalar; Fase II e III ou ambulatorial e, Fase IV ou não supervisionada.

 

Fase I da RCV:

Essa fase inicia-se após o paciente ter sido considerado estável clinicamente, como decorrência da otimização do tratamento clínico e/ou utilização de procedimento intervencionista (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006).

O tratamento Fisioterapêutico na fase hospitalar baseia-se em procedimentos simples, como exercícios metabólicos de extremidades, para aumentar a circulação, exercícios respiratórios para eliminar obstruções respiratórias e manter os pulmões limpos, exercícios ativos para manter a amplitude de movimento e elasticidade mecânica dos músculos envolvidos, treino de marcha em superfície plana e com degraus, reduzindo os efeitos prejudiciais do repouso prolongado no leito, com isso aumenta a autoconfiança do paciente e diminui o custo e a permanência hospitalar (TITOTO et al, 2005; GONÇALVES et. al, 2006).

A duração total dos exercícios devem ser em torno de 20 minutos, 2 vezes ao dia (FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001).

Durante o exercício, o aparecimento de alguns sinais e sintomas, tais como: fadiga, dispnéia, cianose, palidez, náuseas, 20 bpm acima da freqüência cardíaca de repouso e pressão sistólica 20 mmhg acima dos níveis de repouso e ainda o índice de percepção de esforço de Borg, indica a interrupção do exercício. A hipotensão arterial indica grande comprometimento da função de bomba ventricular, sendo critério de exclusão do programa de reabilitação (REGENGA, 2000; FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001)

 

Fase II ou III da RCV:

É a primeira etapa extra-hospitalar, inicia-se imediatamente após a alta e/ou alguns dias após um evento cardiovascular ou descompensação clínica. Tem duração prevista de 3 a 6 meses, podendo em algumas situações se estender por mais tempo. O programa de exercício deve ser individualizado em termos de intensidade, duração, frequência, modalidade de treinamento e progressão (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). Esta fase tem como objetivo melhorar a função cardiovascular, a capacidade física de trabalho, endurance, flexibilidade, educar o paciente quanto à atividade física, modificação do estilo de vida, melhorar o perfil psicológico, preparar o paciente para o retorno de suas atividades (FARDY; YANOWITZ; WILSON, 1998).

A fase III destina-se ao atendimento dos pacientes liberados da fase II, mas pode ser iniciada em qualquer etapa da evolução da doença, não sendo obrigatoriamente sequência das fases anteriores. Tem duração prevista de 6 a 24 meses (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). Nesta fase o objetivo é promover adaptações no sistema cardiovascular, para que os acidentes retornem, o quanto antes, às atividades profissionais, esportivas e de lazer com maior segurança (REGENGA, 2000).

 

Fase IV da RCV:

É um programa de longo prazo, de duração indefinida e muito variável. Nesta última fase, nem sempre as atividades supervisionadas, devendo ser adequadas à disponibilidade de tempo para a manutenção do programa de exercícios físicos e às preferências dos pacientes em relação às atividades desportivas recreativas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006).

A reabilitação não-supervisionada tem como objetivo principal exercitar pacientes sob supervisão indireta, estendendo a prática de exercícios a um maior número de pacientes (FILHO et al, 2002). Os programas de reabilitação não supervisionada têm-se mostrado eficientes para aumentar a potência aeróbica, a capacidade funcional e modificar os fatores de risco coronariano (FILHO; SALVETTI, 2004).

 

1.4- ETAPAS DO PROGRAMA DE RCV

 

Dentre as fases da RCV, devem-se levar em consideração três etapas básicas, dentre elas: aquecimento, condicionamento e desaquecimento. Deve-se fazer um registro diário do programa, das respostas da frequência cardíaca, da pressão arterial e dos sinais e sintomas apresentados durante as sessões de tratamento (REGENGA, 2000; GIL et al, 1995).

 

Aquecimento: Deverá ter duração de 5 à 10 minutos, sendo efetuados exercícios de alongamentos dinâmicos e aeróbicos e de coordenação associados a exercícios respiratórios. Essa fase tem por objetivo preparar o sistema musculoesquelético e cardiorrespiratório para a fase de condicionamento (REGENGA, 2000).

