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Estudo da Prevalência de Distúrbios (Ocupacionais) de Origem Musculoesquelética em Acadêmicos de Odontologia E-mail
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Trabalho realizado por:

José Mohamud Vilagra.

* Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, Paraná, Brasil e  Faculdade Assis Gurgaz (FAG), Cascavel, Paraná, Brasil.

Pedro Ferreira Reis.

* Faculdade de Fisioterapia e Educação Física CESUFOZ, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil.

Katiane Vilan.

* Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, Paraná, Brasil.

Antônio Renato Pereira Moro.

* Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Contato Geral: fisioterapeutadotrabalho@hotmail.com

 

Resumo

Um problema de grande importância e pouco abordado por pesquisas são os distúrbios ocupacionais ou queixas de desconforto e/ou dor relatados durante o período de formação acadêmica. Através desta pesquisa foram confirmadas as presenças de dor e/ou desconforto (80%) relacionados às posturas de trabalho adotadas pelos acadêmicos do curso bem como foi estabelecida relação entre a realização de procedimentos clínicos específicos e o surgimento dos sinais clínicos. Os procedimentos clínicos que apresentaram maior incidência de queixas, por parte dos acadêmicos, foram respectivamente os seguintes: periodontia, endodontia, exodontia, dentística e procedimentos realizados na arcada posterior superior. A identificação dos procedimentos de queixa foi feita através da aplicação de questionário.  Uma vez  identificados, os principais procedimentos clínicos de relato de dificuldade foram realizadas análises das posturas de trabalho,  durante a realização destes procedimentos, pelo aplicativo do Método de Repetição em Intervalos (MRI) e posteriormente analisados através  do método RULA. Os resultados encontrados mostraram grande repetitividade de movimentos, posturas de constrangimento e a necessidade de intervenção ergonômica nas condições de aprendizado prático destes futuros profissionais da odontologia.

Palavras-chave:  Distúrbios ocupacionais; Odontologia; Desconforto corporal.


Introdução


Os Distúrbios Ocupacionais têm se constituído em grande problema da saúde pública em muitos dos países industrializados e em desenvolvimento. O aumento da incidência das doenças relacionadas ao trabalho tem assolado a sociedade não havendo fazendo distinção entre categorias profissionais, sexo ou idade. Isto foi verificado no Curso de Odontologia, em acadêmicos, bastante jovens, com a carreira profissional por iniciar apresentando precocemente queixas ou dores relacionadas às atividades aplicadas, de ensino clínico profissionalizante.

Segundo Regis Filho 1, as características ocupacionais e o relato de profissionais são fatores suficientes para inclusão do cirurgião-dentista nos grupos preferenciais de risco de distúrbios musculoesqueléticos.

Outro fator a ser ressaltado é a inadequação do operador/equipamento, o que obriga o profissional a assumir posturas incorretas de trabalho 1. Este dado, quando aplicado a acadêmicos do Curso de Odontologia, considera paralelamente fatores como: inabilidade no gestual e inexperiência do aluno quando comparada ao profissional. Matheus et all.2, em sua pesquisa científica, concluíram que a inexperiência do acadêmico do Curso de Odontologia acarreta a ele e ao paciente um maior gasto de tempo para a realização do procedimento, um aumento no consumo de material de trabalho e também uma  maior exposição a fatores de risco de doenças ocupacionais.

De acordo com dados do NUSAT / MG (Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais da Previdência Social de Minas Gerais), “a faixa etária onde ocorre maior manifestação de LER/DORT é entre 20 e 39 anos” 3. Estes dados confirmam a necessidade de estudos e análise das condições de trabalho-aprendizagem dos acadêmicos do Curso de Odontologia, que compõe a faixa etária considerada pelo NUSAT, como a de maior suscetibilidade às LER/DORT. Estes constrangimentos podem vir a ser um fator de limitação ou comprometimento profissional destes jovens, futuros  Cirugiões- Dentistas.

Método

Este trabalho se caracteriza como um estudo epidemiológico analítico, com cortes do tipo transversal, pois verifica as condições no momento das intervenções, estudando a prevalência de uma tendência a DME (distúrbios musculoesqueléticos), em uma população específica.

A amostra foi escolhida de forma intencional, sendo participantes apenas Acadêmicos do quarto ano do Curso de Odontologia em estágio na Clínica Integrada da UNIPAR, da cidade de Umuarama. Este estudo se propõe a identificar a tendência e a casuística biomecânica, relacionada à dificuldade no gestual e posturas inadequadas, referentes aos distúrbios ocupacionais. Neste estudo não foram realizadas medidas fisiológicas (esforço, posturas, atividade muscular ou nervosa), para análise dos fatores que influenciam o surgimento dos distúrbios ocupacionais. Também não foram realizadas as medidas das condições ambientais de trabalho como: ruído, temperatura ambiente e nível de luminosidade.