Condicionamento: Nesta etapa são realizados exercícios aeróbicos e exercícios de resistência muscular; com duração de 40 minutos dependendo da capacidade do indivíduo. A frequência cardíaca deve ser aferida durante esse período, bem como a pressão arterial (REGENGA, 2000; FARDY; YANOWITZ; WILSON, 1998)

Desaquecimento ou resfriamento: Podem ser realizados 5 minutos de caminhada de baixa intensidade utilizada para prevenir a estagnação do sangue nas extremidades, particularmente nas pernas, 3 minutos de alongamento associado aos exercícios respiratórios com o objetivo de retornar o organismo às condições de repouso com valores de pressão arterial e frequência cardíaca próximo aos basais e prevenir o aparecimento de lesões musculares (BOSCO et al, 2004; REGENGA, 2000).

A segurança dos programas de exercícios para pacientes cardiopatas depende da combinação da duração, frequência e intensidade do exercício (RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002).

Os exercícios têm duração de 150 a 300 minutos ou um gasto > 2.000 kcal por semana em atividades físicas (RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002; P. 244-254) e uma frequência de 3 a 5 vezes por semana (CARVALHO et al, 2007).

O paciente inicia a reabilitação cardíaca de acordo com sua evolução definida pela classificação de Killip-Kimball. Trata-se de uma classificação de gravidade baseada em evidências da presença de insuficiência cardíaca ou choque cardiogênico (DIAS; MATTA; NUNES, 2006; p. 279-281).

O objetivo do presente estudo de revisão bibliográfica foi analisar, interpretar e discutir as diversas etapas da Reabilitação Cardiovascular, especificamente a fase II ou ambulatorial, ressaltando sua importância tanto à título de conhecimento acadêmico, como para o próprio paciente em intervenção.

 

    2- MÉTODOS

Esse estudo foi desenvolvido a partir da análise e interpretação de dados obtidos em pesquisa indireta do tipo bibliográfica. A pesquisa bibliográfica tem como finalidade, colocar o pesquisador em contato com materiais e informações que já foram escritos anteriormente sobre determinado assunto.

A base desta pesquisa foi o estudo de livros, artigos especializados, dissertações, teses e dados eletrônicos, além de pesquisas realizadas no acervo da Biblioteca Jacinto Uchôa de Mendonça, localizada na Universidade Tiradentes – UNIT, Aracaju-SE, o que tornou possível o acesso e manipulação de informações relevantes para nossa reflexão sobre o impacto da Fisioterapia na Reabilitação Cardiovascular (RCV). Sendo assim é de caráter qualitativo exploratório.

Foram utilizados como descritores os termos “Reabilitação Cardíaca”, “Fisioterapia” e “Qualidade de Vida”.

Realizado o levantamento bibliográfico, foi elaborada uma síntese das idéias principais de cada texto analisado, buscando pontos importantes na relação dos benefícios da Fisioterapia associada a pacientes cardiopatas submetidos à Reabilitação Cardiovascular. A partir desta análise pudemos destacar os principais temas abordados pelos vários autores em seus estudos.

 

    3- DISCUSSÃO

Para a grande maioria dos pacientes, a Cirurgia Cardíaca resulta em algum grau de disfunção pulmonar, podendo ou não evoluir para complicações pulmonares. O quadro de disfunção pulmonar pós-cirurgia cardíaca é secundário à utilização de circulação extracorpórea (CEC), indução anestésica e trauma cirúrgico, além de fatores relacionados ao estado pré-operatório do paciente, como por exemplo, idade, tabagismo e diabetes. A CEC é responsável pela síndrome de isquemia-reperfusão, resultando na liberação de enzimas proteolíticas e radicais livres, ocasionando lesão tecidual.