A coleta de dados foi realizada através de questionário contendo informações sociodemográfico, aspectos ergonômicos do trabalho e mapeamento da dor e desconforto relativo ao atendimento.  Em uma etapa seguinte foram realizados registros de imagens, através de fotografia e filmagem, das principais queixas referentes à dificuldade no gestual e nos procedimentos clínicos com relato de dor e desconforto postural. As imagens e os dados posturais foram analisados, através dos métodos MRI (método de registros em intervalos de tempo) e RULA (Rapid Upper Limb Assessmet).

RESULTADOS

Foram aplicados 80 questionários, sendo que 40% foram respondidos por acadêmicos do sexo masculino e 60% foram respondidos por acadêmicos do sexo feminino, com idade média de 23 anos, com variação entre 19 e 26 anos.  61% relatou não praticar atividade física e 39% relatou realizar atividade física, destes, 32% com atividades três vezes por semana, 20% duas vezes por semana, 16% mais de três vezes por semana e  16% uma vez por semana.

Estudos revelam uma tendência ao aumento de profissionais odontólogos do sexo feminino, este fato apresenta um significado especial, pois segundo Nogueira 4, há uma maior propensão à incidência de LER/DORT em cirurgiões-dentistas do sexo feminino. Regis Filho 1, em pesquisa realizada com ex-alunos do Curso de Odontologia da UFSC, no ano de 1996, também abordou o assunto e também chegou a resultados similares, fato que fez com que relatasse uma mudança no perfil profissional ao longo da década de 90, com relação ao sexo, com uma maior procura pela profissão por parte das mulheres em relação aos homens.

No caso específico desta pesquisa, a população estudada  é composta em sua maioria por mulheres, jovens com idade média de 23 anos. Estudos do Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais da Previdência Social de Minas Gerais – NUSAT, em pesquisa realizada entre 1994 e 1996, revelam que 70% das pessoas atendidas encontram-se na faixa etária entre 20 e 39 anos. Estes dados confirmam a necessidade de intervenção junto à população universitária e também revelam que os distúrbios ocupacionais acometem principalmente indivíduos no auge de seu vigor físico e capacidade produtiva e que este não é um problema exclusivamente de saúde, mas também um problema sócio-econômico, pois compromete a faixa etária da população num período economicamente ativo.
A pesquisa também considerou o conhecimento ou não do acadêmico sobre a correta adequação do equipo para o atendimento, em aulas práticas e estágios curriculares do Curso de Odontologia.  66% dos entrevistados relataram ter informações sobre o assunto, sendo que 53,54% dos entrevistados relataram não aplicar os conhecimentos técnicos para a adequação do equipo para a realização do atendimento clínico; este é um fator que contribui para a inadequação postural durante o exercício profissional. Este tema foi abordado por Genovese  5 que identificou a incorreta regulagem do mocho, como altura insuficiente, como sendo uma das principais causas de dor nas costas em cirugiões-dentistas.

A posição preferencial de trabalho adotada pelos acadêmicos é a sentada, segundo relato de 100% dos participantes da pesquisa. Ainda se referindo a posição de trabalho, de acordo com o esquema ISO/FDI, a posição adotada preferencial para a realização dos atendimentos de trabalho é a de 9horas, com 45,31% da preferência e a segunda, a de 11horas, com 28,12%. Estes resultados, quando comparados com os encontrados por Kosmann 6 mostram uma inversão de preferências, onde 52% de sua amostra relatou preferência pelo trabalho na posição de 11 horas e em segundo lugar a posição de 9 horas e em terceiro lugar a posição de 7 horas com 1% da preferência. Porém esta pesquisa foi realizada com profissionais, fato que nos permite suspeitar que a preferência pela postura de trabalho em 11 horas, conforme o esquema ISO/FDI, seja decorrente da apuração de técnica de trabalho e experiência profissional adquirida com o passar dos anos de atuação clínica.   

Para Mendes 7; Couto 8, há uma estreita correlação entre os distúrbios ocupacionais com o trabalho propriamente dito, sendo fatores de fundamentais para a determinação deste processo o gestual e a postura adotada para sua execução.