A indução anestésica é apontada como um fator causal de distúrbios de ventilação-perfusão provavelmente secundários à atelectasia e ao fechamento das vias aéreas. Além disso, a esternotomia mediana contribui para a deterioração do quadro ao diminuir a estabilidade e a complacência da parede torácica. Neste contexto, a dor PO e a presença de drenos estão implicadas diretamente na manutenção dos baixos volumes pulmonares. (GIACOMAZZI, 2006; p. 386-92)

Pacientes submetidos à Cirurgia Cardíaca desenvolvem, em sua maioria, disfunção pulmonar logo no pós-operatório imediato, com redução importante dos volumes pulmonares, prejuízos na mecânica respiratória, diminuição na complacência pulmonar e aumento do trabalho respiratório. A redução dos volumes e capacidades pulmonares contribui para alterações nas trocas gasosas, resultando em hipoxemia e diminuição na capacidade de difusão. O quadro restritivo perdura por período superior a 116 dias. (LOCKE, 1990; p. 465-68)

Tosse fraca, redução da mobilidade e fadiga muscular, associados à mudança do padrão respiratório fisiológico, diafragmático, para uma respiração mais superficial e predominantemente torácica, são responsáveis pela diminuição da expansibilidade dos lobos pulmonares inferiores. Prejuízos na reinsuflação pulmonar podem culminar na perpetuação ou agravamento do quadro, favorecendo o desenvolvimento de processos pneumônicos. (COX, 2000; p. 140-45)

As alterações radiológicas mais comumente observadas no pós-operatório são as atelectasias. Tais achados foram comprovados, radiologicamente e por meio de TCT, principalmente em relação ao lobo inferior esquerdo. As atelectasias estão relacionadas à deterioração nas trocas gasosas e à diminuição nos volumes pulmonares, reduzindo a capacidade residual funcional (CRF) e a complacência pulmonar. São consideradas clinicamente relevantes quando progridem em extensão ou são persistentes, associadas à hipoxemia, aumento do trabalho respiratório ou outro sinal de esforço.

As atelectasias são as complicações mais frequentes, ocasionadas por diminuição da capacidade residual funcional, pelas alterações da mecânica da caixa torácica e do tecido pulmonar, por aumento da resistência das vias aéreas, pela dor pós-operatória e por paralisia do nervo frênico, dentre outros fatores. (WILCOX, 2001)

No entanto, O’Donohue et al. relataram que apenas uma pequena fração dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, apresentará complicações clínicas importantes. A constatação de derrame pleural também pode ser freqüente, contribuindo ainda mais para um pior prognóstico do paciente. (MILGROM, 2004; p. 116-25)

As infecções pulmonares, cuja prevalência gira entre 3,5% e 10%, também contribuem para a morbidade relacionada à cirurgia cardíaca. É relevante notar que não existe consenso acerca dos critérios diagnósticos, sendo citados, associados ou não, alterações radiológicas, presença de leucocitose, elevações da temperatura corporal, isolamento de patógenos na cultura ou microscopia de escarro. Tendo em vista o quadro de disfunção pulmonar associado à cirurgia cardíaca e suas possíveis repercussões, torna-se fundamental melhor entendimento e maior investigação a respeito dos recursos disponíveis na atualidade para reverter tal quadro. Dentro deste contexto, a fisioterapia respiratória tem sido cada vez mais requisitada, já que utiliza técnicas capazes de melhorar a mecânica respiratória, a reexpansão pulmonar e a higiene brônquica. (WESTERDAHL, 2001).

No entanto, revisão sistemática da literatura evidencia que existem controvérsias a respeito do tema, tornando difícil a decisão sobre qual recurso seria mais útil e menos dispendioso no manejo destes pacientes. As técnicas utilizadas na fisioterapia respiratória variam de acordo com os países e com a prática de cada serviço. (JERRE, 2007; p. 399-407)

Tendo em vista o quadro de disfunção pulmonar associado à Cirurgia Cardíaca e suas possíveis repercussões, a fisioterapia respiratória tem sido amplamente requisitada com o intuito reverter ou amenizar tal quadro, evitando o desenvolvimento de complicações pulmonares, com a utilização de grande variedade de técnicas. (WESTERDAHL, 2001; p. 79-84)

Na fase de internação hospitalar se preconizam programas com objetivo de evitar complicações respiratórias e otimizar o retorno do paciente as atividades de vida diária. 13 Entre as complicações mais frequentes após a cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) destacam-se as arritmias cardíacas9 e os distúrbios pulmonares. Estas complicações podem causar aumento no tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), assim como na enfermaria. As complicações respiratórias mais frequentes são as atelectasias, os derrames pleurais e as pneumonias, sendo que esta última varia de acordo com o tempo no qual o paciente permanece com o tubo endotraqueal.