A dificuldade no posicionamento para o atendimento clínico foi relatada por 73,43% dos entrevistados, destes 23,43% relacionaram à realização de procedimentos na área de periodontia; 17,18% com procedimentos na área de endodontia; 14,06% com procedimentos na área clínica de exodontia; 10,93% dentística; 7,84% outros e 26,56% das respostas foram consideradas inadequadas ou insatisfatórias para utilização dos dados.

Quando analisada a dificuldade no gestual ou posicionamento para a realização de um procedimento clínico específico 41% dos participantes estabeleceram esta relação sendo que destes, 21,42% relataram dificuldade na realização de todos os procedimentos clínicos. Este fato é de relevância e merece atenção especial de todos os profissionais e instituições envolvidas na formação profissional de odontólogos haja visto, as características da atividade, que exige habilidade manual, precisão de movimentos com grande restrição ao acesso, manuseio e visualização  no local de trabalho. Além disto, a inadequação ou dificuldade de adaptação dos acadêmicos ao equipamanto pode estar contribuindo e/ou agravando esta dificuldade. Segundo  Pece apud Regis Filho 1, relata que não são incomuns na Odontologia casos de inadequação entre o profissional e o equipamento, fato que segundo o autor obrigam o profissional a assumir posturas incorretas de trabalho; conseqüentemente na execução da tarefa ocorrem microtraumatismos, cuja somatória pode ocasionar as tecnopatias odontológicas, entre elas as LERs/DORTs .

Novamente enfatizamos que 80% da amostra pesquisada apresenta queixa de dor e desconforto e destes, 100% identificaram fatores que segundo eles contribuem ou agravam as queixas relatadas. Destes 37,5% identificaram a adoção de posturas inadequadas durante a realização do atendimento clínico como sendo a principal causa do agravamento dos sintomas por  eles relatado; 20,83% estabeleceu relação com o peso do material por eles transportados; 10,41% com a realização de atividade física e o mesmo percentual, 10,41% também para o trabalho sem auxiliar. A segunda principal causa de agravamento dos sintomas segundo os acadêmicos-profissionais diz respeito ao peso do material transportado e vale a pena salientar que 58,75% da amostra é composta por acadêmicas do sexo feminino, porém como já foi esplanado anteriormente este não é um fato isolado e sim um novo perfil dos futuros profissionais, portanto este também é um outro ponto a ser considerado pela instituições que ofertam o Curso.

O mapeamento da dor e desconforto revelou que da amostra total, 80% dos indivíduos relataram já ter sentido dor ou desconforto em uma das regiões do corpo mencionadas no questionário, sendo que a freqüência das queixas em relação ao segmento corporal foram as seguintes: ombro e região escapular 84,33%; coluna lombar 75%; pescoço com 67%; punho 62,75%; coluna torácica 53%; joelhos e pernas 47%; dedos das mãos 43%; cotovelo e antebraço 26,56%; tornozelos e pés 25%.

A Segunda etapa do mapeamento de dor ou desconforto foi realizada apenas em indivíduos que apresentaram ou apresentam dor ou desconforto nos últimos três (3) meses, período este que corresponde ao início do ano letivo de 2002 e início do estágio curricular na clínica integrada. Fato que chamou a atenção foi unanimemente o relato foi de quadro algico ou desconforto em épocas anteriores, também referiram os sintomas nos últimos três (3) meses. Como resultado obteve-se as seguintes freqüências de distribuição de queixas por segmento corporal: coluna torácica 67%; ombro e região escapular 60,93%; coluna lombar  58%; pescoço com 55%; dedos das mãos 35,93%; punho 26,56%; joelhos e pernas 14%; tornozelos e pés 13%;  cotovelo e antebraço 12,5%; outras queixas 0%. Cada item se refere a 100%, ou seja as informações não são excludentes (Tabela 1).

Tabela 1 – distribuição da dor /desconforto  referida pelos acadêmicos.

SEGMENTO CORPORAL

DOR  OU DESCONFORTO EM ALGUM PERIÓDO

DOR  OU DESCONFORTO NOS ÚLTIMOS  3  MESES

Pescoço

67,00 %

55,00 %

Ombro/ Região Escapular

84,33 %

60,93 %

Cotovelo/ Antebraço

26,56 %

12,50 %

Punho

62,75 %

26,56 %

Dedos das Mãos

43,77 %

35,93 %

Coluna Torácica   

53,00 %

67,00 %

Coluna Lombar

75,00 %

58,00 %

Quadris/ Coxas

14,00 %

6,00  %

Joelhos/ Pernas

47,00 %

14,00 %

Tornozelos/ Pés

25,00 %

13,00%

Outros

0,00  %

0,00  %


Dos acadêmicos-profissionais que relataram dor ou desconforto, 100% estabeleceram relação entre o surgimento dos sintomas e o período da jornada de atendimento sendo que 4,68% relacionou com o início da jornada de atendimento, 31,25% a partir do meio da jornada de atendimento e 51% relacionou o surgimento dos sintomas com o período final do atendimento clínico). Grandjean 9  relaciona as dores desencadeadas pelo exercício profissional à necessidade de manter o corpo em determinada posição que segundo o autor,  são muito mais solicitadas do que as forças dinâmicas.