A intervenção pré-operatória associada à intervenção pós-operatória também foi testada por outro ensaio clínico controlado, este feito em nosso país. Os pacientes foram randomizados para dois grupos. Os sujeitos arrolados para a intervenção recebiam atendimento pré-operatório por no mínimo 5 dias e, pós-operatório, até a alta hospitalar. Como resultado pôde-se observar uma expressiva redução nas complicações pulmonares, uma significativa diferença na incidência de arritmias cardíacas (especialmente fibrilação atrial), além de uma melhora significativa da capacidade funcional medida no sétimo pós-operatório através do teste de caminhada dos 6 minutos. (GIACOMAZZI, 2006; p. 386-92)

O treinamento dos músculos inspiratórios (TMI) também foi testado no período pré-CRM. Através de ensaio clínico randomizado publicado em outubro de 2006, os autores demonstram que o TMI com o uso do threshold (30% PImáx por 20 minutos, diariamente,nas duas semanas que antecederam à CRM), associados a espirometria de incentivo, técnicas de ciclo ativo da respiração e técnicas de expiração forçada, foi capaz de reduzir em 60% o risco de pneumonia, entre outras complicações pulmonares.

Os exercícios aeróbicos são aqueles que envolvem grandes grupos ou massas musculares, com duração típica entre 20 e 40min, capazes de elevar o consumo de oxigênio várias vezes acima do nível de repouso (CARVALHO et al, 2004). O treino aeróbico melhora significativamente o funcionamento do coração, pulmões e todo o sistema cardiovascular contribuindo para uma

entrega de oxigênio mais rápida por todo o corpo (FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001; REGENGA, 2000).

O exercício físico aeróbico tem efeito benéfico que parece resultar de interações complexas de efeitos psicológicos e fisiológicos. Além disso, é adequado salientar a diminuição do estresse, a melhora da função cardiorrespiratória, a remoção de fatores como o tabagismo e a reeducação alimentar (BOSCO et al, 2004). Os melhores exemplos destes exercícios são caminhar, correr, pedalar e nadar. Alguns tipos de exercícios aeróbicos podem ser feitos ao ar livre, outros realizados em ambientes fechados e climatizados, utilizando equipamentos específicos, tais como esteiras rolantes e ciclo ergômetros (CARVALHO et al, 2004; CARVALHO et al, 2007; SILVA; NAHAS, 2002).

Segundo Bosco et al (2004), os exercícios de resistência muscular são efetuados na sequência do exercício aeróbico e constituem-se de contrações dinâmicas realizadas em três séries com o máximo de repetições possíveis,

sem ou com baixa resistência e intensidade, longa duração predominando o fator aeróbico. Não visam hipertrofia muscular, mas sim o aumento no fluxo sanguíneo local e uma melhora ou neo-formação vascular. Os exercícios de resistência muscular, anteriormente contra-indicados para cardiopatas em geral, passaram mais recentemente a integrar as prescrições.

Os exercícios de resistência muscular objetivam preservar e aumentar a força e a potência muscular, ajudando a melhorar a endurance muscular, a função cardiovascular, o metabolismo, os fatores de risco coronariano e o bem- estar geral (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).

A partir das informações obtidas em testes de esforço como o de caminhada de 6 minutos ou o teste ergométrico, pode-se calcular uma faixa de intensidade segura de vários modos: correspondente a 50 a 80% do VO2 máx.; 70 a 85% da frequência cardíaca máxima; índice de percepção do esforço 12 a 16 na escala de Borg; 10bpm abaixo do ponto em que ocorrem as respostas anormais no teste de esforço; 50 a 75% da frequência cardíaca de reserva mais a frequência cardíaca de repouso [( FC máx. – FC repouso) x 50%] + FC repouso ou [( FC máx. – FC repouso) x 75%] + FC repouso (CARVALHO et al, 2004; FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001; LEITÃO et al, 2000).