Outro ponto analisado foi o número de pacientes atendidos por cada acadêmico, durante cada período de atendimento na clínica integrada. 84,37% da amostra, relataram atender um (1) ou dois (2) pacientes. O tempo de tempo de permanência na clínica integrada foi de três a cinco horas, no entanto, o tempo médio de realização do procedimento clínico efetivamente foi de 90 minutos,  para cada procedimento clínico. Percebe-se um excesso de tempo que envolve a preparação e a execução dos procedimentos, ou melhor, de um único procedimento, fato que demanda longos períodos na postura sentada, e também determina uma maior exigência de contração isométrica da musculatura, favorecendo a compressão vascular e adoção de posturas desconfortáveis por períodos prolongados para a realização da atividade. Estes fatores quando analisados do ponto de vista fisiológico e biomecânico determinam a sobrecarga física que favorecem o surgimento dos distúrbios ocupacionais. Estas posturas de exigência do sistema musculoesquelético, decorrentes da necessidade da manutenção postural  por longos períodos, são interpretados como posturas de risco ou desfavoráveis, podendo conduzir ao desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos.

Através do Método de Repetição por Intervalo (MRI) foram analisadas as imagens dos  procedimentos clínicos de queixa,  feita na etapa sexta do trabalho, que permitiu a identificação das posturas inadequadas realizadas com maior freqüência pelos acadêmicos-profissionais. Foram nove as posturas de risco identificadas e analisadas na etapa seguinte pelo aplicativo do MRI. Para Laville 10, postura é a organização dos segmentos corporais no espaço 11. Dul & Weerdmeester 12  apresentam como exemplo de más posturas, situações onde as articulações não se encontram em posição neutra: braços erguidos, pernas levantadas ou não apoiadas, cabeça abaixada e tronco inclinado.

As posturas identificadas e posteriormente analisadas foram: flexão de coluna cervical (CC-flex.); rotação de coluna cervical (CC-rot.); flexão lateral de coluna cervical (CC-inc.); flexão de tronco (CT-flex.); rotação de tronco (CT-rot.); flexão lateral de tronco (CT-inc.); abdução do ombro acima de 45º (abd. Omb. 45º); apoio da coluna lombar (CL-apoio); apoio plantar no solo (ap. plantar).
A análise dos procedimentos clínicos de dificuldade no posicionamento e no gestual foi aplicada através do método RULA e obtiveram os seguintes resultados: Procedimento de endotontia, MS-D, 7 e MS-E, 6; restauração, MS-D, 7 e MS-E, 6, Procedimento clínico realizado na arcada superior posterior, MS-D, 7 e MS-E, 7; Procedimento clínico: exodontia  7 para MS-D e 7 para MS-E, Procedimento clínico: raspagem (periodontia) 6 ara MS-D e 7 para MS-E. Os resultados obtidos revelaram que em todos os procedimentos analisados as posturas adotadas para a sua realização são consideradas – segundo critérios do método como inaceitáveis, pois apresentaram escores finais acima de 2. Este escore corresponde a posturas de trabalho aceitáveis, desde que não sejam repetitivas por longos períodos de atividade. Os escores finais obtidos foram 6 e 7, o que segundo McAtamney & Corlett 13  , o primeiro corresponde às posturas de trabalho, onde o operador realiza movimentos repetitivos e/ou atividade muscular estática; e o segundo corresponde a posturas de trabalho que ocorrem muito próximas do fim do curso dos movimentos, onde a repetitividade e a força são necessárias.

Conclusão

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa ficou claro que há uma prevalência de DME ainda no período de formação profissional junto aos acadêmicos do Curso de Odontologia. Foi constatado que as más posturas adotadas para a realização da tarefa são mais evidentes em acadêmicos; queixas de dor e desconforto,são relatadas por mais de 80% da população pesquisada. Seja pela dificuldade específica na realização de cada procedimento, seja pela inexperiência e inabilidade manual do acadêmico-aprendiz ou ainda pela dificuldade de visualização da região de trabalho; foram identificados altos índices de dor e desconforto relacionados à postura de trabalho, em acadêmicos do Curso de Odontologia, confirmando resultados de pesquisas realizadas com profissionais quando foram encontradas com níveis de incidência de distúrbios ocupacionais  até doze vezes superiores ao verificado em outros profissionais liberais da área de saúde 14.

Outra constatação de grande importância, feita pela pesquisa, foi a identificação dos  procedimentos odontológicos (de áreas clínicas determinadas) que apresentam maior incidência de queixa e dificuldade em realização pelos acadêmicos e o estabelecimento de relação entre os sintomas referidos e a execução destes procedimentos clínicos. Os principais procedimentos identificados pelos acadêmicos como sendo de dificuldade ou desconforto durante a realização foram respectivamente: periodontia, endodontia, exodontia, dentística e procedimentos realizados na arcada posterior superior do paciente.

Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram a existência de uma pequena variação de atitude biomecânica para a realização dos procedimentos clínicos apontados como sendo os de maior dificuldade e causadores de desconforto postural . A análise destas situações de trabalho através dos métodos MRI e RULA permitiu a  quantificação da sobrecarga postural identificada. Como resultados foram gerados escores máximos, do método RULA, o que determina urgência de intervenção ergonômica em todos os procedimentos, a fim de que estas posturas de trabalho, passem a níveis pelo menos aceitáveis, segundo recomendações dos autores.

Finalizando, podemos concluir a existência de relações entre as atividades práticas de atendimento clínico, em estágio supervisionado em Odontologia e a instalação e desenvolvimento de distúrbios ocupacionais de origem musculoesquelético. Cabe a sugestão de adoção de medidas educacionias preventivas durante o período de formação acadêmica, através da disponibilização de informações sobre a influência das inadequações posturais na aquisição da habilidade profissional e os benefícios decorrentes de uma correta adequação ergonômica do posto de trabalho: otimização das condições de aprendizado e exercício profissional, e um aumento da longevidade da atuação profissional com melhoria nas condições de trabalho e da qualidade de vida do futuro profissional.

Bibliografia

1. REGIS FILHO, G. I. Lesões por esforços repetitivos em cirurgiões dentistas: aspectos epidemiológicos, biomecânicos e clínicos. Uma abordagem ergonômica. 2000.  Dissertação (mestrado em engenharia da produção), Programa de pós- graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.  
2. MATHEUS, R. A.; MONTEBELO A.; TANAKA, E. E.; BARROS, R. M. P. Avaliação do Desempenho de Acadêmicos durante  tomadas radiológicas periapicais, pela técnica bissetriz, realizadas na Faculdade de Odontologia da Universidade Norte do Paraná(UNOPAR). Revista da Faculdade de Odontologia Universidade de Passo Fundo, v.5, n.2, p.25-29, 2000.  
3. ANDRADE, M. Dores do Ofício. Revista ABO Nacional, v.8, n.1, p. 8-10, 2000.
4. NOGUEIRA, D.P. Riscos ocupacionais de dentistas e sua prevenção. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, n.41, v.11, jan./fev./mar.1983.  
5. GENOVESE, W.J.; LOPES,A . Doenças Profissionais do Cirurgião dentista. São Paulo: Pancast editorial, 1991.
6. KOSMANN, C. Dor e desconforto no trabalho do Dentista: Contribuições da Ergonomia. 2000. Dissertação (mestrado em engenharia da produção), Programa de pós- graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.
7. MENDES, R. Patologia do Trabalho. São Paulo: Atheneu, 2001.
8 COUTO, H. A. Como gerenciar a questão das LER/DORT: Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Belo Horizonte: Ergo, 1998.
9. GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: Adaptando o trabalho ao homem. 4ª edição. Porto Alegre: Bookman, 1998.
10. LAVILLE,A . Ergonomia. São Paulo: EPU,1977.
11. FAGUNDES, A. J. F. M. Descrição, Definição e Registro de Comportamento. 2ª ed. São Paulo: EDICON, 1999.
12. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Editora Edgar Blucher, 1991.
13. McATAMNEY, Lynn; CORLETT, Nigel. RULA: a survey method for the investigation of work-related upper limb disorders. Apllied Ergonomics , v.24, n.2, p.91-99, 1993.
14. FIGLIOLI M. D.; BASSO, M. D.;  HIRATA, C. R. Postura e Posições de Trabalho para operador canhoto  e auxiliar – Procedimentos periodontais básicos em manequim odontológico. Jornal Brasileiro de Clínica & Estética Odontológica, v.4, n.22, p.76-84,1996.

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.

- Publicado em 14/09/2011.


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