Durante as primeiras sessões de treinamento deve-se manter a intensidade do exercício na porção inferior da faixa de intensidade calculada, o que irá permitir que os pacientes se sintam confortáveis, confiáveis e livres de dor muscular após as sessões (FRONTERA; DAWSON; SLOVIK, 2001).

Este tipo de exercício tem se mostrado seguro e eficiente em coronariopatas, hipertensos e até em certos grupos de portadores de insuficiência cardíaca. Idealmente, a prescrição da série de exercícios de resistência muscular deve ser baseada em resultados de testes específicos, como o de uma repetição máxima ou de uma potência máxima. Contudo, na prática, a escolha dos movimentos e das cargas ou resistências é feita buscando mobilizar os principais grupos musculares com uma intensidade capaz de promover benefícios metabólicos, fisiológicos e antropométricos. A maioria dos programas de exercícios de resistência muscular utiliza 2 a 3 séries de 6 a 12 repetições para um total de 8 a 12 movimentos. Se o paciente não consegue manter a execução correta, muito provavelmente a carga ou resistência está excessiva e deve ser reduzida (CARVALHO et al, 2004).

Tais pacientes se beneficiam diretamente de um treinamento físico regular, visto que o mesmo promove uma melhora progressiva da tolerância ao esforço, redução da frequência cardíaca de repouso, aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2) e maior oferta de oxigênio (O2) ao miocárdio, aumento da capacidade oxidativa da musculatura esquelética. (MESQUITA, 2004)

O uso de pressão positiva parece vantajoso nessa população. O tratamento através de pressão positiva na via aérea (CPAP) pode melhorar a função cardíaca e aliviar os sintomas da ICC. Esta melhora é conseguida através do aumento a pressão intratorácica, que reduz a pré e pós-carga do ventrículo esquerdo como a pressão transmural, culminando com um aumento do volume de curso e de saída. Assim pode-se dizer que o CPAP melhora a mecânica do coração insuficiente. (SIN, 2000)

A fisioterapia tem sido considerada um componente fundamental na reabilitação de pacientes cirúrgicos cardiovasculares com o intuito de melhorar o condicionamento cardiovascular e evitar ocorrências tromboembólicas e posturas antálgicas, oferecendo maior independência física e segurança para alta hospitalar e posterior recuperação das atividades de vida diária. (COERTJENS, 2005; p. 25-31)

Programas de reabilitação cardíaca baseiam-se na reabilitação física com consequentes reduções da morbidade e mortalidade, sendo ainda, a redução do estresse emocional, parte importante nos programas de reabilitação cardíaca. Indivíduos que participaram destes programas obtiveram diminuição de 75% das mortes no primeiro ano pós-infarto ou revascularização do miocárdio. (REGENGA, 2000)

 

    4- CONCLUSÃO

Os programas de reabilitação cardiovascular (RCV) têm ganhado espaço em âmbito acadêmico pelo fato de proporcionar um retorno mais curto as atividades de vida diária evitando novos episódios de cardiopatias, bem como garantir uma melhor qualidade da vida para os pacientes submetidos a esse tipo de reabilitação. Por isso, faz-se necessário o estudo mais aprofundado e amplamente discutido sobre a Reabilitação Cardiovascular, especificamente a II Fase desta.

Conclui-se que a fisioterapia atua na reabilitação cardíaca após os diversos eventos coronarianos por meio da prescrição dos exercícios físicos realizados tanto na fase hospitalar ou fase I, como na fase ambulatorial ou fase II. Promove a recuperação global do paciente, melhora a qualidade de vida e minimiza a possibilidade de recidiva. Tendo em vista os benefícios da fisioterapia na fase II da reabilitação cardíaca, será possível garantir ao paciente cardiopata um breve retorno, considerando aspectos qualitativos e quantitativos as suas atividades de vida diária.

 

    5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 04/10/2010.

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